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“A B3 é uma empresa pronta para performar independente do cenário econômico”, diz Gilson Finkelsztain

Diversificação de receita da companhia e crescimento de outros segmentos, como derivativos e balcão, foram destaque no B3 Day

Apesar do cenário de juros elevados, as perspectivas para o desempenho da B3 no ano de 2025 são positivas, reforçou Gilson Finkelsztain, CEO da bolsa do Brasil, durante o B3 Day, que aconteceu nesta quarta-feira (18/12). “A gente plantou todas as sementes nos últimos anos, por isso somos muito confiantes de que nosso negócio possa ir bem mesmo em cenário adverso”, afirmou ele.

Ao longo de sua apresentação, Finkelsztain reforçou que, nos últimos anos, a B3 diversificou suas fontes de receita e produtos. “A estratégia da companhia continua em fortalecer o core business, que é ser a plataforma brasileira que viabiliza o funcionamento do mercado de capitais, provendo uma infraestrutura robusta e resiliente”, diz Gilson Finkelsztain. “Além de fortalecer o core business a gente tem oportunidade de diversificar o negócio em torno do core business e com estratégias que tenham potencial de criar novas receitas.”

Segundo o CEO, foi justamente a diversificação das receitas que garantiu um faturamento relativamente estável mesmo em um cenário econômico adverso nos últimos anos – já que os juros elevados tendem a reduzir a atividade de investidores em renda variável. Dos R$ 10,4 bilhões em receita da B3 em 2024 (últimos 12 meses), o mercado à vista representa 19%. O de derivativos representa uma fatia de 33%, e o de balcão, 16%.

“O faturamento da empresa oscilou muito pouco nos últimos anos, mesmo com mudanças do cenário econômico, a gente acabou sentindo pouco o impacto desse decréscimo do mercado à vista”, afirma Finkelsztain. “A diversificação dos negócios garantiu que a gente mantivesse faturamento acima de R$ 10 bilhões”.

Segundo ele, “vemos que o giro no mercado de ações está muito próximo de um piso. Mesmo com um ciclo de taxa de juros elevada e aperto monetário, o giro tem se mostrado relativamente estável, ao redor de R$ 24 e R$ 25 bilhões”, diz.

O CEO destacou ainda que o segmento à vista também tem crescido em diversificação, com o aumento dos volumes de negócios de fundos imobiliários, ETFs e BDRs. Além disso, o número de BDRs listados aumentou de 467 em 2019 para 1.074 em 2024, com um crescimento de 2.054% no volume diário de negociação. O número de ETFs também aumentou, de 24 para 94 em 2024, e crescimento de 150% no volume financeiro, enquanto o número de FIIs passou de 180 para 509, com crescimento de 132% no volume médio diário.

“Esse modelo diversificado se mostra bastante robusto mesmo em cenário de juro alto. Mesmo em cenário de juro elevado, a gente consegue manter crescimento de 2 dígitos na maior parte dos nossos negócios”, diz. “Apesar de a gente carregar bolsa no nome, a B3 é muito mais do que a bolsa do Brasil”.

Derivativos

O crescimento do mercado de derivativos nos últimos anos foi relevante, com uma média acima de 10,7 milhões de contratos ao dia nesse ano, de 5,4 milhões em 2019. “No mercado de juros, a família DI pode ser muito mais ampliada, com opções de juros, de inflação, combinação de estratégia de taxas de juros e alongamento de prazos”, diz o CEO da bolsa do Brasil. “Temos certeza que o mercado brasileiro tem muito a crescer além de futuro de Ibovespa e dólar, e outros que mostram grande potencial, como futuro de bitcoin”.

Balcão

“O mercado de balcão está crescendo, devagar e sempre, em importância e receita. É um mercado que se beneficia de juros mais altos, dada a exposição aos mercados de renda fixa, então a gente se beneficia no longo prazo desse efeito de juros mais altos”, diz Finkelsztain.

“Isso mostra também um crescimento robusto da atividade do mercado de capitais. Hoje, mercado de capitais é grande fonte de financiamento das empresas no Brasil, nem sempre foi assim”, destaca o CEO da B3. Em 2024, a B3 superou R$ 553 bi de emissões de debêntures, CRIs e CRAs.

Além disso, o CEO destacou o crescimento da liquidez no mercado secundário de debêntures, que saiu de R$ 1 bilhão em 2020 para R$ 2,9 bilhões em 2024 até agosto.

O mercado secundário de renda fixa, inclusive, é outra aposta da B3 para continuar a crescer. “O momento que a gente vive no mercado de renda fixa é excepcional, com crescimento na base de clientes, emissores, volumes e negociação em mercado secundário”, resume Luiz Masagão, head comercial e de clientes da B3. E é um segmento onde a empresa também vê oportunidades para crescer mais.

Segundo Masagão, o mercado secundário de renda fixa, especialmente, ainda é muito analógico, e por isso há muito potencial de digitalização. Nesse sentido, o executivo explica que a B3 tem trabalhado no desenvolvimento de uma plataforma de negociação de títulos de renda fixa no mercado secundário, chamada de TradeMate, que já está operando com o registro das operações.  No futuro, essa vertente pode se desdobrar em mais serviços e produtos, como dados e criação de índices e derivativos, por exemplo.

“A renda fixa será uma das principais avenidas de crescimento para a companhia”, completou André Milanez, diretor financeiro e de relações com investidores. “A gente está vendo o mercado de capitais assumindo protagonismo, assumindo um papel que o BNDES fez por algum tempo e depois os bancos. E a gente começa a ver outras oportunidades de negócio, além de incentivar o mercado secundário”, diz.

Pessoa física

Outro foco da B3 tem sido a aproximação direta com as pessoas físicas. Hoje, há mais de 90 milhões de pessoas com algum contato com a B3, e para esse público, existem três estratégias principais.

Para as pessoas que têm, especialmente, CDBs automáticos (como as contas que rendem automaticamente), o objetivo é oferecer novas soluções e produtos, em especial do Tesouro Direto.

Já para aqueles investidores mais sofisticados e que têm maior diversificação de produtos, que somam aproximadamente 2,1 milhões, o foco é crescer a área do investidor, plataforma que faz a consolidação de informações financeiras. “Acreditamos que podemos desenvolver soluções de valor agregado, e a gente quer continuar crescendo e acredita que tem potencial monetizável”, diz Masagão.

Para os investidores adeptos do day trade ou swing trade, a empresa vê potencial em criação de novos produtos, como novos futuros de criptomoedas, futuros de ouro ou opções diárias e semanais.

Além disso, a expectativa é conseguir começar a atender outro nicho de clientes: os não residentes no Brasil. “Começou a surgir uma demanda de clientes lá fora que gostariam de dar acesso a seus investidores ao mercado brasileiro”, explicou André Milanez, diretor financeiro e de relações com investidores.

A perspectiva é ter uma solução que permita isso já em 2025. A projeção da B3 é de um mercado endereçável de 250 mil pessoas.  “No primeiro momento, imaginamos que isso vai estar mais direcionado a produtos de derivativos e ações, mas a gente vê até espaço para ampliar isso. O potencial é bastante interessante”, diz.

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