1,7 milhão de brasileiros já trabalham por meio de aplicativos e têm renda maior que a média
Mais da metade desses trabalhadores são motoristas de transporte particular de passageiros, como Uber e 99

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O trabalho por aplicativo tem ganhado cada vez mais relevância no Brasil. Dados do módulo temático sobre trabalho por meio de plataformas digitais da PNAD Contínua do IBGE, referentes ao terceiro trimestre do ano passado, revelam que 1,7 milhão de pessoas trabalham por meio de algum aplicativo.
O número de pessoas que têm em aplicativos seu principal trabalho representou um crescimento de 25,4% em comparação ao dado anterior da PNAD, de 2022. Naquela ocasião, 1,3 milhão de pessoas eram empregadas pelas plataformas digitais.
Em termos relativos também houve crescimento. Deixando de fora os funcionários públicos e militares, o atual número representa 1,9% de todas as 88,5 milhões de pessoas ocupadas no Brasil no terceiro trimestre de 2024. Dois anos antes, essa fatia era de 1,5%.
Aplicativo de transporte
De acordo com os dados da pesquisa do IBGE, 53,1% (878 mil pessoas) utilizavam, nesse trabalho, aplicativos de transporte particular de passageiros, como 99 e Uber; 29,3% (485 mil pessoas), aplicativos de entrega de comida, produtos como iFood, Rappi e Loggi; 17,8% (294 mil pessoas), aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais; e 13,8% (228 mil pessoas), aplicativos de táxi (direcionados para taxistas).
“Considerando-se as pessoas que trabalhavam por meio de aplicativos de transporte de passageiros, seja ou não de táxi, observa-se que, no País, havia 964 mil pessoas exercendo tal atividade, no trabalho principal, o que corresponde a maior parte (58,3%) dos trabalhadores plataformizados” diz o relatório da pesquisa do IBGE.

App gera renda maior, mas…
Se fosse possível personalizar o trabalhador de aplicativo em um único indivíduo ele seria um homem, de 25 a 39 anos, com nível médio completo ou superior incompleto e renda média mensal de R$ 2.996. Esse rendimento, aliás, 4,2% acima da média nacional do trabalhador brasileiro, deixando de fora, novamente, os funcionários públicos e militares.
Apesar dos trabalhadores por aplicativo registrarem um rendimento médio mais elevado em comparação ao dos demais ocupados no setor privado, ao analisar a hora trabalhada a situação é oposta. Os trabalhadores plataformizados (R$ 15,4/hora) registraram, em média, um rendimento-hora 8,3% inferior ao dos não plataformizados (R$ 16,8/hora).
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A pesquisa do IBGE lembra que a se, de um lado, as plataformas digitais de trabalho têm oferecido oportunidades de geração de renda para muitos trabalhadores e permitido que empresas alcancem novos mercados e reduzam custos, por outro, elas também representam um importante desafio, especialmente no que se refere às condições de trabalho.
Entre os desafios que envolvem os trabalhadores estão o acesso a direitos trabalhistas e seguridade social, a capacidade de geração de uma renda adequada e a extensão das jornadas de trabalho.
Nesse sentido, entre os trabalhadores plataformizados, o percentual de contribuintes para previdência está muito aquém dos trabalhadores não plataformizados. Enquanto 61,9% dos trabalhadores regulares do setor privado contribuem para o instituto oficial de previdência, no caso dos trabalhadores por aplicativo, a fatia é de apenas 35,9%.
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