Renda variável

Ibovespa em sucessivos recordes: como disciplina e fundamentos garantem ganhos na bolsa

Para investir na bolsa, é preciso aceitar a imprevisibilidade de curto prazo, focar nos fundamentos e manter o olhar atento às condições macroeconômicas


Professor Mira

Professor Mira

Investidor profissional, Analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com MBAs em Gestão de Investimentos, Análise de Investimentos e Educação Financeira. Empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, escritor best-seller e educador financeiro com cursos que já formaram mais de 50 mil alunos pelo mundo. Está nas redes sociais como @professormira


Investir na bolsa de valores é sempre um caminho em busca de grandes ganhos. O histórico do Ibovespa B3 (IBOV), principal índice da B3, mostra que, apesar de períodos de crise, a trajetória de longo prazo tende a ser de valorização. Só nos últimos dez anos, o IBOV saiu de pouco mais de 60 mil pontos em 2015 para superar 146 mil pontos na data de hoje, 17/09.

Essa trajetória não foi linear. Houve quedas bruscas, momentos de euforia, ciclos de recuperação e recordes históricos. Quando você compreende essa dinâmica, percebe que o segredo não está em acertar todos os movimentos do mercado, mas em ter disciplina, estudar e agir com estratégia.

As máximas históricas do Ibovespa e o pano de fundo global

Para compreender como a bolsa se comporta, vale analisar quando o índice rompeu máximas históricas. Esses momentos nunca aconteceram isoladamente: estavam sempre ligados ao cenário econômico, político e global.

  • 2008: o IBOV chegou a mais de 73 mil pontos, mas logo veio a crise do subprime nos EUA, derrubando bolsas no mundo inteiro. Esse episódio evidenciou como choques globais podem rapidamente alterar o humor do mercado.
  • 2016 a 2019: com o ciclo de commodities, reformas econômicas e juros em queda, o índice saiu da casa dos 60 mil pontos para encostar nos 120 mil em 2019. Foi um período de forte entrada de capital estrangeiro no Brasil.
  • 2020: a pandemia trouxe uma queda abrupta, o “circuit breaker” repetiu-se várias vezes em março daquele ano. Mas a recuperação foi igualmente rápida: em 2021, o IBOV voltou a romper recordes, refletindo estímulos monetários e otimismo global.
  • 2025: ao superar os 146 mil pontos hoje, o índice bate o terceiro recorde sucessivo na mesma semana, impulsionado por fluxo estrangeiro e o corte dos juros nos EUA.

Esse último exemplo é emblemático: investidores internacionais têm buscado mercados emergentes diante da perspectiva do início do ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos. E ainda que o Brasil siga enfrentando desafios fiscais, projeções modestas para o crescimento do PIB e incertezas políticas, a bolsa atinge máximas, evidenciando que as ações não sobem porque tudo está perfeito, mas porque há forças globais e locais em movimento.

O que aprendemos com a história dos mercados

Um ponto fundamental é que os mercados não se movem em linha reta. Preços de ações saltam, despencam ou disparam em poucos dias, muitas vezes influenciados por notícias pontuais, seja uma decisão de um banco central, guerras, um ataque terrorista ou a divulgação de resultados de uma empresa.

Dados históricos mostram que uma fatia pequena dos pregões concentra grande parte dos ganhos de longo prazo. Isso significa que tentar estar sempre dentro ou fora do mercado pode ser arriscado: perder os “dias certos” pode comprometer toda a rentabilidade de anos.

Ao mesmo tempo, a história ensina que nenhuma estratégia é infalível. Planos de investimento com nomes sofisticados muitas vezes reaparecem como se fossem novidades, mas no fundo se apoiam em ideias antigas e teses consolidadas ao longo de décadas.

O seu papel, como investidor, é estudar e se proteger contra ilusões de garantias e lembrar de uma regra básica: retornos altos sempre vêm acompanhados de riscos proporcionais.

Disciplina, fundamentos e autoconhecimento

Um dos maiores erros de novos investidores é acreditar que encontrar uma empresa “barata” significa automaticamente um bom negócio. Muitas vezes, o preço baixo reflete problemas estruturais: baixa capacidade de lucro, dívidas elevadas ou crescimento limitado.

Por outro lado, empresas excelentes, com marcas fortes, produtos inovadores, lucros crescentes, costumam negociar a múltiplos elevados. Ou seja, até boas companhias podem não ser bons investimentos se o preço estiver embutindo expectativas altas demais em relação ao seu real valor 

Por isso, recomendo que você sempre se volte aos fundamentos: geração de caixa, crescimento sustentável e riscos envolvidos. O mercado pode errar na precificação, mas na maior parte do tempo ele é eficiente em incorporar informações. Dessa forma, quem identifica uma distorção deve, antes de agir, se perguntar: será que eu não estou deixando passar algum detalhe?

Outro fator essencial é o autoconhecimento. Estratégias diferentes funcionam para perfis diferentes. Uma carteira focada em dividendos pode ser ótima para quem busca renda e tem paciência para a construção de carteira de longo prazo, mas inviável para quem se incomoda com oscilações diárias. Nesse sentido, investir também é um exercício de alinhar expectativas pessoais com a realidade do mercado.

A bolsa é terreno fértil, mas exige preparo

O histórico do Ibovespa deixa claro: no longo prazo, a bolsa tende a crescer, superando crises e choques. Em 2008 tivemos o subprime, em 2020 a pandemia, em 2025 um mundo ainda marcado por tensões geopolíticas. Ainda assim, o índice segue alcançando novos patamares.

Mas isso não significa que seja simples ou garantido. Minha mentoria de investimentos tem módulos inteiramente voltados à renda variável, onde eu sempre reforço aos alunos que investir na bolsa é um exercício contínuo de disciplina, estudo bem orientado e resiliência. É preciso aceitar a imprevisibilidade de curto prazo, focar nos fundamentos e manter o olhar atento às condições macroeconômicas.

O investidor que entende isso não se ilude com atalhos, pois sabe que o retorno virá não da sorte, mas da soma de boas escolhas, paciência e capacidade de atravessar crises. A bolsa de valores é, sim, um lugar de alto potencial de ganhos e, provavelmente, sua melhor oportunidade de multiplicar patrimônio e gerar renda passiva consistente, desde que você respeite suas regras e aprenda continuamente com sua história.

*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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