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Copom mantém Selic em 15% ao ano, e não dá sinais de corte na taxa de juros

A decisão foi unânime entre os membros do colegiado

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15,00% ao ano na reunião desta quarta-feira (05). A taxa básica de juros está neste patamar desde junho de 2025. A decisão era amplamente esperada pelo mercado e foi unânime entre os membros do comitê.

Uma mudança relevante no comunicado foi sobre os próximos passos na condução da política monetária. Em setembro, o Copom afirmava que seguiria vigilante, avaliando se a manutenção da taxa de juros por período prolongado seria suficiente. Já em novembro, o texto passou a dizer que o Comitê avalia que essa estratégia é suficiente, sugerindo que não deve haver novas altas na taxa.

Para Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, o comunicado trouxe poucas mudanças, mas aponta uma maior confiança na atual estratégia, ainda que “mantendo o tom duro e indicando a manutenção da taxa no atual patamar por período bastante prolongado”.

Por outro lado, o comitê “manteve o trecho em que afirma não hesitar em retomar o ciclo de alta, caso julgue necessário”, aponta Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital. “Apesar de algumas suavizações, o tom do comunicado permaneceu duro, reforçando o compromisso com a convergência da inflação à meta. Em síntese, mantemos a avaliação de que o ciclo de cortes deve ter início apenas em março de 2026.”

De acordo com Felipe Cima, especialista da Manchester Investimentos, a expectativa era que o termo ‘bastante’, se referindo ao período do patamar da Selic, saísse do comunicado, “e com isso, abrisse uma brecha para que a redução da taxa de juros passasse de março para janeiro.”

Rafaela Vitoria destaca também que o comitê reduziu sua projeção de inflação para o prazo relevante da política monetária, para 3,3%, perto do centro da meta. “Com a manutenção do atual cenário de câmbio favorável e desaceleração da atividade, a queda da inflação deve seguir consistente, ainda que lenta, observada tanto em bens como serviços”, observa.

Segundo Antônio Sanches, analista de research da Rico, mesmo com o comunicado mantendo um tom duro, isso não deve fazer com que o mercado tenha movimentos bruscos em reação. Para ele e Marcos Moreira, sócio da Garten Capital, o tom do texto indica que a Selic deve se manter no patamar atual até março.

Copom aponta para cenário ainda incerto

No comunicado, o Copom aponta que “o ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais”.

No Brasil, apesar de indicadores apresentarem “conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica”, os membros do colegiado alertam que o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. De acordo com o comunicado, a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta.

Não houve alterações no balanço de riscos, e o comitê diz que “tanto [os riscos] de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”.

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