Desemprego volta a crescer no trimestre até fevereiro e atinge 8,6%
Alta ocorre após seis trimestres seguidos de queda. Segundo o IBGE, o país tem 9,2 milhões de desocupados, avanço de 5,5% em relação ao trimestre anterior
O mercado de trabalho brasileiro voltou a mostrar fragilidades. A taxa de desemprego subiu para 8,6% no trimestre móvel encerrado em fevereiro – aumento 0,5 ponto percentual (8,1%) em relação aos três meses anteriores. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 31/03, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Apesar do avanço da desocupação no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro de 2023, esse é o menor resultado para os três meses desde 2015 (7,5%). No mesmo trimestre de 2022, a taxa era de 11,2% (acompanhe no gráfico). Com isso, o número de desempregados avançou 5,5% e atingiu 9,2 milhões de brasileiros. Segundo o IBGE, são 483 mil pessoas a mais na comparação com o trimestre anterior. Frente a igual período de 2022 houve uma queda de 23,2% (menos 2,792 milhões).
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que esse aumento da desocupação veio após seis trimestres de quedas significativas seguidas, impactadas pela recuperação do trabalho no pós-pandemia.
“Voltar a ter crescimento da desocupação nesse período pode sinalizar o retorno à sazonalidade característica do mercado de trabalho. Se olharmos retrospectivamente, na série histórica da pesquisa, todos os trimestres móveis encerrados em fevereiro são marcados pela expansão da desocupação, com exceção de 2022”, afirma.
EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO – BRASIL
População Ocupada
O aumento do desemprego levou a uma queda da população ocupada de 1,6% (menos 1,6 milhão) contra o trimestre anterior, passando para 98,1 milhões de brasileiros. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, houve crescimento de 3%. Segundo a coordenadora da pesquisa, a população ocupada sempre tem um comportamento inverso a trajetória da população desocupada.
“Nos primeiros meses do ano, há um movimento praticamente conjugado, de retração da população ocupada e a expansão da desocupação. Isso é ligado tanto às dispensas dos trabalhadores temporários que costumam ser contratados no fim do ano quanto à maior pressão do mercado de trabalho após o período de festas”, explica Adriana.
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Sem carteira puxam retomada do desemprego
Os trabalhadores informais puxaram o aumento do desemprego na pesquisa encerrada em fevereiro. Destaque para os empregado sem carteira no setor público (-14,6%), sem carteira no setor privado (-2,6%) e o trabalhador por conta própria com CNPJ (-4,8%). O emprego formal no setor privado ficou estável após seis trimestres consecutivos de crescimento significativo (36,8 milhões).
O número de trabalhadores domésticos, estimado em 5,8 milhões de brasileiros, ficou estável. Assim como a taxa de informalidade que está em 38,9%. Além disso, não houve crescimento de ocupação em nenhum dos setores analisados pela pesquisa. Quatro deles tiveram quedas e os demais se mantiveram estáveis.
Rendimento
O rendimento médio real ficou estável em R$ 2.853 no trimestre encerrado em fevereiro. Houve aumento apenas, em relação ao trimestre anterior, nos setores de alojamento e alimentação (mais R$ 107) e serviços domésticos (mais R$ 28).
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