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Americanas anuncia grupamento de ações e aumento de capital. O que muda para o investidor?

Americanas está em recuperação judicial após anunciar rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço

Na noite desta terça-feira (22/05), a Americanas anunciou que fará um aumento de capital de até R$ 40,7 bilhões e também irá realizar um grupamento de suas ações, na proporção de 100 para 1. Mas o que isso significa para os investidores e acionistas da varejista?

A empresa está em recuperação judicial. No ano passado, então presidente da companhia, Sergio Rial, renunciou ao cargo após identificar um rombo de ao menos R$ 20 bilhões no balanço contábil. Desde então, o preço das ações da empresa caiu mais de 90%. Relembre os fatos aqui.

Aumento de capital

O aumento de capital poderá vir de duas fontes: os acionistas de referência, que irão injetar R$ 12 bilhões na empresa, em troca de novas ações, e dos acionistas minoritários, que receberão o direito de subscrição de ações e poderão comprar novos papéis emitidos pela companhia. Somando ambos, serão emitidas, no mínimo, 9.437.503.566 e, no máximo, 31.333.554.060 novas ações ordinárias.

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“Vai ser uma entrada no caixa da empresa, que consequentemente vai ter capacidade de amortizar parte da dívida”, afirma José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School. Segundo ele, esse é o evento de maior impacto para a companhia, e consequentemente para as ações.

“Não é segredo para ninguém que Americanas está enfrentando uma situação difícil”, lembra Pierre Oberson de Souza, professor de finanças da FGV EAESP. “A sinalização de um aporte de capital mostra que os acionistas [de referência] estão dispostos a injetar mais dinheiro na companhia, é um sinal de confiança e uma tentativa de reerguer a empresa”, afirma.

Com o capital novo em caixa, a empresa deve conseguir fôlego para renegociar suas dívidas com credores, fornecedores e demais stakeholders envolvidos no processo de recuperação judicial.

Os investidores minoritários que já são acionistas da Americanas receberão o bônus de subscrição, que é o direito a comprar novas ações da empresa. Esse direito pode ser exercido ou não, e pode, inclusive, ser vendido a outro investidor, que queira comprar as ações.

Grupamento de ações

Será feito também um grupamento de ações da varejista, na proporção de 100 ações ordinárias ou bônus de subscrição para 1 ação ou bônus de subscrição da mesma espécie.

“O agrupamento nada mais é do que pegar 100 ações e transformar em uma. Hoje, a ação da Americanas está valendo R$ 0,53. Na hora que agrupa em 100, faz com que o valor vá para R$ 53 por ação”, explica Souza Filho, da FIA. Segundo ele, isso tem um efeito mais psicológico do que prático.

“Do ponto de vista do investidor, parece que está comprando algo de maior valor. Em segundo lugar, é uma questão mais sutil. Se a ação varia de R$ 0,53 para R$ 0,56, é uma variação percentual muito grande, mas como os valores são muito pequenos, acabam mascarando essas variações”, diz Souza Filho.  

Oberson de Souza, da FGV, tem uma visão parecida. “Do ponto de vista de mercado, esses processos [de grupamento] são quase irrelevantes”, diz. “É um processo natural, que toda empresa que tem uma ação valendo centavos acaba fazendo. Para o investidor, basicamente, nada vai mudar. O total investido em ações da Americanas vai ficar igual, o que muda é o número de ações”, afirma. Vale lembrar que o investidor não precisa fazer nada para que o grupamento seja feito, isso acontece automaticamente.

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