ETFs
Os ETFs de renda fixa estão redesenhando a forma de investir?
Nova geração de ETFs de Renda Fixa combinam segurança dos títulos de dívida com a gestão eficiente, liquidez e a dinâmica de negociação da B3

Professor Mira
Investidor profissional, Analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com MBAs em Gestão de Investimentos, Análise de Investimentos e Educação Financeira. Empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, escritor best-seller e educador financeiro com cursos que já formaram mais de 50 mil alunos pelo mundo. Está nas redes sociais como @professormira
Se você é um investidor assíduo da Bolsa, provavelmente já tem sua estratégia bem definida para a renda variável. Mas, e a renda fixa? Para muitos, ela ainda é sinônimo de previsibilidade e do tradicional porto seguro do Tesouro Direto.
O mercado, contudo, está em rápida transformação. A nova geração de ETFs (Exchange Traded Funds) de Renda Fixa está oferecendo algo muito mais sofisticado, combinando a segurança dos títulos de dívida com a gestão eficiente, liquidez e a dinâmica de negociação da B3.
Nos últimos meses, temos notado um interesse crescente por esses ativos, como por exemplo o IMAB11, IRFM11 e LFTS11, que se apresentam como uma alternativa flexível para buscar ganhos adicionais e adicionar eficiência à carteira.
A marcação a mercado como aliada na performance
A principal diferença do ETF em relação à renda fixa tradicional é sua negociação em Bolsa. O preço de mercado da cota pode variar diariamente conforme as expectativas do mercado para juros e inflação.
Essa dinâmica permite aos ETFs capturar ganhos com a marcação a mercado. Quando o cenário macroeconômico muda, por exemplo, com a expectativa de queda da taxa Selic, o valor dos títulos de renda fixa na carteira do ETF tende a subir, e o investidor pode lucrar com essa valorização da cota.
Eficiência fiscal: 15% fixo sobre o lucro
Para o investidor que precisa de flexibilidade, o regime tributário dos ETFs de renda fixa é particularmente atrativo.
Diferentemente do Tesouro Direto, que tem uma alíquota regressiva (22,5% até 15% conforme o prazo), a maioria dos ETFs de renda fixa é tributada de forma fixa em 15% sobre o lucro, independentemente do tempo de aplicação. Isso os torna especialmente interessantes para quem pode precisar de liquidez antes de dois anos, mantendo uma eficiência fiscal constante.
Além disso, os ETFs permitem que você acesse uma cesta diversificada de títulos sem precisar montar cada posição individualmente, com gestão automatizada e custos menores do que muitos fundos tradicionais.
5 ETFs de renda fixa que vale conhecer
O segredo para uma alocação estratégica é entender o “indexador” de cada ETF e como ele reage ao cenário econômico.
1. IMAB11 – a exposição abrangente ao IPCA+
O ETF IMAB11 replica o índice IMA-B, que é composto por títulos públicos federais atrelados ao IPCA (inflação). Ele funciona como uma “vitrine” para a renda fixa indexada à inflação.
Sua principal utilidade é a proteção contra a inflação e busca por ganhos reais de longo prazo, mas é importante entender que essa vantagem traz também maior volatilidade
O IMAB11 possui oscilação maior que ativos de prazo mais curto, o que potencializa oportunidades de lucrar com a marcação a mercado
2. B5P211 – IPCA+: curto prazo e menor risco
Para quem busca exposição à inflação, mas prefere uma menor oscilação, o B5P211 pode ser uma alternativa interessante a avaliar
Ele segue o IMA-B 5, limitado a títulos com vencimentos de até cinco anos. Assim, por ter um prazo médio menor, ele é menos volátil que o IMAB11, embora isso também limite as oportunidades de ganho com a marcação a mercado..
3. IRFM11 – o prefixado que se beneficia com a queda de juros
O IRFM11 acompanha os títulos prefixados e se torna um ativo estratégico em momentos de expectativa de queda da taxa Selic, podendo capturar ganhos relevantes com a valorização dos papéis que carrega, refletindo os ganhos da marcação a mercado.
4. LFTS11 – liquidez e estabilidade pós-fixada
O LFTS11 replica títulos públicos federais atrelados à taxa Selic, e tem um comportamento mais estável, servindo como opção para alocação de recursos em busca de liquidez e proteção, já que acompanha a taxa básica de juros.
Apesar da estabilidade, é importante lembrar que, como qualquer ETF, ele ainda está sujeito à oscilação natural do mercado secundário.
Sua desvantagem é o Imposto de Renda, que para esse ETF é de 25%.
5. DEBB11 – crédito privado e isenção fiscal
O DEBB11 é um exemplo de como a indústria está se diversificando rapidamente. Esse ETF investe em crédito privado por meio de Debêntures Incentivadas, e como os rendimentos distribuídos por esses títulos são isentos de imposto de renda, o ETF torna-se um produto de alta eficiência fiscal (apenas o ganho de capital na venda da cota é tributado).
Os ETFs servem para todas as carteiras de investimento?
Como qualquer outro investimento, é fundamental que primeiro você entenda o que está comprando. O fato de um ETF investir em títulos públicos não o torna livre de oscilações. Como ele é negociado em bolsa, o preço de mercado pode variar diariamente conforme as expectativas de juros e inflação.
Essa característica, que pode assustar quem associa renda fixa à estabilidade, é justamente o que permite capturar ganhos com a marcação a mercado quando o cenário macroeconômico muda.
Antes de incluir um ETF de renda fixa na carteira, vale se perguntar qual é o objetivo do investimento. Se a busca é por reserva de emergência, produtos como o Tesouro Selic ou fundos DI ainda cumprem melhor esse papel. Mas, para objetivos de médio e longo prazo, os ETFs podem ser excelentes aliados, oferecendo diversificação, custo baixo e praticidade para quem quer se expor à renda fixa de forma mais estratégica.
Um mercado em contínua evolução
O crescimento da categoria de ETFs reflete uma evolução do mercado financeiro e também do comportamento do investidor brasileiro. Hoje, com mais de 100 ETFs de variados segmentos listados na B3, o investidor comum tem acesso a instrumentos que antes só estavam disponíveis a grandes investidores institucionais. É um movimento de democratização, mas que exige conhecimento para uso adequado.
No fim das contas, não se trata de escolher entre Tesouro Direto ou ETFs, mas de entender como cada um se encaixa no seu plano financeiro. A renda fixa está evoluindo, e os ETFs são o reflexo mais claro dessa nova fase do mercado: menos engessada, mais acessível e com oportunidades que vão muito além da velha máxima do “renda fixa é previsível”.
*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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