BCE mantém taxa de juros em 2% ao ano
Autoridade monetária cita incerteza sobre relação comercial com EUA para justificar manutenção dos juros
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira (24) manter as taxas de juros na zona do euro em 2% ao ano (para depósito) e 2,15% (refinanciamento). Com isso, a autoridade monetária interrompe seu ciclo de afrouxamento da política monetária que durou um ano. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado.
A pausa no afrouxamento vem após uma série de oito cortes – sete deles consecutivos – desde junho do ano passado, enquanto os formuladores de políticas aguardam clareza sobre os futuros laços comerciais da Europa com os Estados Unidos.
No comunicado, os dirigentes da autoridade monetária argumentam que a inflação atualmente está dentro da meta de 2% no longo prazo, e reconhecem que “as pressões de preços internos continuaram a diminuir, com os salários crescendo mais lentamente”. O documento diz ainda que, “refletindo parcialmente os cortes anteriores nas taxas de juros, a economia até agora provou ser resiliente em um ambiente global desafiador. Ao mesmo tempo, o ambiente permanece excepcionalmente incerto, especialmente devido a disputas comerciais”.
Para Mônica Araújo, economista chefe da InvestSmart XP, “a decisão pela manutenção nessa reunião está embasada pela imprevisibilidade do acordo comercial que o bloco negocia com os EUA e pelo impacto que esse possa trazer para a trajetória futura de inflação”. Ela destaca ainda que a dificuldade nas negociações com os EUA podem ter sido o motivo de o BCE optar por não dar um foward guidance, ou seja, uma indicação de qual será sua próxima decisão.
“O bloco também precisa avaliar o impacto da valorização do Euro sobre o dólar na economia europeia e também os aumentos de gastos fiscais aprovados por alguns parlamentos, com o objetivo de ampliar os investimentos no segmento de defesa”, destaca Mônica.
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