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Americanas fecha acordo com credores de 35% da dívida e terá capitalização de R$ 24 bi

Injeção de recursos será dividida entre o trio de acionistas da companhia e os credores. Aditamento será protocolado ao plano de recuperação judicial junto à Justiça do Rio

Fachada das Lojas Aamericanas
BTG, Bradesco e Safra são alguns dos credores. Foto: Adobe Stock

A Americanas anunciou nesta segunda-feira, 27/11, que firmou um acordo com seus principais credores financeiros em torno do seu plano de recuperação judicial. Segundo o comunicado, os envolvidos concordaram em dar “suporte” ao plano e votar a favor dele na assembleia geral de credores, que acontece no dia 19 de dezembro.

A varejista receberá uma capitalização de R$ 24 bilhões, sendo R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e outros R$ 12 bilhões em conversão de dívida por parte dos credores.

A previsão é que durante a implementação do plano, a dívida bruta da Americanas caia para R$ 1,87 bilhão. Atualmente, segundo dados de 2022, a dívida bruta da companhia é de R$ 37,3 bilhões.

Segundo o comunicado, após a conclusão do aumento do capital, será realizada uma assembleia geral de acionistas para deliberar sobre eleição de novo conselho de administração com mandato de dois anos.

Durante o encontro, também será definido o destino de R$ 8,7 bilhões para pagamentos de credores financeiros, através de leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou pagamento antecipado de créditos com desconto (R$ 6,7 bilhões).

Pagamento das dívidas

O acordo aceito pelas empresas corresponde a mais de 35% de dívida da companhia (“credores apoiadores”), mas há também outros interessados que podem elevar o apoio de maneira não-vinculante para mais de 50%.

Entre os principais termos do compromisso estão:

  • pagamento de credores das classes I e IV (trabalhistas e pequenos empreendedores);
  • pagamento integral para credores com créditos de até R$ 12 mil;
  • disponibilização de R$ 40 milhões para aqueles credores com créditos superiores a R$ 12 mil, e que aceitem renunciarem ao valor excedente.

Em nota ao mercado, o CEO da Americanas, Leonardo Coelho, afirmou que o acordo é um marco importante no processo de recuperação judicial.

“E um significativo progresso da Americanas no caminho para a nossa meta de emergir como uma empresa mais forte, mais competitiva, preservando a importante atividade econômica que representa e os milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país”, disse.

Futuro da recuperação judicial

A Americanas informou que caso todas as aprovações previstas na assembleia se confirmem, há uma previsão de que as ações emitidas durante o aumento de capital terão seu preço de emissão ajustado em 1,33 vez o valor médio dos papeis nos 60 dias anteriores ao encontro.

Como garantia para toda essa proposta de arrumar as contas da varejista, a Americanas diz que conseguiu uma linha de fianças bancárias ou seguros-garantia no valor de R$ 1,5 bilhão. Esses recursos ficam disponíveis por até dois anos da conclusão da etapa de reestruturação ou até o fim da RJ, o que ocorrer primeiro.

Em contrapartida dessa garantia, o comunicado afirmou que todos os credores elegíveis e que assinarem o plano terão direito assegurado ao recebimento de uma parcela dos R$ 1,5 bilhão antecipado de créditos no montante total de R$ 6,7 bilhões previsto no plano. Ou seja, sobem para o início da fila para receber os débitos.

Relembre o caso No início do mês, após quase um trimestre de atraso, a varejista publicou os seus resultados financeiros de 2022 e republicou os números de 2021. Foi o primeiro balanço divulgado desde a fraude encontrada nas suas contas em janeiro.

A Americanas registrou um prejuízo líquido de R$ 12,9 bilhões no ano passado, o dobro do valor de 2021 (R$ 6,23 bilhões). Anteriormente, a empresa havia divulgado lucro líquido de R$ 731 milhões.

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