Comércio registra em março 3ª alta seguida, mas vendas crescem abaixo do esperado
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo de 1% nas vendas do comércio

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As vendas no comércio varejista no país cresceram 0,8% na passagem de fevereiro para março, marcando a terceira alta seguida. No mês anterior, o avanço havia sido de 0,5%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 15 pelo IBGE.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo de 1% nas vendas, contra expectativa de queda de 0,5%.
Apesar da aceleração frente a fevereiro, o resultado veio abaixo do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 1% na comparação mensal e de queda de 0,50% sobre um ano antes.
O IBGE destacou que com o resultado de março, o nível de atividade do comércio atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000, superando o nível recorde anterior, alcançado em fevereiro de 2025. O índice de média móvel trimestral registrou alta de 0,6%, após avanço de 0,3% no trimestre encerrado em fevereiro.
“O que chama mais atenção é o perfil distribuído do crescimento intersetorial. Tivemos seis atividades em crescimento, inclusive as com mais peso, como a farmacêutica e hiper e supermercados. Os meses anteriores mostram uma volta ao protagonismo de hiper e super, especialmente em fevereiro, com alta de 1,2%”, disse o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, Cristiano Santos.
Seis das oito atividades investigadas na pesquisa avançaram em março deste ano. Dentre elas, os destaques foram os setores de Livros, jornais, revistas e papelaria (28,2%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3%). Já as vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo avançaram 0,4% no mês.
Tiveram retração nas vendas Móveis e eletrodomésticos (-0,4%) e Combustíveis e lubrificantes (-2,1%).
Perspectivas para o comércio
“O crescimento de 0,8% nas vendas do varejo em março, atingindo o maior patamar desde o início da série histórica em 2000, comprova que o setor segue resiliente, mesmo com o crédito mais caro e a Selic ainda em 14,75%. Isso mostra que o consumidor está disposto a consumir, desde que encontre valor e propósito nas marcas”, afirma Roberto Jalonetsky, CEO da Speedo Multisport.
Um cenário de inflação elevada, juros altos e acomodação no mercado de trabalho, porém, podem levar a economia a uma desaceleração gradual neste ano, segundo analistas, podendo desanimar os consumidores, principalmente em relação a produtos mais dependentes de crédito.
O Banco Central elevou na semana passada a taxa básica de juros Selic a 14,75% ao ano. Além disso, ainda pairam sobre o cenário os efeitos sobre a economia global das tarifas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“O resultado foi positivo, a maioria das categorias tiveram alta no mês. Contudo vejo a queda na comparação anual um sinal de desaceleração do setor e que pode ter implicações na leitura do mercado sobre os juros. A visão geral começa a migrar para a perspectiva de PIB mais fraco em 2025”, avaliou o economista André Perfeito. Na visão dele, muito provavelmente o BC não deve subir mais a taxa básica em junho e deixar a Selic nos atuais 14,75%.
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