Ações
Volatilidade na bolsa: como usá-la a seu favor

Professor Mira
Investidor profissional, Analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com MBAs em Gestão de Investimentos, Análise de Investimentos e Educação Financeira. Empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, escritor best-seller e educador financeiro com cursos que já formaram mais de 50 mil alunos pelo mundo. Está nas redes sociais como @professormira
Volatilidade é uma daquelas palavras que o investidor iniciante teme e tenta evitar enfrentar. A percepção predominante é de perigo, de que tudo pode desabar a qualquer momento e, por isso, o melhor a fazer é não se expor. Você já sentiu isso?
Quando eu comecei a investir, há quase trinta anos, meu maior medo era perder o pouco que tinha e a volatilidade me parecia uma vilã à espreita. Mas os tempos eram outros e o acesso à informações consistentes sobre renda variável era bem mais difícil. Foi uma longa jornada de estudo e pesquisa para que eu finalmente entendesse que a volatilidade não é vilã, ao contrário disso, pode ser uma aliada importante na construção de patrimônio.
Não dá pra prever o futuro, mas dá pra se preparar para ele
Muita gente me pergunta se dá pra saber com exatidão quando a bolsa vai cair ou subir. E a resposta, mesmo depois de anos de mercado, continua sendo: não dá. É claro que a análise técnica combinada com a experiência e com o conhecimento sobre fundamentos dos ativos, ajuda a projetar expectativas, mas, como o nome já diz, são projeções e não certezas.
É só olhar ao redor: guerra no Oriente Médio, os juros americanos subindo ou descendo, falas do presidente do Banco Central, guerras comerciais, um dado inesperado de inflação… enfim, tudo movimenta a bolsa.
Como sempre digo, o mercado não gosta de incertezas e, via de regra, se move por expectativas. Quando essas expectativas mudam — ou se frustram — o preço reage. Às vezes, de forma violenta.
Como investidores, não temos controle sobre isso. O que é possível fazer é analisar cenários, entender probabilidades e agir com base nelas. Mas sabendo que não existem certezas.
Gestão de risco é a base de tudo
Uma das coisas mais importantes que você precisa aprender para lidar com o mercado é que não existe investimento bem-sucedido sem gestão de risco. E não se trata de evitar o risco, mas sim, entender onde ele está, o tamanho que ele tem e como agir frente a isso.
Gestão de risco vai muito além de diversificar entre classes de ativos. É claro que isso é fundamental, no entanto, há outros aspectos que você não pode negligenciar:
- O percentual de sua carteira exposto à renda variável deve estar alinhado às suas metas e seus respectivos prazos.
- Há diferentes níveis de risco mesmo entre ativos de uma mesma categoria e isso precisa ser considerado no momento de escolher quais ações estarão em sua alocação.
- Parte da gestão de risco está no quanto você domina seu emocional. Você não precisa olhar a carteira todo dia, mas precisa saber o que está acontecendo com os seus ativos. Informação é poder, e vai te ajudar a tomar decisões com foco na estratégia e não nas emoções.
- Manter o balanceamento, ou seja, o percentual definido para cada ativo. Por exemplo, na venda de um ativo com lucro, o capital pode (e deve) ser usado para investir naquela parte da carteira que esteja abaixo do percentual definido em seu plano.
Você prefere pagar caro ou barato?
A obviedade da pergunta é uma provocação para que você perceba que a volatilidade pode ser sinônimo de oportunidade. Se a ideia é construir patrimônio acumulando ações de empresas sólidas, por que não aproveitar os momentos em que elas estão mais baratas?
É claro que isso exige controle emocional, afinal, ninguém gosta de ver a carteira “no vermelho” e na maior parte do tempo. Nesses cenários, o que vemos é o medo dominando os investidores, levando-os a fazer o inverso do que deveriam. A aversão à perda faz muita gente vender na baixa por medo de prejuízos maiores, e comprar na alta, por medo de ficar de fora dos ganhos. O imediatismo é o grande problema.
Existe uma frase famosa no mercado, atribuída a um banqueiro do século XIX, Nathan Rothschild, e que você já deve ter ouvido em algum momento: “Compre ao som dos canhões, venda ao som dos violinos”. É exatamente esse o sentido. Quem investe com visão de longo prazo, não corre da volatilidade, mas sim, se prepara para ela.
A volatilidade é perigosa para o investidor?
Se você investe em renda variável, precisa incorporar que altas e baixas são normais, portanto, sua decisão de entrar e sair de investimentos não pode ter apenas a volatilidade como critério.
Historicamente, após cada queda, o mercado sempre subiu, afinal, ele é cíclico. Sendo assim, é matematicamente impossível que ele fique permanentemente em uma única direção. A volatilidade não é um desvio ou anomalia. Ela é a natureza das ações e, não fosse assim, seria muito mais difícil ganhar dinheiro com elas.
O que lhe trará sucesso na bolsa de valores não é a pressa de ganhar dinheiro e nem tampouco a impulsividade de seguir o que a maioria está fazendo. No fim das contas, o que multiplica patrimônio é paciência, consistência e visão. Quem consegue manter essa tríade, mesmo nos dias mais turbulentos, transforma a volatilidade em degrau, não em obstáculo.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
Quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar? Acesse a Área do Investidor.