Organizar as contas
Você está rico ou só parece rico? A diferença que o mercado nunca mostra
Riqueza de verdade não é medida pelo que você mostra, mas pelo que você sustenta ao longo do tempo

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Na rua em que cresci, dois vizinhos representavam, sem saber, dois caminhos opostos sobre dinheiro. Um deles aparecia sempre com carro novo na garagem, reformava a casa com frequência e falava alto sobre viagens e conquistas. O outro, mais discreto, tinha o mesmo carro “desde sempre”, não fazia questão de mostrar nada e seguia a vida sem alarde.
Aos olhos de quem passava (e aos meus olhos infantis), era fácil concluir: “o primeiro é rico, o segundo está sempre economizando”. Mas os anos foram reveladores. O vizinho ostentação tinha dívidas até o pescoço – financiamentos longos, cartões estourados e uma vida sustentada por crédito. Já o vizinho discreto, com seus hábitos mais simples, acumulava investimentos consistentes e construía um patrimônio sólido.
A diferença entre parecer e ser
Essa cena, que muitos já testemunharam de perto, escancara um ponto importante: riqueza de verdade não é medida pelo que você mostra, mas pelo que você sustenta ao longo do tempo.
Carros novos, roupas de marca e viagens podem dar a impressão de prosperidade. Mas se, por trás disso, existe endividamento e falta de reservas, trata-se apenas de uma ilusão cara. O mercado financeiro não mede status — ele mede constância, estratégia e capacidade de manter escolhas coerentes com seus objetivos.
O silêncio do patrimônio real
Ao longo de mais de 15 anos atendendo investidores, percebi um padrão: os clientes que realmente acumulam patrimônio são, muitas vezes, os menos barulhentos sobre dinheiro. Não precisam provar nada para o vizinho, porque entendem que a verdadeira liberdade financeira não está em exibir, mas em ter opções.
- Opção de parar de trabalhar quando quiser.
- Opção de dizer não para um emprego ou negócio que não faz sentido.
- Opção de viver com tranquilidade, sem medo de boletos no fim do mês.
Essa discrição pode até passar despercebida, mas é ela que constrói segurança de verdade.
O que o mercado nunca mostra sobre riqueza
Quando você abre um aplicativo de investimentos, lá está o saldo: números frios, gráficos de evolução. Mas o que o mercado não mostra é se você está fazendo escolhas para sustentar a longo prazo ou apenas tentando manter as aparências no presente.
O carro do vizinho pode brilhar mais que o seu. Mas, daqui a 10 anos, quem terá liberdade para escolher como viver?
Como transformar aparência em consistência
Se a ideia é trocar “parecer” por ser de fato, aqui vão três pontos que sempre funcionam como norte:
- Construa reserva antes de ostentar: segurança vem antes da vitrine.
- Troque dívidas por ativos: todo real gasto em juros é um real a menos construindo patrimônio.
- Defina objetivos de longo prazo: quem sabe onde quer chegar não precisa provar nada no curto prazo.
A lição final
Riqueza não é sobre ostentar, é sobre consistência. Não é sobre quantos bens você exibe, mas sobre quantos sonhos você pode bancar sem precisar de crédito.
No fim das contas, esse foi um dos meus primeiros aprendizados financeiros ao observar aqueles dois vizinhos tão diferentes: parecer rico pode enganar no curto prazo, mas ser rico de verdade é algo que o tempo sempre revela.
*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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