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3 sinais de que você precisa revisar seus investimentos (antes que seja tarde)


Carol Stange, colunista Bora Investir. Fonte: Arquivo pessoal.

Carol Stange

Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.


“Carol, preciso te contar uma coisa constrangedora.”

Foi assim que um cliente me procurou na semana passada. Empresário bem-sucedido, carteira de R$ 2 milhões, investindo há mais de cinco anos. O constrangimento? Descobriu que estava “deixando na mesa” R$ 15 mil por mês em oportunidade perdida.

Como? Simples: nunca havia revisado sua estratégia.

Montou a carteira em 2019, quando as prioridades eram outras, o cenário era outro, a vida era outra. Cinco anos depois, continuava com a mesma alocação de quando era solteiro e morava com os pais.

Agora, casado, com filho pequeno e planos de expandir o negócio, aquela carteira fazia tanto sentido quanto usar roupa de criança.

O mito da carteira “monte e esqueça”

Existe uma crença perigosa no mundo dos investimentos: que uma vez montada, a carteira deve ser deixada quieta para “fazer seu trabalho”.

Mentira.

Sua vida muda. O mercado muda. Suas necessidades mudam. Quem não acompanha essas mudanças fica para trás – literalmente. Depois de mais de 15 anos orientando investidores, posso garantir: as carteiras que mais rendem não são as que nunca são tocadas. São as que são inteligentemente ajustadas.

Quando sua carteira pede socorro

– Primeiro sinal: Você não consegue dormir tranquilo

Sabe aquela sensação de que algo não está certo? Que você deveria estar ganhando mais, ou correndo menos risco, ou tendo mais liquidez?

Confie nessa intuição.

Recentemente, uma cliente me disse: “Carol, acordo de madrugada pensando se deveria ter vendido aquelas ações.” Era o subconsciente dela gritando que a carteira estava desalinhada com seu perfil de risco atual.

Três meses depois de rebalancearmos, ela voltou a dormir bem. E a carteira voltou a render de acordo com suas expectativas.

– Segundo sinal: Você evita olhar os extratos

Quando foi a última vez que você abriu o app do banco ou da corretora sem sentir um frio na barriga? Se a resposta for “não lembro”, temos um problema.

Investimento não deveria ser fonte de ansiedade constante. Se você está evitando acompanhar seus números, é porque algo precisa ser ajustado.

– Terceiro sinal: Seus amigos estão ganhando mais que você

Cuidado com comparações rasas, mas preste atenção em padrões.

Se todo mundo do seu círculo está comemorando ganhos enquanto você patina, pode ser hora de investigar. Talvez sua estratégia esteja conservadora demais para o momento. Ou arriscada demais para seu perfil.

A revisão que vale milhões

Voltando ao meu cliente constrangido: em duas sessões de planejamento, identificamos que ele estava com 80% da carteira em renda fixa quando poderia estar diversificado. Não era preguiça ou falta de conhecimento. Era simplesmente falta de revisão.

Rebalanceamos gradualmente. Seis meses depois, a diferença de rentabilidade já havia compensado anos de oportunidade perdida.

O roteiro da revisão inteligente

Comece pelo básico: suas prioridades mudaram?

Faça uma lista honesta:

– Quais eram seus objetivos quando montou a carteira?

– Quais são hoje?

– O que mudou na sua vida pessoal e profissional?

Depois, olhe os números frios:

– Qual foi sua rentabilidade real nos últimos 12 meses?

– Está satisfeito com esse resultado?

– Consegue explicar por que cada investimento está ali?

Por fim, projete o futuro:

– Onde você quer estar daqui a 2 anos?

– E daqui a 5?

– Sua carteira atual te levará lá?

A verdade sobre o momento certo

Não existe momento perfeito para revisar investimentos. Existe o momento necessário. E se você está lendo este texto, provavelmente é porque chegou o seu.

Meio do ano é uma época natural de balanço. Você já tem seis meses de dados para analisar e ainda tem seis meses pela frente para ajustar. Não espere dezembro. Não espere janeiro. Não espere a próxima crise ou a próxima oportunidade. Sua carteira é um reflexo da sua vida. Se sua vida mudou, sua carteira também precisa mudar.

O constrangimento do meu cliente durou uma conversa. Os ganhos que ele teve depois duraram para sempre.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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