Copom mantém taxa Selic em 15% ao ano; veja análises
Decisão era esperada pelo mercado, que agora debate quando a Selic deve baixar
Como já esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, nesta quarta-feira, 17. Essa é a segunda vez que o comitê do Banco Central decide por manter os juros, neste que é o maior patamar em 20 anos. O resultado foi unânime entre os 9 colegiados.
Mais cedo, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduziu as taxas de juros em dólar para a faixa entre 4,00% e 4,25% ao ano. Pouco antes do anúncio da decisão, 96% do mercado esperava esse corte, de 0,25 ponto porcentual.
Copom destaca incerteza internacional e inflação
Em comunicado, o Copom destacou, assim como na reunião anterior, que o cenário se mantém incerto, com foco na política econômica dos Estados Unidos. Assim, como segue vendo “certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo”.
“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, apontou.
Assim, o comitê diz que o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária, e que “seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Mercado vê cautela e queda só em 2026
De acordo com o Thomás Gibertoni, sócio e Portfólio Manager da Portofino Multi Family Office, a decisão do Copom reforça uma postura cautelosa diante de um cenário que combina inflação ainda resiliente, expectativas pouco ancoradas e um ambiente internacional incerto.
“Na prática, o Copom reconhece que a taxa atual é elevada e tem impactos relevantes sobre a atividade, mas prefere esperar sinais mais claros de convergência da inflação antes de iniciar um ciclo de cortes. Um ponto importante é que o comunicado retirou a sinalização explícita de manutenção para a próxima reunião, o que pode indicar proximidade de um esgotamento no atual nível de juros”, ressaltou.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, a Selic termina o ano no patamar dos 15% e dificilmente terá novas altas. Segundo ele, chamou a atenção o Banco Central mencionar a moderação da atividade econômica, mas destacar a resiliência do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego a 5,6%.
Gala ressalta que a sinalização é, de fato, para o fim do ciclo de alta, mas que a Selic deve seguir em 15% ao ano até o fim de 2025. “Não tem nenhuma chance de voltar a subir juros no Brasil, nenhuma chance. Ainda mais com o câmbio vindo mais perto de R$ 5,00. O cenário que está dado é a Selic em 15% até o final desse ano, com mais dois cortes de juros do Fed, o que nos deixaria com um diferencial de juros gigante de 15% aqui e 3,75% lá”, diz.
Já de acordo com Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, o tom do comunicado do Copom veio “um pouco mais hawkish” por dois pontos, como “o trecho que falava da continuidade da interrupção do ciclo de alta foi alterado, mas a essência da mensagem não mudou muito”.
Assim também destacou que mesmo com a apreciação cambial observada nas últimas semanas e com os sinais de enfraquecimento da atividade, a projeção do modelo do BCB para o IPCA no horizonte relevante (primeiro trimestre de 2027) permaneceu estável em 3,4%.
Para o economista, a comunicação do Copom não parece compatível com a possibilidade de corte de juros em dezembro. “Acreditamos que os membros do COPOM optaram por manter um tom hawkish para potencializar ganhos de credibilidade, com o intuito de ajudar no processo redução da desancoragem das expectativas de inflação que está em curso”.
E os investimentos?
Rodrigo Girolamo Belz, especialista em Fundos e Previdência da Central Ailos, afirma que neste cenário, a renda fixa permanece como um caminho interessantes para os investidores. “Continuamos com uma oportunidade para investimentos em renda fixa, que são opções de menor risco e estão com taxas muito atrativas, além de proporcionarem bom ganho real. Ganho real significa a rentabilidade descontado a inflação”, conclui.
Segundo Antônio Sanches, analista de research da Rico, os investimentos pós-fixados continuam atrativos e que os títulos pré-fixados devem ser vistos com cautelas, mesmo que sendo uma boa opção para momentos antes de quedas de juros.
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