Investir melhor
O investimento que faz você desistir: por que nem sempre o melhor retorno é o melhor caminho

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Se eu te mostrasse dois investimentos e dissesse que um rendeu o dobro do outro nos últimos 10 anos, qual você escolheria?
A maioria das pessoas diria: “o que rendeu mais, é claro”. Mas poucos param para pensar por que ele rendeu mais.
Na maioria das vezes, retornos maiores estão diretamente ligados a ativos que apresentam maior volatilidade – ou seja, que sobem e descem com mais intensidade ao longo do tempo.
Esse sobe-e-desce não é exatamente o risco de perder tudo, mas sim o teste emocional que mais faz investidores desistirem no meio do caminho. Mais volatilidade significa mais momentos de queda, e é justamente aí que muitos acabam vendendo, por medo, antes de colher os frutos.
Ou seja: o que foi um “ótimo investimento” no final do período, pode ter sido um pesadelo para quem estava olhando o gráfico durante o caminho até lá.
O maior risco não é o ativo. É você com medo dele
Um dos erros mais comuns entre investidores – inclusive experientes – é olhar só para a rentabilidade passada sem considerar a volatilidade, o tempo necessário para colher os resultados e, principalmente, o quanto você suporta emocionalmente de oscilação.
Um fundo de ações, por exemplo, pode render mais que o Tesouro Selic em 15 anos. Mas nesse período, o fundo vai cair 30%, subir 40%, cair de novo, e talvez passar 2 ou 3 anos no vermelho. Não tem certo ou errado aqui. A questão é: você aguenta?
Se o medo te faz vender na hora errada, aquele investimento “matematicamente superior” vira armadilha. E a culpa não é da bolsa, é da estratégia errada para o seu perfil.
Rentabilidade é o que você vê. Manutenção é o que constrói
É fácil se encantar por gráficos de rentabilidade acumulada, vídeos com resultados extraordinários ou rankings de fundos “campeões”.
Mas poucos mostram quantos desistiram no meio, quantos resgataram no fundo do poço, ou quantos ignoraram o que realmente importava: consistência e alinhamento com o seu objetivo.
Na prática, o melhor investimento é aquele que você consegue manter com disciplina, sem ter que revisar tudo a cada manchete de jornal ou queda pontual do mercado.
A pergunta certa não é “qual investimento rende mais?”, mas sim:
- Qual investimento você vai conseguir manter sem entrar em pânico?
- Qual estratégia conversa com seus objetivos, seu prazo e sua tolerância ao risco?
É isso que separa quem acumula patrimônio de quem vive pulando de galho em galho, sempre atrás do “melhor investimento da vez”.
Planejamento e clareza sempre vencem a corrida da rentabilidade
Se tem uma coisa que aprendi nesses mais de 15 anos ajudando investidores a organizarem suas carteiras é que o sucesso está muito mais na constância do que na genialidade. E que ninguém constrói liberdade financeira pulando de emoção em emoção.
Eu sei que isso pode soar pouco interessante, mas no final das contas, investir bem não é sobre encontrar o ativo perfeito – é sobre encontrar uma estratégia que você consiga sustentar até o fim. E isso, sim, faz toda a diferença.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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