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Einar Rivero: ETFs alcançam 1,2 milhão de investidores no Brasil e ampliam participação na B3


Einar Rivero. Foto: Divulgação

Einar Rivero

Einar Rivero é engenheiro e especialista em dados financeiros, com carreira dedicada à análise de informações econômicas e à geração de insights estratégicos para o mercado. Ao longo de mais de duas décadas, atuou em posições de liderança em grandes plataformas de dados, consolidando-se como referência em estudos e levantamentos sobre o mercado financeiro brasileiro, América Latina e EUA.


O mercado de Exchange Traded Funds (ETFs) segue em expansão no Brasil. De acordo com dados da Anbima e levantamento da Elos Ayta, o número de investidores nesses fundos negociados em bolsa ultrapassou 1,2 milhão em setembro de 2025. Isso representa um crescimento de 24,2% no acumulado do ano, saindo de 993 mil em janeiro para 1,23 milhão no fim do terceiro trimestre. Ao superar 1 milhão de CPFs, os Exchange Traded Funds se consolidam como um investimento maduro. É possível compará-los com ativos já estabelecidos entre as alternativas estratégicas à disposição do investidor, como os Fundos de Investimento Imobiliário (FII).

Desde janeiro de 2019, o salto é ainda mais expressivo: o total de cotistas passou de 67 mil para mais de 1,2 milhão, o que representa uma alta de 1.741% no período. Embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado após a forte expansão registrada entre os anos de 2019 e de 2021, o movimento recente demonstra amadurecimento da base de investidores e a consolidação dos ETFs como uma alternativa de investimento.

Essa desaceleração na chegada de novos investidores pode ser atribuída à continuidade da política monetária apertada praticada pelo Banco Central (BC). Com a Selic em 15% ao ano, e provavelmente devendo permanecer nesse patamar pelo menos até o início de 2026, há poucos incentivos para a diversificação dos investimentos para além da renda fixa soberana, em que o investidor pode comprar títulos públicos que oferecem uma boa rentabilidade, são líquidos e isentos de risco de crédito. Nesse cenário, há menos incentivos para, por exemplo, aplicar na renda fixa privada, com papéis de bancos e títulos emitidos por empresas.

É preciso lembrar que juros nesse patamar são uma distorção, e quando as taxas retornarem a um patamar menos austero, o crescimento do volume dos ETFs deverá retomar tração. O acesso a esses produtos faz parte de um movimento estrutural de diversificação. O avanço dos ETFs brasileiros é fruto de um processo de democratização do acesso à Bolsa. Cada vez mais investidores, inclusive os iniciantes, reconhecem os ETF como porta de entrada eficiente e de baixo custo para diversificar suas carteiras.

Patrimônio em alta e expansão de produtos

O patrimônio dos ETFs brasileiros também atingiu o maior valor da série histórica. Em setembro de 2025, o total de ativos sob gestão (Assets Under Management, AUM) chegou a R$ 68,7 bilhões, alta de 32,27% em relação a dezembro de 2024. O volume mais do que dobrou em relação ao observado no início de 2021, quando o patrimônio total era de cerca de R$ 30 bilhões.

O crescimento foi consistente nos últimos dois anos. Em 2023 e em 2024, o AUM dos ETFs avançou mais de 10% ao ano, refletindo tanto a valorização dos ativos de base quanto o aumento no número de produtos disponíveis.

O levantamento mostra que o número de ETFs listados na B3 passou de 105 no fim de 2024 para 140 em setembro de 2025, um acréscimo de 35 novos fundos no ano, expansão semelhante apenas à registrada em 2021, quando o mercado ganhou 36 novos ETFs.

Essa evolução reforça a capacidade do mercado brasileiro de atender a demandas diversificadas. Há ETFs de renda variável, de renda fixa, dedicados a índices de dividendos, a estratégias ESG, ao agronegócio, às small caps, a estratégias defensivas de inflação e de commodities, entre outros temas.

Outra vantagem dos ETFs é permitir que o investidor pessoa física diversifique suas estratégias a baixo custo. Sem esse instrumento, seria necessário ter muito capital disponível para, por exemplo, montar uma carteira com as ações das principais empresas de tecnologia e Inteligência Artificial (IA). Por meio de um ETF é possível ter acesso a esse segmento do mercado com poucos reais.

Por que os ETFs importam para o investidor

Os ETFs vêm ganhando espaço por oferecerem simplicidade, transparência e eficiência, características que atendem tanto o investidor iniciante quanto o profissional.

Diversificação simplificada – Com uma única cota é possível investir em dezenas ou até centenas de empresas, reduzindo o risco específico de cada ativo.

Baixo custo – As taxas de administração em geral são menores do que as de fundos tradicionais, e há vantagens tributárias, como isenção de come-cotas em ETFs de renda fixa.

Liquidez e transparência – Por serem negociados em bolsa, os ETFs têm liquidez diária e composição pública, permitindo acompanhamento em tempo real.

Acesso a temáticas variadas – A oferta crescente de ETFs temáticos amplia o alcance a diferentes estratégias, sem exigir conta no exterior ou conhecimento técnico avançado.

Desafios e próximos passos

Apesar do avanço, o mercado de ETFs ainda enfrenta desafios. A educação financeira é um dos principais entraves: muitos investidores ainda desconhecem como funcionam esses fundos e como utilizá-los em uma carteira equilibrada.

Outro ponto é a concentração de liquidez, já que poucos ETFs respondem pela maior parte do volume negociado. Além disso, plataformas pouco intuitivas e a forte presença de produtos bancários tradicionais, como CDBs e fundos de renda fixa, ainda competem diretamente pela atenção do investidor de varejo.

Para ampliar o alcance dos ETFs, o setor pode se beneficiar de campanhas educativas, melhor integração nas plataformas digitais, e incentivos regulatórios que promovam o uso desses produtos em previdência privada e fundos de longo prazo.

Um mercado em consolidação

O crescimento do mercado de ETFs na B3 representa mais do que uma tendência quantitativa: trata-se de uma mudança estrutural no comportamento do investidor brasileiro. A combinação de acesso facilitado, custos reduzidos e diversidade de produtos está transformando os ETFs em um instrumento essencial para quem busca participar do mercado de capitais com segurança e eficiência.

Para o investidor pessoa física, os ETFs oferecem diversificação e simplicidade. Para o investidor institucional, representam uma ferramenta estratégica de alocação e gestão passiva. E para o mercado como um todo, simbolizam o avanço em direção a um ecossistema financeiro mais moderno, acessível e transparente.

*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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