Organizar as contas

Nudismo financeiro: desvendando suas finanças sem medo


Carol Stange, colunista Bora Investir. Fonte: Arquivo pessoal.

Carol Stange

Educadora e planejadora financeira, especialista e analista em investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.


Imagine que, de uma hora para outra, você precisasse expor cada detalhe da sua vida financeira para o mundo. Como se fosse um “desfile” de nudismo financeiro. Assustador, não? Mas é exatamente esse medo de se expor que muitas pessoas enfrentam quando falamos sobre dinheiro.

A verdade é que vivemos em uma sociedade onde falar sobre finanças ainda é um tabu. Gastamos anos escondendo nossos erros, acumulando boletos debaixo do tapete e fingindo que está tudo bem. No entanto, assim como no nudismo real, o primeiro passo para a liberdade é deixar de lado o constrangimento e aceitar quem você é – com suas dívidas, hábitos de consumo e investimentos mal planejados.

A vergonha de olhar para o próprio bolso

Muitas vezes, sentimos vergonha de olhar para nossas próprias finanças. É como se estivéssemos evitando um espelho que só reflete a verdade. Lembro de um cliente que atendi certa vez, que tinha medo de abrir o aplicativo do banco porque não queria encarar seus gastos. Essa é uma realidade comum. Mas, nesse exercício de “nudismo financeiro”, o primeiro passo é a honestidade. Como anda o seu orçamento? Você tem noção real dos seus gastos, ou só dá aquela espiada rápida na fatura do cartão de crédito?

Expor-se financeiramente não é sobre mostrar ao mundo o que você tem (ou deixa de ter), mas sim sobre abrir seus olhos para a realidade. O nudismo financeiro começa dentro de você. É preciso coragem para ser sincero consigo mesmo e aceitar que erros acontecem – e, o mais importante, que sempre há tempo para corrigir o rumo.

Despir-se para construir uma nova realidade

Esse processo de “tirar a roupa” das suas finanças é, na verdade, o início de uma jornada de autoconhecimento. Quando você começa a analisar onde gasta, quais são suas prioridades e como se relaciona com o dinheiro, percebe que a mudança não vem de fórmulas mágicas. Ela vem de ajustes diários e do entendimento de que seus hábitos financeiros falam muito sobre quem você é.

Minha experiência de vida me permite afirmar: por trás de cada decisão financeira, existe uma história, uma motivação. Já vi muitos casos de pessoas que acreditavam que o problema estava no ganho insuficiente, quando na verdade, bastavam pequenas mudanças no comportamento financeiro para mudar tudo.

O conceito de nudismo financeiro é libertador porque nos permite reconstruir nossa relação com o dinheiro de uma forma transparente e saudável. É sobre parar de se esconder e começar a agir de forma consciente, criando um planejamento que reflita seus valores e objetivos.

O poder de ser vulnerável

Abrir-se financeiramente pode parecer uma fraqueza, mas é justamente o contrário. Quando você assume seus erros, enfrenta suas dívidas e entende seus hábitos de consumo, você se fortalece. Vulnerabilidade, nesse caso, é sinônimo de coragem e determinação para melhorar.

Seja você alguém que está começando a investir, empreender ou apenas tentando colocar as contas em dia, o primeiro passo é se despir da vergonha e do medo. Assim como o nudismo, a transparência financeira é uma escolha pessoal, mas que traz liberdade. Ao se livrar das máscaras e dos segredos, você pode finalmente enxergar o que precisa ser ajustado – e construir uma vida financeira mais sólida e consciente.

E, se em algum momento desse processo de “nudismo financeiro” você sentir que precisa de ajuda, lembre-se: contar com a orientação de um consultor e planejador financeiro independente é a melhor opção para organizar sua vida financeira e alcançar seus objetivos com mais segurança. Afinal, às vezes, o que precisamos é de alguém com experiência para guiar nossos primeiros passos rumo a uma nova relação com o dinheiro.