Eleição americana e covid na China afetam mercado internacional
Indefinição das eleições para o Congresso americano leva as bolsas do país para o negativo; casos de covid na China seguem afetando produção da Apple
O mercado financeiro dos Estados Unidos opera no negativo nesta quarta-feira, 09/11, reflexo da indefinição nas eleições americanas de meio de mandato. Nesse pleito são eleitos os parlamentares para a Câmara e a renovação de um terço do Senado. Os dados de inflação, que serão divulgados nesta quinta-feira pelo departamento de Trabalho americano, também estão no radar dos investidores.
O Dow Jones opera em queda de 1,50%, a 32.663 pontos às 15h45, enquanto o S&P 500 perde 1,08%, a 3.786 pontos, e o Nasdaq recuava 2,08%, a 10.394 pontos. A demissão de mais de 11 mil funcionários da Meta Platforms, dona do Facebook pesa no resultado da bolsa de tecnologia americana.
O Partido Democrata, do presidente Joe Biden, tem se saído melhor do que o esperado, mas ainda não é possível cravar que partido vai controlar o Congresso americano. É comum, na eleição de meio do mandato, o partido do governo perder a maioria em ao menos uma das casas do Congresso. Analistas internacionais acreditam que o resultado ainda demore dias para ser divulgado. No caso do Senado, pode ficar para dezembro.
“É uma coisa que deve perdurar aí pelos próximos dias. Eles [Partido Democrata] tiveram um desempenho um pouco melhor. No Senado ficou no meio a meio, mas talvez um pouco mais para o Biden. Na Câmara eles devem perder e as pautas mais de bombas fiscais não vão ter mais espaço. A questão agora é observar”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
Covid acelera e inflação abranda na China
Na China, a inflação ao consumidor desacelerou em outubro para 2,1%, ante 2,8% em setembro. O resultado, que ficou abaixo da expectativa dos economistas, reforça a fraqueza da economia do país asiático em meio aos danos econômicos causados pela política de tolerância zero aos casos de Covid-19.
“A atividade econômica chinesa está tentando deixar o pior momento para trás. Só que uma das grandes fragilidades da sua perspectiva econômica, são justamente essas paradas e retomadas”, explica Marco Caruso, economista-chefe do banco Original.
Nesta quarta-feira, o governo chinês informou que quase 19 milhões de habitantes – de cinco distritos de Guangzhou precisaram passar por teste em massa. A cidade é um importante centro portuário e manufatureiro do país. Por lá, as infecções superaram a marca de 2.000 por dois dias consecutivos. Em toda a China, os casos atingiram o nível mais alto desde 30 de abril deste ano.
O economista do Banco Original explica que o governo chinês tem feito políticas de estímulo ao crédito com o corte de juros, mas que as paradas acabam segurando a melhora do varejo e da indústria.
“Todos aqueles ativos que têm algum tipo de ligação com a China – grande comprador de commodities – acabam sofrendo com os preços e com as incertezas sobre a força da atividade econômica do país. Esse tipo de política coloca uma interrogação na cabeça do mercado sobre a velocidade e a consistência de uma possível recuperação chinesa”, explica Marco Caruso.
Produção da Apple segue prejudicada
A maior fábrica de iPhones do mundo, que fica na cidade de Zhengzhou na China, segue sujeita às restrições para frear a covid. A informação foi confirmada pela agência Bloomberg. Autoridades da China suspenderam o lockdown no distrito onde a unidade está localizada, mas disseram que algumas áreas ainda são consideradas de alto risco.
A Apple informou que com a decisão, o fluxo de entrada e saída de produtos e pessoas na principal base de produção da empresa permanece reduzido. E que o problema pode causar impacto ainda maior nas entregas de smartphones durante a temporada de Natal nos Estados Unidos.