B3 não se opõe à internalização de ordens, defende limites e alerta para riscos em relação a preços, liquidez e transparência
Manifestação sobre o tema foi enviada à CVM, que também recebeu argumentações de outros agentes de mercado
A B3, bolsa de valores do Brasil, enviou nesta segunda-feira, 18, sua manifestação sobre o edital de Tomada de Subsídios da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em relação à internalização de ordens. A companhia, além de ter afirmado ser favorável à internalização com limites, também alertou para riscos em relação à formação de preços, acesso a liquidez dos investimentos e à transparência caso a medida seja implantada de maneira irrestrita (sem teto para esse tipo de operação).
“O que temos defendido é que precisamos ter internalização com limites. A internalização irrestrita pode impactar a formação de preços, a liquidez, o acesso a investimentos e a transparência. Itens do mercado brasileiro que são valorizados por investidores locais, mas principalmente por investidores estrangeiros”, afirmou Mario Palhares, Vice-Presidente de Negociação Eletrônica e CCP (Contraparte Central) da B3.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) havia estabelecido prazo até esta segunda-feira para receber as manifestações de agentes de mercado sobre a chamada internalização de ordens.
O que é internalização de ordens
A internalização de ordens é a possibilidade de uma corretora finalizar negociações de compra e venda de ativos dentro do seu próprio ambiente, sem passar pela bolsa – ou mais precisamente pelo livro de ofertas – onde são registradas e apresentadas as intenções de compra e venda de ativos.
No Brasil, há um modelo vigente de internalização, que se trata do Retail Liquidity Provider (RLP), que foi liberado há cinco anos e é utilizado para minicontratos de índices e de dólar. Nesse tipo oferta, a corretora é a contraparte e a transação é feita por ela, mas liquidada, ao final, pela B3.
O que a B3 pensa
A B3 destacou, em linhas gerais, que a prática da internalização pode trazer benefícios, como o incentivo aos intermediários buscarem novos investidores e desenvolverem certos mercados e produtos, “desde que implementada de maneira controlada (com limites adequados) e dentro do ambiente regulado”.
Para Palhares, a principal preocupação diz respeito à qualidade do mercado brasileiro. Caso a liquidez do livro central seja reduzida, poderá haver afastamento de investidores, principalmente do exterior.
“Estamos olhando para o impacto do médio e longo prazo, e como isso pode influenciar em como o mercado é atrativo ou não para o mercado estrageiro”, aponta ele.
Por fim, a B3 afirma que “entende que a complexidade do assunto demanda estudos profundos e um debate cuidadoso por parte do mercado e da CVM. Caso contrário, pode ter impactos importantes e irreversíveis em volumes, preços e na relevância do mercado de ações no Brasil”.
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