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“A bolsa está subindo, não está cara ainda, mas está mais cara do que antes”, diz Azevedo, da Ibiuna

Expectativa de cortes pelo Fed abre espaço para fluxos de capital em direção a mercados como o Brasil

O movimento recente da bolsa brasileira e a valorização do real frente ao dólar está diretamente ligado ao ciclo de juros nos Estados Unidos. Essa foi a avaliação de Rodrigo Azevedo, sócio e co-CIO de Macro da Ibiuna Investimentos e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central. Para ele, a expectativa de cortes pelo Fed abre espaço para fluxos de capital em direção a mercados como o Brasil, que ainda mantém taxas de juros em patamar elevado.

“A visão que a gente tem é que tem muita coisa para acontecer no Brasil e a gente está em compasso de espera, a eleição só acontece em novembro do ano que vem. Nesse meio tempo, tem muita coisa acontecendo lá fora. É natural do mercado que, se não tem resposta clara de se vai acontecer alternância de poder no Brasil, olhar para fora”, afirmou.

Segundo Azevedo, mais do que a política americana, o que realmente importa para os mercados globais são as decisões do banco central dos EUA. “A taxa de juros americana é custo de oportunidade de ter qualquer ativo, financeiro ou não, em qualquer lugar do mundo. Entre a crise financeira [de 2008] e a pandemia, o juro nos EUA era zero”, lembrou. Nesse ambiente, o capital buscava alternativas em outros mercados. Mas, com a escalada dos juros após a pandemia, o fluxo voltou para os EUA. “Um juro real em dólar de 2% a 2,5% é espetacular, todo mundo saiu correndo para o dólar”.

O cenário, no entanto, mudou. Com o Fed interrompendo as altas e voltando a cortar juros, a expectativa é de saída de recursos dos EUA. E atualmente, o mercado precifica uma queda de cerca de 1 ponto porcentual na taxa de juros entre a próxima reunião, que acontece na semana que vem, e meados de 2026.

“Quando começa a cair a taxa de juros em dólar, o dinheiro começa a sair dos EUA e vai para outros lugares”, disse.

O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos amplia o apetite por ativos locais. “Se a gente tem o juro em 15%, e o Fed começa a cortar os juros, isso vai atrair muito capital para o Brasil”, afirmou. A entrada de recursos tende a sustentar a moeda brasileira, com impacto positivo sobre a inflação e a possibilidade de cortes na Selic.

“Na Ibiuna, a gente sempre pensa a composição de portfólio muito em função do ciclo de política monetária”, afirmou Azevedo. Ele avalia que o mercado já antecipa o início desse ciclo. “O melhor ponto de entrada [na bolsa] passou, foi quando estava todo mundo saindo de bolsa. A gente está se posicionando para um período em que haverá maior demanda por ativos de risco. O juro nem começou a cair ainda, você não precisa esperar que o juro caia, o mercado já começa a precificar que o juro vai cair na frente”.

Nesse contexto, Azevedo vê a oportunidade de ampliar a exposição a risco. “Para a gente, começa a fazer sentido ter mais exposição a risco do que nos últimos meses”, disse. E deixou um alerta: “A bolsa está subindo, não está cara ainda, mas está mais cara do que antes”.

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