Investir melhor
Teste do dia seguinte: e se alguém zerasse sua carteira enquanto você dorme?
Um exercício mental simples — e brutalmente honesto — capaz de revelar se suas decisões financeiras são racionais ou apenas baseadas em apego

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
E se, ao acordar amanhã, você descobrisse que todos os seus investimentos foram vendidos enquanto dormia — sem perda, sem imposto, sem custo? O dinheiro está 100% disponível na sua conta, livre para ser reinvestido como quiser.
Você montaria a mesma carteira de novo?
Essa é a premissa do Teste do Dia Seguinte — um exercício mental simples, mas incrivelmente eficaz para revelar o que você realmente manteria se pudesse escolher hoje, com a mente limpa e sem a bagagem emocional do passado.
A inércia também é uma escolha — e pode custar caro
Com mais frequência do que gostaríamos de admitir, mantemos ativos em carteira apenas porque… eles já estão lá.
Ações que compramos há anos. Fundos que já não entregam o que deveriam. Alocações que um dia fizeram sentido, mas que hoje sequer conversam com nossos objetivos.
E seguimos assim, no modo automático, porque o familiar é confortável — e, principalmente, porque desfazer parece implicar que erramos.
O apego ao que foi pode te afastar do que ainda pode ser
Existe um motivo psicológico por trás desse comportamento: o chamado viés da ancoragem.
Trata-se da tendência de fixar nossas decisões em um ponto de referência emocionalmente relevante — normalmente, o preço de compra.
“Vou esperar voltar ao que eu paguei para vender.”
Como se o mercado devesse validar nossas escolhas passadas antes que possamos seguir em frente. Mas o preço que você pagou não diz nada sobre o que aquele ativo vale hoje, ou o que ele representa no seu portfólio atual.
Esse tipo de apego pode te manter preso a decisões antigas, que já não refletem quem você é, o que você busca — e nem para onde seu dinheiro deveria estar indo.
O desconforto de repensar pode ser mais saudável do que o conforto de não mudar
Vender um investimento não é um fracasso. É uma decisão.
Assim como manter um investimento que você não recompraria hoje, só porque ele já está ali, é uma não-decisão — com consequências.
O problema é que a inércia dá menos trabalho no curto prazo. Mas, ao longo do tempo, ela corrói resultados, distorce estratégias e alimenta arrependimentos silenciosos.
O teste é simples. As respostas, nem sempre.
Pergunte a si mesmo:
Se você pudesse começar do zero agora — compraria os mesmos ativos?
Se a resposta for “não”, por que continua com eles?
E o mais importante: o que está te impedindo de mudar hoje?
Revisar a carteira de tempos em tempos não é apenas uma boa prática técnica — é uma forma de garantir que seus investimentos ainda representam suas convicções, sua realidade e seus objetivos de vida.
A vida muda. Seus investimentos também deveriam
Talvez você já tenha evoluído, amadurecido, mudado de fase.
Mas sua carteira ainda reflete a versão antiga de quem você foi.
Meu trabalho como consultora e planejadora financeira independente, há mais de 15 anos, é justamente esse: Ajudar você a construir um portfólio que acompanhe sua trajetória — e que continue fazendo sentido mesmo quando seus planos mudam.
Porque pior do que tomar decisões ruins é ficar preso a elas só para não admitir que elas ficaram para trás. Se você não montaria sua carteira de novo hoje, talvez já esteja na hora de desmontá-la.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.