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Entenda como o conflito no Oriente Médio pode impactar o mercado financeiro

Incertezas após o ataque surpresa do Hamas a Israel no sábado e o início da guerra contra o grupo terrorista mexe com os ativos. Principal impacto está na alta do petróleo

Faixa de Gaza, Oriente Médio. Foto: MAHMUD HAMS/AGENCE FRANCE PRESSE/Estadão Conteúdo
Colunas de fumaça escura atrás de arranha-céus na Cidade de Gaza durante ataques aéreos israelenses, nesta segunda-feira, 9 de outubro de 2023. Foto: MAHMUD HAMS/AGENCE FRANCE PRESSE/Estadão Conteúdo

Os mercados financeiros globais acordaram abalados diante das incertezas geopolíticas no Oriente Médio causadas pelo impacto dos ataques do Hamas a Israel no fim de semana e a declaração de guerra do país ao grupo terrorista.

A principal preocupação dos investidores é se o conflito vai ficar restrito a Israel e a Faixa de Gaza ou pode se propagar para outras regiões do Oriente Médio, grandes produtoras de petróleo.

A Faixa de Gaza é um território controlado pelo Hamas, que jurou destruir Israel e travou várias guerras com o país desde que assumiu o poder em Gaza em 2007.

Nesta segunda-feira, 09/10, os contratos futuros da commodity abriram o pregão em forte alta, com receios de problemas no fornecimento.

O futuro do petróleo tipo Brent, referência mundial, para o mês de dezembro subia 3,71%, a US$ 87,69 o barril. Já a referência americana do WTI (West Texas Intermediate) para o mesmo mês avançava 3,72%, negociado a US$ 84,30 o barril.

Importante pontuar que Israel tem um papel baixo na produção global de petróleo. No entanto, uma possível escalada do conflito para países árabes pode levar a problemas de abastecimento.

O Irã, por exemplo, é um importante produtor de petróleo mundial e um ferrenho apoiador do grupo terrorista Hamas. O país também tem relações conturbadas com os Estados Unidos, principal aliado de Israel, o que poderia restringir embarques da commodity.

O economista André Perfeito explica que a força dos ataques de Israel a Faixa de Gaza pode levar a morte de vários palestinos e que essa ofensiva pode levar a reação de países árabes como Irá, Arábia Saudita e Catar.

“Uma dor profunda falar deste horror e tentar fazer ponderações econômicas, mas me parece que o barril de petróleo irá seguir em alta na esteira da reação israelense enquanto se tenta observar a reação dos outros países da região”.

Para a equipe de economistas da Guide Investimentos, o maior risco para o mercado envolve o impacto inflacionário que os eventos do fim de semana podem causar nos preços da energia.

“Ainda está muito cedo para dizer que o ataque terá algum impacto prolongado no preço das commodities. De toda forma, cabe acompanhar a evolução do conflito, principalmente nesses primeiros dias, quando a incerteza ainda reina”, afirma.

Mercado de ações e câmbio

Em relação ao mercado de ações e de câmbio, os investidores ainda montam posições nesta segunda-feira.

Por um lado, os agentes de mercado precisam determinar se o risco do conflito se alastrar vai levar a uma corrida ao dólar. Por outro, analisam se a guerra pode levar a um novo surto de inflação e consequente alta dos juros, o que pode elevar o rendimento de títulos da dívida.

“Provavelmente o mercado irá manter o tom cauteloso uma vez que o Hamas capturou dezenas de israelenses como reféns, logo o exército não poderá abrir fogo indiscriminado, mas esta situação deverá ser “resolvida” até o fim da semana”, conclui Perfeito.

Na manhã de hoje, a Bolsa do Brasil (B3) acompanhava seus pares internacionais e operava em leve queda. Já o dólar estava em leve alta, cotado a R$ 5,16.

Impactos para o Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta segunda-feira que o conflito entre o Hamas e Israel deve trazer volatilidade aos preços de combustíveis, em especial ao diesel.

“Não tem o que fazer muito mais do que já estamos fazendo. O principal efeito é a volatilidade do diesel.”

Ainda segundo o executivo, a estatal “está fazendo a sua parte” e o cenário vai mostrar que a “política de preços está dando certo”.

A declaração foi dada durante um evento da evento organizado pela Câmara de Comércio Noruega e Brasil, no Rio de Janeiro.

Em um outro evento, ao falar sobre o conflito, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o cenário internacional mais desafiador é compensado por um ambiente doméstico benigno.

“O Brasil consegue, apesar disso, seguir em um ciclo de corte de juros em um ‘pace’ que foi sinalizado desde agosto. Primeiro porque a inflação vem apresentando comportamento benigno, tivemos surpresas positivas no crescimento e na inflação”.

Conflito entre o Hamas e Israel

Cerca de mil combatentes do Hamas, lançaram 5 mil foguetes e entraram por terra, mar e ar em Israel no último sábado, 07/10. Ontem, o conflito alastrou-se com o início das operações de Israel para combater o grupo extremista. Mais de 1.100 pessoas morreram desde que eclodiram os combates.Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.