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Contra o consenso, JPMorgan projeta corte na Selic ainda em 2025; entenda os motivos

Expectativa é de um corte ainda em dezembro deste ano, de 0,25 p.p., jogando a Selic para 14,75%

Com ISTOÉ Dinheiro

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Na contramão do consenso do mercado financeiro e apesar de um Banco Central (BC) que tem falado em juros altos ‘por período bastante prolongado’, o JPMorgan espera que os cortes na Selic se iniciem ainda neste ano de 2025.

Cassiana Fernandez, economista-chefe do JPMorgan para o Brasil, conta à IstoÉ Dinheiro que a expectativa é de um corte ainda em dezembro deste ano, de 0,25 ponto percentual (p.p.) – jogando a Selic para 14,75%.

Já para o ano que vem, a projeção do banco é de uma taxa de juros de 10,75%.

Nesse sentido, ela espera que a autoridade monetária ajuste sua comunicação já em novembro, em uma mudança de postura para iniciar a flexibilização monetária. A tese é de que o enfraquecimento do dólar e a desaceleração de alguns setores da economia devem corroborar os cortes na Selic.

“Acho que tem uma série de fatores que levariam esse cenário. O primeiro deles é do lado da economia global. A continuação da tendência de enfraquecimento do dólar abre espaço para uma apreciação da moeda e redução da inflação de bens comercializáveis. A gente também tem a perspectiva de um número de preços mais baixos na parte de commodities de uma forma geral, principalmente o preço de petróleo do ano que vem, o que levaria uma inflação mais baixa aqui no Brasil”, explica.

A economista-chefe avalia que tanto os patamares restritivos dos juros quanto uma aceleração do impulso fiscal também abrem espaço para a desaceleração da economia brasileira.

“Acho que isso já vem acontecendo, você já tem números que mostram isso.”

Fernandez defende que, apesar dos números recordes no mercado de trabalho, uma desaceleração da atividade econômica nunca é homogênea, portanto, no momento, os indicadores ainda não escancaram a desaceleração esperada.

Em um cenário alternativo, no máximo, espera um corte em janeiro de 2026, e ainda assim com o mesmo espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a taxa básica de juros abaixo de 11%.

“Inflação mais baixa com enfraquecimento do mercado de trabalho já abre espaço para o Banco Central começar o início de corte de juros já no final do ano. Acho que é importante enfatizar que, se não encontrarmos essas condições ainda em dezembro, você pode sim ter um atraso no início do corte de taxa de juros, mas você abre espaço para um corte maior ao longo de 2026.’

Consenso em Selic a 15% ao final do ano

Atualmente o consenso do mercado financeiro projeta uma Selic de 15%, conforme dados da última edição do Boletim Focus. O prognóstico é o mesmo há 15 semanas.

Na última Ata do Copom, o BC afirmou que, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou em um novo estágio da política monetária que prevê manutenção da taxa de juros por longo período para buscar a meta de inflação.

“Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”, diz o documento, divulgado na semana anterior.

“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, completou o comitê.

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Mudança na meta de inflação

Sobre os dados de inflação, ressalta que as leituras recentes – inclusive o último IPCA-15 – são relativamente positivas, e que isso fez o mercado cortar projeções e adotar um tom mais otimista.

“Se você olhar, até dois meses atrás o mercado ainda precificava um número de inflação neste ano acima de 7%. No começo do ano, os economistas projetavam uma inflação perto de 6%. O último número em específico surpreendeu a gente pela desaceleração na parte de serviços, que é um dos componentes mais importantes e mais sensíveis à política monetária”, explica.

Apesar disso, frisa que são números ‘ainda altos e distantes da meta do Banco Central‘.

A projeção do JPMorgan é de um IPCA de 4,7% para este ano e de 3,6% para o ano de 2026.

Acerca de discussões sobre mudanças na meta de inflação, avalia que uma eventual mudança seria prejudicial, especialmente em um cenário de expectativas desancoradas e com a inflação relativamente longe da meta.

“Isso tende a prejudicar a credibilidade da política monetária como um todo. São prejudiciais para o debate e são prejudiciais, principalmente, para papel e que o Banco Central quer fazer de levar a expectativa de volta para o centro da meta de inflação”, comenta.

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