Investir melhor
Sua carteira de investimentos está pronta para o segundo semestre?

Professor Mira
Investidor profissional, Analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com MBAs em Gestão de Investimentos, Análise de Investimentos e Educação Financeira. Empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, escritor best-seller e educador financeiro com cursos que já formaram mais de 50 mil alunos pelo mundo. Está nas redes sociais como @professormira
A metade do ano já se foi, não é mesmo? Parece que foi ontem que estávamos traçando metas e planos para 2025. O cenário nos mercados brasileiro e global mudou bastante desde janeiro e, com o calendário virando para o segundo semestre, considero oportuno que você tome um tempo para revisar sua carteira de investimentos.
Essa análise irá ajudá-lo a identificar a melhor forma de aproveitar as oportunidades que certamente surgirão na segunda metade deste ano e proteger seu capital.
Contexto recente: o que os números mostram?
O Ibovespa encerrou o primeiro semestre com valorização de 15,44%, alcançando aproximadamente 139 mil pontos. Em dólar, esse desempenho foi ainda mais expressivo, com alta de cerca de 31%, o sexto melhor entre os maiores índices globais.
Além disso, o ingresso de capital estrangeiro no Brasil foi recorde: em torno de R$ 25,2 bilhões, o maior fluxo para os primeiros seis meses desde 2022.
Esses números revelam um mercado mais resiliente e com apetite por ativos brasileiros. Porém, como você bem sabe, a valorização passada não garante ganhos futuros. Sendo assim, o momento exige atenção para variáveis presentes neste segundo semestre, que podem ampliar ou inverter tendências.
Cenário macroeconômico: riscos e oportunidades
A dinâmica macroeconômica global e doméstica ditará o ritmo dos investimentos nos próximos meses:
Corte de juros nos EUA e Brasil
O Federal Reserve (Fed) indicou que os cortes na taxa básica dos EUA devem começar ainda este ano. Essa sinalização, alinhada à expectativa de controle da inflação global, pode injetar maior liquidez nos mercados. Aqui no Brasil, o ciclo de aperto monetário pode estar perto do fim, com a taxa Selic atualmente em 15% a.a., a expectativa do mercado é que o Banco Central inicie cortes possivelmente a partir de novembro.
A combinação desses dois fatores tende a fortalecer fluxos de capital para mercados emergentes como brasileiro, o que naturalmente favorece os investimentos em renda variável. Juros mais baixos também devem impulsionar o consumo e o investimento produtivo, impactando positivamente as empresas listadas em bolsa.
Ambiente eleitoral e fiscal
Com 2025 sendo um ano pré-eleitoral no Brasil, as movimentações políticas passam a ter um protagonismo ainda maior, o que influenciará tanto os volumes de negociação quanto a volatilidade das ações.
A percepção de um possível endurecimento da política fiscal brasileira entre 2027 e 2028, devido aos movimentos recentes do governo para controlar gastos, aumenta a necessidade de uma carteira “blindada” o quanto antes.
É fundamental que seu planejamento financeiro de investimento esteja em ordem, possibilitando adaptações a essas condições de mercado. A agilidade na reavaliação permite que você não apenas se defenda de riscos, mas também identifique e capture as novas oportunidades de investimento que surgem em meio à volatilidade.
Por que revisar agora?
Até aqui, tivemos um ano bastante agitado tanto no cenário global quanto no doméstico e o reordenamento de forças segue intenso. No exterior, guerra comercial EUA x China, instabilidades políticas ocasionadas pela política do governo Trump, conflitos no Oriente Médio que interferem diretamente nos preços do petróleo, geram incertezas. No cenário interno, instabilidades decorrentes das questões fiscais e tributárias, juntamente com o início da corrida eleitoral, adicionam camadas de complexidade.
Diante desse panorama, alguns passos são fundamentais para otimizar seus investimentos:
- Alinhe seus objetivos
Suas metas de curto, médio e longo prazo continuam válidas? Houve algum fato relevante em sua vida, como compra de imóvel, viagem ou mudança de emprego? Algum desses fatores influencia suas metas anteriormente definidas? Sua carteira de investimentos deve ser um reflexo direto dos seus objetivos. Se eles mudaram, sua estratégia de investimento também precisa mudar.
- Avalie desempenho por ativo
Como seus investimentos estão performando em relação ao mercado e às suas expectativas? Não basta olhar apenas para os retornos absolutos. É importante compará-los com benchmarks relevantes como o CDI, Ibovespa, Selic, por exemplo.
Se um ativo rendeu 5%, mas o índice de referência para aquele tipo de investimento rendeu 10%, talvez ele não esteja entregando o que deveria. Analise o desempenho de cada classe de ativo, de cada fundo, de cada ação. Isso lhe dará uma visão clara do que está funcionando e do que precisa ser ajustado.
- Mantenha o balanceamento e a diversificação
Avalie se o balanceamento de sua carteira de investimentos continua em linha com seu planejamento. Isso pode significar vender ativos que tiveram grande valorização para investir em outros que estão mais atrasados, ou realocar recursos para ativos que se mostram mais promissores diante do cenário atual. Isso é fundamental para manter sua alocação de ativos original e a controlar o risco.
A diversificação é uma das ferramentas mais poderosas para mitigar riscos, manter a resiliência a choques e capturar retornos de diferentes fontes. Certifique-se de não estar concentrado em apenas um tipo de ativo, setor ou moeda. A volatilidade do câmbio e as oscilações setoriais, mais do que nunca, pedem equilíbrio.
- Risco e perfil.
Houve mudanças quanto ao seu apetite a risco? Talvez hoje você tolere menos risco ou, ao contrário, esteja com maior disposição a investir em renda variável e aproveitar as oportunidades para longo prazo.
É fundamental entender seu momento de vida e pautar a reavaliação de carteira nesse critério. Investir em algo que o faça perder o sono não é sustentável a longo prazo e pode levar a decisões impulsivas.
Planejamento e antecipação: suas melhores ferramentas
Manter a carteira em ordem não é só conferir extratos. É um processo contínuo de revisar objetivos, comparar rendimento real, diversificar estrategicamente e rebalancear com base em novas oportunidades e riscos.
O segundo semestre de 2025 promete ser dinâmico, com gatilhos em juros, câmbio, eleições e capital estrangeiro. Avaliar e, se necessário, ajustar sua carteira, vai maximizar chances de obter melhores retornos, com menos surpresas.
Acompanhe os comunicados do Banco Central, os dados da B3 e as análises de especialistas. Participar de grupos e comunidades com pessoas com interesses iguais aos seus pode ser um facilitador importante para manter o foco e a motivação.
Lembre-se sempre: um planejamento bem definido é o mapa que guia suas decisões de investimento. Sendo assim, mantenha-se informado sobre as tendências do mercado e as perspectivas econômica e não negligencie sua carteira.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
Quer simular investimentos no Tesouro Direto? Acesse o simulador e confira os prováveis rendimentos da sua aplicação. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.