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Dólar passa a ser cotado abaixo de R$ 5,30. É hora de comprar?

Dólar voltou a ser cotado abaixo dos R$ 5,27 nesta terça-feira (23), no menor patamar desde junho do ano passado

O dólar talvez seja uma das variáveis econômicas mais difíceis de prever. Seu preço em reais depende de inúmeros fatores, que envolvem desde a economia brasileira, a americana, até guerras e conflitos geopolíticos em todo o mundo. Por isso, é praticamente impossível prever se a cotação da moeda americana vai cair mais, ou se vai engatar uma alta e subir de forma significativa nos próximos pregões.

Fato é que o dólar voltou a ser cotado abaixo dos R$ 5,27 nesta terça-feira (23), no menor patamar desde junho do ano passado. Por isso, muita gente volta a se perguntar se é hora de comprar, ou se é melhor esperar a cotação cair mais.

Além de afetar o bolso, o dólar tem impactos relevantes na economia brasileira, lembra Gustavo Marques, economista e sócio da The Hill Capital. “Até 2025, sem dúvidas, devemos conviver com volatilidade, guiada por Fed e disciplina fiscal do país”.

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O que pesa para o enfraquecimento do dólar?

“Vemos espaço para mais quedas de curto prazo, mas acreditamos que estamos em uma boa janela de compra ao mesmo tempo”, resume Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.

Segundo ela, a perspectiva é de uma continuidade do enfraquecimento do dólar no mundo, “tanto porque o ciclo de cortes de juros deve continuar quanto por uma movimentação mais estrutural de instituições, governos e investidores rumo a uma diversificação das suas reservas de valor”.

Gustavo Marques, economista e sócio da The Hill Capital, explica: “o dólar perde fôlego quando o Fed corta juros e os emergentes, como o Brasil, passam a oferecer maior retorno. Com isso, o capital sai da economia americana e migra para países emergentes como o Brasil”, diz.

De um lado, com juros mais baixos a remuneração de manter caixa em dólar perde atratividade e estimula posições em outras teses e economias. “O carry trade em reais, por exemplo, se torna atrativo com o diferencial de juros atual, e posições em teses de risco (incluindo emergentes) tendem a receber um estímulo com a queda na remuneração das Treasuries”, completa Paula. “Na outra ponta, a busca pela diversificação das reservas também se associa a um movimento de menor exposição aos EUA”.

Riscos de alta

Para Paula Zogbi, domesticamente, porém, há riscos de alta para o dólar. “A aproximação das eleições adiciona elementos de incerteza ao cenário, e a situação fiscal do país segue desafiadora. Provavelmente a Selic atingiu seu pico do ciclo atual, e cortes podem começar ainda no final de 2025 ou início de 2026”, diz.

Harrison Gonçalves, CFA Charterholder e membro do CFA Society Brazil, lembra que fatores domésticos podem pesar contra o real, por uma valorização do dólar. “Eventos extremos no Brasil, como deterioração fiscal grave sem resposta do Banco Central, poderiam fazer o dólar se apreciar pontualmente frente ao real”, explica.

É hora de comprar dólar?

Para Paula Zogbi, “com tudo isso no radar, e nos patamares atuais, se posicionar em dólares é uma estratégia interessante para continuar se protegendo dos riscos, especialmente os de médio e longo prazo, e principalmente se o objetivo for investir”.

Gustavo, da The Hill, complementa: “esperar o câmbio perfeito, na minha opinião, é ilusão. A melhor estratégia é comprar aos poucos, seja para viagem ou investimento. Assim, é possível diluir os riscos e não ficar refém de movimentos bruscos, que podem mudar de um dia para o outro”.

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