Investir melhor
Quando o lucro engana: decisões e consequências no mundo financeiro
Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Imagine um homem que decidiu vender o carro para comprar Bitcoin no início de 2017. Com o valor da venda, ele adquiriu algumas unidades da criptomoeda. Poucos meses depois, o preço disparou, e ele mais do que triplicou o dinheiro investido. Uma vitória impressionante, certo? Mas aqui vai a pergunta: essa foi uma boa decisão? Por mais surpreendente que pareça, a resposta ainda é não.
Por quê? Porque o resultado não apaga o fato de que ele colocou todo o seu dinheiro em um ativo extremamente volátil, sem um plano e sem considerar os riscos.
No mundo dos investimentos, sorte não é sinônimo de estratégia — e é isso que separa escolhas conscientes de apostas arriscadas.
O problema de celebrar o resultado e ignorar o processo
É fácil confundir um resultado positivo com uma decisão bem pensada. Afinal, quando o saldo final é positivo, tendemos a acreditar que fizemos tudo certo. Mas decisões financeiras devem ser avaliadas pelo processo que as fundamenta, não apenas pelos números no final.
No caso do homem que vendeu o carro, o fato de ele ter triplicado seu dinheiro não elimina os riscos que ele correu ao colocar todo o capital em um único ativo, especialmente algo tão imprevisível quanto o Bitcoin. Se o mercado tivesse seguido outro rumo — o que aconteceu com muitos outros investidores em momentos subsequentes —, o prejuízo teria sido imenso.
Decisões financeiras não são sobre apostas
Durante minha carreira, vi muitos investidores cometerem erros semelhantes, convencidos de que estavam fazendo “o certo” apenas porque os resultados foram favoráveis. Um cliente, por exemplo, apostou grande em ações de uma única empresa durante uma fase de alta. Ele ganhou muito no curto prazo, mas não tinha um plano para lidar com uma queda. Quando ela veio, o resultado foi uma perda dolorosa.
Esses exemplos mostram um padrão: boas decisões financeiras são aquelas que resistem ao tempo e às intempéries do mercado, não as que dependem de um único momento de sorte.
Como avaliar se suas decisões são sólidas?
Se você já celebrou um resultado sem refletir sobre o processo, saiba que não está sozinho. Mas aqui estão algumas perguntas que ajudam a trazer mais clareza para suas escolhas:
- Por que você tomou essa decisão? Foi baseada em um plano, dados e análise, ou foi motivada por emoção ou uma dica?
- Você considerou os riscos? Não olhar para o lado negativo pode criar uma falsa sensação de segurança.
- Essa decisão se conecta aos seus objetivos? Investimentos consistentes têm como base o alinhamento com metas claras, e não modismos ou impulsos.
O segredo está na estratégia, não na emoção
Se investir fosse apenas sobre acertar apostas, bastaria uma moeda para decidir. Mas o mercado financeiro é um jogo de longo prazo, que exige planejamento, diversificação e disciplina. Boas decisões não são feitas no calor do momento — são construídas com paciência.
Conclusão: celebrar o processo, não apenas o resultado
No fim das contas, o homem que vendeu o carro teve sorte, mas a decisão não foi boa. O verdadeiro sucesso financeiro não está em acertar uma jogada; está em construir uma estratégia que funcione em qualquer cenário.
Se você quer tomar decisões conscientes e transformar o acaso em consistência, eu estou aqui para ajudar. Porque no mundo dos investimentos, ganhar é bom, mas ganhar com estratégia é ainda melhor.
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