Imposto de renda: Trago verdades que você deveria escutar

Chegou a hora de prestar contas para a Receita Federal e entregar sua declaração anual de imposto de renda. Sei que você não gosta (eu também não), mas dá para fazer uma limonada disso tudo, uma oportunidade de olhar para as suas finanças pessoais.

Temos uma obrigação para com a Receita Federal. Ela se interessa por quase tudo da sua vida financeira. Não é para te bisbilhotar, na verdade o governo quer saber se o seu patrimônio é condizente com a sua renda. Como dinheiro não cai do céu, quem tem bens, como investimentos em geral, veículos e imóveis, precisa conseguir explicar de onde veio o dinheiro para comprá-los. Quanto você ganhou no ano precisa ser compatível com o que você acumulou de bens. Se não for, a declaração vai para a malha fina.

E eles conseguem investigar isso porque a sua declaração é como se fossem as demonstrações financeiras auditadas, que as companhias listadas na B3 publicam.

Talvez te cause surpresa saber que naqueles infindáveis campos do programa da receita, você vai preenchendo, até sem perceber, o seu balanço patrimonial, sua demonstração de resultado do exercício (DRE), demonstração do fluxo de caixa (DFC), demonstração do lucro ou prejuízo acumulado (DLPA), demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) e por aí vai. Tudo auditado pela própria Receita Federal.

Convenhamos que depois de passar horas juntando documentos, dias e dias protelando a declaração e reclamando por ter de fazê-la, mais horas e horas preenchendo ou conferindo os dados, você poderia aproveitar melhor esse trabalho ouvindo as verdades que os números contam sobre a sua vida financeira.

E que verdades são essas que o IR mostra?

As informações da declaração são muito úteis para você também. Principalmente comparando com os valores da declaração do ano anterior, você vai descobrir o que aconteceu com o seu patrimônio e por qual motivo.

Comparando os valores totais de Bens e Direitos você saberá se o seu patrimônio cresceu ou diminuiu. E depois vai buscar entender de onde veio o dinheiro ou para onde ele foi.

O patrimônio cresceu? Ótimo! De onde veio o dinheiro para isso?

Se foi por meio de empréstimos e financiamentos, esses valores que você deve vão aparecer no campo “Dívidas e Ônus Reais”. Somando o total de bens e direitos com o total de dívidas você vai conhecer o seu patrimônio líquido.

Pense se o patrimônio comprado com dívidas e financiamentos é realmente importante e se ele vai existir na sua declaração de imposto de renda em 2030. Também olhe para o custo dessa dívida e pense em alternativas para barateá-la, como a portabilidade de crédito.

Se o patrimônio cresceu sem dívidas, melhor ainda! Mesmo assim, entenda de onde veio o dinheiro. Se esse crescimento tende a se repetir nos próximos anos ou se foi por conta de uma grana extra que entrou só uma vez.

Aproveite para dar uma boa olhada nos seus bens e direitos e veja se te parecem coerentes, consistentes e diversificados.

Quanto seu carro vale em comparação com a sua casa? Faz sentido para você?

Quanto você tem em investimentos que pode resgatar em até um dia? Muito ou pouco? Em uma emergência você teria tranquilidade?

Tem aqueles investimentos importantes para colher frutos no futuro, tipo Tesouro Renda+, Tesouro IPCA+, previdência privada, renda variável como ações e FII? Ou continua protelando isso, como se o futuro ainda estivesse longe?

E se o patrimônio tiver diminuído?

Acontece com qualquer pessoa, a vida tem seus altos e baixos. A questão é analisar se isso vem se repetindo todos os anos ou se foi apenas por um problema ou situação pontual.

Se é uma tendência ano após ano na sua declaração do imposto de renda, perceba que é preciso se mexer o quanto antes. Ou então não vai sobrar muito para declarar lá em 2030.

Entenda para onde está indo o seu dinheiro e encontre formas de gastar menos. Provavelmente boa parte vai para pagar juros de dívidas e financiamentos de bens que não sejam tão necessários e úteis para você. Mude de hábitos enquanto é tempo e veja seu patrimônio crescer nas próximas declarações.

Ouça as verdades que sua declaração tem para te contar! Não deixe esses números contarem histórias somente para a Receita Federal. Aproveite a oportunidade para conhecer a repensar a sua vida financeira.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.