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Após decisão do Copom, mercado debate se ciclo de altas da Selic chegou ao fim

Para diversos agentes do mercado financeiro, essa foi a última alta da Selic nesse ciclo de aperto monetário

Com ISTOÉ Dinheiro

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite da última quarta-feira, 7, o aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, que chegou a 14,75%. Após anunciar o sexto aumento consecutivo na taxa básica de juros, o comunicado do Copom deixa a porta aberta para o que vai acontecer na reunião do mês de julho. O texto cita o “cenário de elevada incerteza” para deixar um mistério sobre os próximos passos do BC. 

Para diversos agentes do mercado financeiro, a Selic não deve chegar aos 15% na reunião de junho, como era esperado, e a chance de que essa foi a última alta desse ciclo aumentou com o comunicado.

“Os próximos passos ficaram em aberto, e a menção da flexibilidade indica que o Copom já pode considerar que esse seja o último aumento do ciclo”, explicou a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria.

“O cenário externo contribui para uma perspectiva de desinflação maior que o esperado anteriormente, o que pode reforçar a pausa no aperto monetário já a partir de junho”, acredita. 

O Citi e o Bradesco estão entre as casas que avaliam que, no cenário-base, esta foi a última elevação da Selic no atual ciclo de aperto. A Capital Economics manteve a sua projeção de que ainda haverá um último aumento de 0,25 ponto porcentual em junho, mas ponderou que “os riscos estão inclinando-se para não haver mais aumentos nesse ciclo”.

Guerra tarifária global: risco para a economia

Um dos principais pontos que podem levar ao fim do ciclo de alta da Selic é a guerra tarifária envolvendo, principalmente, Estados Unidos, China e União Europeia, que pode levar a um crescimento menor da economia global. 

“As incertezas de um mundo com mais tarifas giram em torno de uma desaceleração norte-americana, que, independente de levar a economia a uma recessão ou não, tem potencial para levar a economia global a um menor crescimento. Menos crescimento demanda menos juros”, disse Helena Veronese, Economista-Chefe B.Side Investimentos. 

Inflação em 2025/2026: projeções revisadas

Sobre o cenário interno, o comunicado destaca que há uma “moderação no crescimento” da economia do país. Para os agentes do mercado, a principal mudança foi a exclusão do termo “assimetria altista” para a inflação do comunicado. Ou seja, os riscos de uma surpresa inflacionária para cima deixaram de ser majoritários. A projeção da inflação de 2025 passou de 5,1% para 4,8% em 2025 e de 3,9% para 3,6% em 2026. 

“O comunicado destaca três pontos de risco de alta e três de baixa, incluindo como novo fator desinflacionário a redução nos preços das commodities – uma leitura que o mercado tende a interpretar como mais dovish”, encerrou Alexandre Maluf, economista da XP. 

A Selic esteve em 14,75% pela última vez em agosto de 2006, em meio a um ciclo de queda da taxa durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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