ETFs

Para os ETFs, liquidez e volume negociado são duas coisas diferentes


Buena Vista

Buena Vista

Gestora independente especializada em criar soluções de investimento focadas em tecnologia e inovação. Foi a primeira gestora a trazer os ETFs de Opções ao mercado brasileiro e conta com diferentes metodologias mesclando conceitos de venture capital e value investing em ativos no Brasil e Estados Unidos.


Ao investir em ETFs, muitos investidores analisam o volume negociado das cotas na bolsa como principal indicativo da liquidez do fundo. Entretanto, ao contrário de ativos com uma quantidade fixa, como ações e Fundos Imobiliários (FIIs), o volume diário negociado não é o fator mais relevante para determinar a liquidez real de um ETF. Isso ocorre porque os ETFs são Fundos Abertos, ou seja, permitem a criação e resgate de cotas de acordo com a demanda enquanto seu preço deve refletir a cesta de ativos que os compõem. De forma prática, isso é semelhante a uma loja que consegue rapidamente criar mais dos seus produtos sempre que há aumento na demanda, sem precisar depender apenas do estoque já disponível na prateleira. 

Os ETFs operam com uma estrutura diferente, contando com a presença de Formadores de Mercado (Market Makers) e Participantes Autorizados (APs) que podem criar ou resgatar cotas diretamente junto ao emissor do ETF. Os ETFs da Buena Vista, por exemplo, contam com o Banco UBS e o BTG Pactual como Formadores, que atuam frequentemente na criação e resgate de cotas, além de garantir que as ofertas de compra e venda das cotas no mercado secundário (bolsa) estejam com preços alinhados ao valor patrimonial justo (NAV) dos ativos que compõem o fundo. 

Esse mecanismo especial significa que, mesmo que o volume negociado visível aos investidores seja baixo, a liquidez efetiva dos ETFs é garantida pelos APs e pelos formadores de mercado. Sempre que existe demanda adicional por cotas, novos lotes podem ser criados, entregando os ativos subjacentes correspondentes ao fundo. Da mesma forma, cotas podem ser resgatadas se houver excesso de oferta, evitando distorções significativas entre o preço de mercado e o NAV. 

O preço exibido na tela do Home Broker, conhecido como “preço de tela”, pode divergir temporariamente do NAV, que é o valor justo das cotas calculado pelos preços reais dos ativos subjacentes. Entretanto, quando ocorre uma divergência relevante, os formadores e APs atuam rapidamente para ajustar a diferença. Se o preço de tela estiver abaixo do NAV, eles compram cotas e vendem ativos subjacentes simultaneamente; se estiver acima, realizam a operação inversa. Esse processo beneficia diretamente o investidor comum, garantindo que ele compre ou venda as cotas pelo preço justo e evitando que pague valores distorcidos pela cota do ETF. 

ETFs que acompanham índices amplamente negociados, como o Ibovespa ou o S&P 500, têm ativos subjacentes extremamente líquidos. Nestes casos, independentemente do volume negociado diariamente, a liquidez real é sempre garantida. Por outro lado, ETFs que acompanham mercados mais específicos, como small caps ou setores muito particulares, podem apresentar uma liquidez estrutural menor. Isso ocorre porque os ativos subjacentes podem ser menos negociados, tornando mais complexa e custosa a criação e resgate de cotas. 

Essa capacidade de ajustar a oferta das cotas conforme a demanda é uma grande vantagem dos ETFs em relação às ações e FIIs, que possuem um número fixo de unidades em circulação. Um exemplo claro é a ação de empresas com menor capitalização, que frequentemente sofre dificuldades de liquidez devido ao seu baixo volume de negociação diária. Para esses ativos de oferta fixa, uma baixa negociação diária representa, de fato, dificuldades reais para entrar ou sair rapidamente das posições. 

Portanto, ao investir em ETFs, é fundamental compreender como funciona o mecanismo de criação e resgate e o papel essencial dos Participantes Autorizados e Formadores de Mercado. Dessa forma, é possível avaliar a liquidez real do fundo muito além do volume negociado diariamente na bolsa. 

*Por Renato Nobile 

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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