Organizar as contas

Planos financeiros não valem nada. E é por isso que você deveria fazer um

Você não precisa de um plano perfeito. Precisa de um processo que funcione mesmo quando a vida sair do roteiro


Carol Stange, colunista Bora Investir. Fonte: Arquivo pessoal.

Carol Stange

Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.


Nenhum plano sobrevive intacto à vida real. E tudo bem. Dizer que “planos financeiros não valem nada” pode soar quase como heresia vindo de alguém que vive de planejamento. Mas eu repito: os planos, isoladamente, não valem nada.

E é exatamente por isso que o processo de planejar é tão essencial.

Não planeje o dinheiro. Planeje a vida – e depois alinhe o dinheiro a ela

O erro não está no plano. Está em tratar o plano como garantia

Toda vez que alguém senta comigo e me pede “um plano seguro”, eu entendo o que está por trás: a busca por previsibilidade. Por controle. Por paz.

Mas a verdade desconfortável é que nenhum plano sobrevive intacto à vida real.
Porque a vida, diferente do Excel, muda. O mercado muda. As prioridades mudam. Você muda.

E isso não é sinal de fracasso. É sinal de que você está vivendo. Nada mais verdadeiro do que afirmar que a vida… é viva.

O verdadeiro valor está no processo — e não no resultado previsível

Planejar não é prever o futuro. É construir musculatura emocional e racional para lidar com ele, inclusive quando ele não sai como o esperado.

O plano pode falhar. Mas quem passou pelo processo tem repertório, clareza e estrutura para recalcular — sem entrar em pânico ou jogar tudo pro alto.

O que você precisa não é de certeza. É de consciência

A maior armadilha do planejamento financeiro tradicional é assumir um monte de suposições como verdades:
• Quanto você vai ganhar nos próximos anos
• Quanto vai render sua carteira
• Quando você vai se aposentar
• Quanto vai gastar
• Quando vai morrer (!)

Mas nenhum desses dados é fixo. E ainda assim, você precisa decidir.

É aí que entra o verdadeiro poder do processo de planejamento: ele te obriga a pensar sobre o que realmente importa. Sobre escolhas, prioridades, margens de erro, flexibilidade e propósito.

Um bom plano é aquele que aceita ser refeito

O melhor planejamento é o que não se apega a uma única rota. É aquele que se adapta, sem perder o norte. Que considera que você pode querer mudar de ideia — e ainda assim continua viável. Planejar é decidir agora o que fazer quando (não se) souber o que fazer.

E isso exige muito mais maturidade do que seguir um roteiro fixo.

O seu plano VAI mudar

Mas se o processo for bom, você não vai se perder.

Esse é o meu trabalho como planejadora financeira independente há mais de 15 anos: ajudar pessoas a criarem estratégias flexíveis, conscientes e alinhadas à vida que querem construir.

Porque o plano pode falhar. Mas você não precisa falhar com ele.

Planos financeiros não valem nada. O processo de planejar é que vale tudo.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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