“É inquestionável a contribuição do mercado de capitais para o desenvolvimento de cadeias estratégicas”, diz presidente da Anbima
Carlos André, da Anbima, e José Pedro Nascimento, da CVM, destacaram crescimento e modernização do mercado de capitais
O mercado de capitais se desenvolveu, ganhou novos instrumentos e se consolida como fonte relevante de financiamento das cadeias produtivas do Brasil, avalia Carlos André, presidente da Anbima, durante abertura do Anbima Summit 2025. “Nos últimos 26 anos em que realizamos esse evento, tivemos mudanças regulatórias e operacionais, novos produtos, crescimento da base de investidores e ampliação do perfil das casas associadas a Anbima”, disse.
João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), também presente na abertura do evento, destacou ainda a liderança do Brasil na região. “O Brasil não pode exportar seu mercado de capitais. Diferente de outros países da região, como Argentina e México, o Brasil tem um mercado de capitais forte e pujante. As nossas distribuições públicas de valores mobiliários acontecem aqui. Podemos ser um hub da região, assim como Luxemburgo é para a Europa”, disse.
Crescimento e democratização do mercado
Tanto Carlos André quanto Nascimento destacaram o crescimento do mercado nos últimos anos, e o movimento de democratização dos investimentos. “O mercado de capitais não atende somente ao topo da pirâmide social. O pequeno investidor também vislumbra no mercado de capitais um caminho para proteger seu patrimônio e no final das contas alcançar seus sonhos”, disse Carlos André.
Segundo ele, o patrimônio da indústria de investimentos no Brasil passou de R$ 210 milhões para quase R$ 10 trilhões nos últimos 25 anos. Ao longo desse período, o mercado de capitais ganhou também novos instrumentos, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros).
João Pedro Nascimento citou ainda a aceleração do crescimento do mercado de capitais nos últimos anos. “De 2022 a 2025, o Brasil passou por desafios no contexto macroeconômico, associados a política de juros, questões de controle de gastos no contexto do arcabouço fiscal. E os indicadores macroeconômicos produzem efeitos no mercado de capitais”, disse. Mesmo assim, “olhando para fotografia de março de 2025, tem mensagens interessantes. O tamanho da indústria de fundos de investimentos no Brasil ultrapassou R$ 9,5 trilhões. É uma indústria gigante, sofisticada, comparável aos maiores países do mundo, e cheia de oportunidades”.
No ano de 2023, a indústria de fundos conviveu com captação líquida negativa, disse Nascimento, mas ainda assim, o saldo no período teve variação positiva em aproximadamente 11,5%, disse ele. “O ano de 2024 teve sinalização mais positiva, com mais aplicações que resgates, o que reflete o otimismo com relação à indústria de fundos de investimentos. O primeiro trimestre de 2025 voltou a ter mais resgates, mas saldo segue batendo recordes anteriores”.
Renda fixa cada vez mais sofisticada
Carlos André destacou também que 2024 foi um ano de recorde de emissões de títulos de renda fixa, e que o primeiro trimestre de 2025 já registrou novos recordes. “Com o amadurecimento desse mercado, os prazos das emissões foram alongados”, afirmou. Além disso, houve uma alta relevante nas negociações no mercado secundário de títulos de renda fixa.
“A predominância da renda fixa é um fato”, disse ele, e envolve fatores além da indústria de investimentos. No entanto, ele destaca ser importante entender que o mercado de renda fixa tem ganhado mais sofisticação ao longo do tempo. “A renda fixa ganhou relevância e tem cumprido um papel importante do mercado de capitais no financiamento do setor produtivo. É um caminho sem volta, assim como a internacionalização dor portfolios, tanto de fundos de investimento e investidores finais”.
Carlos André comentou também a relevância crescente do mercado para o financiamento de atividades produtivas no Brasil. “O papel do mercado de capitais na economia é inquestionável na contribuição para desenvolvimento de cadeias produtivas estratégicas para nossa economia. Segmentos como energia elétrica, transporte, logística, comércio, agronegócio e infraestrutura têm o mercado de capitais como importante fonte de financiamento”. E essa participação vem ganhando espaço, afirmou Carlos André. Segundo ele, o estoque em mercado de CRAs e Fiagros hoje equivale a 31% do saldo total do crédito rural, ante 19% quatro anos atrás.
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