Notícias

Dólar fecha em R$ 6,26 após Powell indicar corte mais lento nos juros americanos

O dólar subiu ainda mais após o presidente do Fed afirmar que o banco central quer ver mais progresso na inflação

O dólar, que já estava em alta nesta quarta-feira com as preocupações fiscais, subiu ainda mais no final da tarde após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizar que os cortes de juros nos Estados Unidos devem acontecer de forma mais lenta.

Nesta quarta, o banco central norte-americano reduziu a taxa em 0,25 ponto, ao intervalo entre 4,25% a 4,50% ao ano.

Após a entrevista de Powell, as moedas de países emergentes perderam valor em relação ao dólar, inclusive o real, cuja desvalorização se acentuou. A moeda americana subiu 2,82% nesta quarta, a maior alta diária em mais de 2 anos, a R$ 6,26. Antes da reunião, o dólar ganhava 1,83%, a R$ 6,20.

Powell afirmou que a inflação americana está “de lado” e que o Fed avalia que há incertezas elevadas sobre um cenário de variação de preços mais controlada. Disse ainda que a inflação teve desempenho pior que o esperado, e que o banco central quer ver mais progresso antes de reduzir os juros de forma mais célere.

Andressa Durão, economista do ASA, disse que chamou a atenção o fato de que alguns membros do Fed incluíram em suas projeções de inflação os impactos de altas de tarifas no governo de Donald Trump. “O segundo ponto importante é que fica claro que a inflação voltou a pesar mais nas decisões do que o mercado de trabalho. Powell focou muito mais na inflação desta vez”, avaliou Durão.

Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, a decisão do Fed em si não trouxe surpresas, mas as novas projeções divulgadas mostram que os membros do Fed reconhecem maiores dificuldades no processo de desinflação.

“Não houve surpresas na decisão de hoje e o comunicado seguiu o protocolo de não oferecer pistas sobre os próximos movimentos de política monetária. No entanto, as novas projeções deixam claro que os membros do Fomc reconhecem maiores dificuldades no processo de desinflação, o que implica em projeções mais modestas sobre o ciclo de cortes de juros.”

Francisco Nobre, da XP Macro, avaliou que o comunicado da decisão do Fed foi conservador. “Ao contrário das nossas expectativas, as mudanças nas projeções para 2025 e 2026 não foram tão amenas, e parecem refletir a percepção de membros do Fomc sobre a política econômica potencial na nova administração Trump”, apontou, se referindo à possibilidade de aumentos em tarifas. “Na nossa visão, a comunicação do Fed foi hawkish [indicadora de juros mais elevados], sugerindo espaço limitado para taxas de juros menores à frente, reforçando nossa visão de ausência de queda de juros na reunião de janeiro.”

Na avaliação de Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a inflação americana ainda elevada mantém o Federal Reserve atento. “A inflação americana ainda elevada mantém o Fed vigilante, o que pode limitar no período de médio prazo o movimento de queda de juros”, disse.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.