Pagamos impostos até 29 de maio. Como reduzir (legalmente) a mordida do Leão?

Você já ouviu falar sobre o “Dia Livre de Impostos”? Muita gente pensa que é apenas uma data simbólica criada para refletir sobre o peso dos tributos. Mas na verdade, ele é o dia do ano em que diversas lojas e serviços oferecem produtos sem cobrar impostos, justamente para chamar nossa atenção sobre o quanto pagamos a mais por causa deles. Coitado do empreendedor, que precisa arcar com os custos dos impostos por conta própria, já que o governo não deixa de cobrá-los. Ou seja, é um dia importante para conscientizar, mas pesado para quem empreende.

Agora, existe outro conceito ainda mais impressionante: o dia da “Liberdade de Impostos”. Calculado todos os anos por instituições financeiras e associações comerciais, esse dia marca o momento exato do ano em que nós, brasileiros, finalmente terminamos de trabalhar exclusivamente para pagar os tributos ao governo. Em 2025, esse dia caiu em 29 de maio.

Pare para pensar: até esse dia, todos os nossos esforços, salários e tempo estiveram comprometidos com tributos. Só depois disso, finalmente, começamos a trabalhar para nós mesmos, nossa família e nossos objetivos pessoais. É praticamente metade do ano dedicado apenas à carga tributária. Não é assustador pensar nisso?

Vamos deixar claro: impostos são essenciais para manter nossa sociedade funcionando. O problema no Brasil é a forma como eles são aplicados e, principalmente, como nós muitas vezes pagamos mais do que deveríamos, simplesmente por desconhecer estratégias legais e inteligentes para aliviar essa conta.

Então, será possível diminuir o tamanho da mordida do leão? Sim, e é sobre como fazer isso de forma inteligente e estratégica que nós vamos falar agora.

1. Investir com inteligência tributária

Uma das maneiras mais simples e eficazes de reduzirmos nossa carga tributária pessoal é escolhendo investimentos que têm impostos menores ou benefícios fiscais embutidos. Produtos como LCIs, LCAs, debêntures incentivadas e alguns fundos imobiliários são exemplos clássicos, pois são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.

Vale também considerar os planos de previdência privada, especialmente o PGBL. Se o contribuinte fizer a declaração completa, pode deduzir até 12% da sua renda tributável anual, reduzindo consideravelmente o imposto devido.

2. Deduzir conscientemente no Imposto de Renda

Falando nisso, você já deve ter percebido que o Imposto de Renda é uma das maiores oportunidades que nós temos para reduzir impostos legalmente. Saúde, educação, pensão alimentícia e dependentes: tudo isso gera deduções.

Mas atenção! Deduzir não significa inventar despesas, mas sim planejá-las. Que tal antecipar aquele tratamento dentário ou aquele curso profissionalizante que você já vinha pensando em fazer? Essas decisões podem reduzir significativamente a mordida do Leão no seu bolso.

3. Formalizar para economizar

Se somos empreendedores ou temos uma renda extra significativa, formalizar nosso negócio pode parecer um custo inicial, mas, na verdade, é uma grande estratégia para reduzir impostos no longo prazo.

Quando optamos pelo MEI ou pelo Simples Nacional, por exemplo, pagamos uma alíquota reduzida e fixa, ao invés de cair nas tabelas mais pesadas de tributação de pessoa física. Formalização inteligente gera menos impostos e mais oportunidades.

4. Evitar pagar tributos em excesso

Muitos brasileiros pagam mais impostos do que deveriam simplesmente por não entenderem bem as regras. Já vi inúmeros casos em que nós deixamos de compensar prejuízos na bolsa, por exemplo, ou declaramos errado os rendimentos e acabamos pagando o dobro do necessário.

Aqui entra o valor de um bom contador ou planejador tributário. Pode parecer um custo a mais, mas acredite: geralmente, ele se paga rapidamente, impedindo que paguemos impostos além do necessário.

5. Cobrar retorno de quem realmente nos deve

Por último, mas talvez mais importante: precisamos lembrar que impostos não são exatamente o problema. O problema real é que, muitas vezes, não vemos o retorno justo do que pagamos.

Nós, brasileiros, temos uma tendência cultural de resignação diante dessa situação. Mas cobrar transparência, exigir melhorias nos serviços públicos e votar conscientemente é uma das formas mais eficientes de tornar mais leve a carga tributária — pelo menos na sensação de valor recebido.

Conclusão: não podemos fugir dos impostos, mas podemos administrá-los melhor

Como educadora financeira e consultora independente há mais de 15 anos, sei bem o impacto que uma carga tributária alta tem sobre nossos sonhos e projetos. Mas, acima de tudo, acredito que é possível tomar decisões inteligentes que reduzam essa carga, aumentando nossa qualidade de vida.

Se nós fizermos as escolhas certas agora, não apenas teremos mais dinheiro sobrando, mas mais tempo para realmente trabalhar para nós mesmos, em vez de apenas sustentar o Estado. Imposto é inevitável. Pagar mais do que deveria não é.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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