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Fed deve cortar juros, em meio a apagão de dados sobre economia

Comunicado e fala de Jerome Powell podem ajudar investidores a ajustar posições para próximas reuniões

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anuncia sua decisão de política monetária nesta quarta-feira (29), às 15h (horário de Brasília). A expectativa do mercado aponta para uma chance de 99,9% de um corte de 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 3,75% e 4,00%.

Apesar da projeção quase unânime de cortes, esta reunião é importante para o mercado ajustar suas projeções quanto aos próximos passos que serão tomados pelo Fed na condução da política monetária.

Além da decisão de hoje, Jerome Powell tem mais quatro reuniões como presidente do Fed. E se as expectativas estão consolidadas para a decisão de hoje, o mercado se divide quanto às próximas: 42,3% dos investidores apostam em três cortes de 0,25 ponto porcentual até abril, 25,5% apostam em quatro cortes, e 24,5% esperam apenas dois cortes nas próximas reuniões.

Powell tem recebido críticas pesadas do presidente americano Donald Trump, que pressiona a autoridade monetária por cortes mais agressivos. Além disso, em meio a uma das maiores paralisações do governo americano, o Fed chega a esta reunião com poucos dados sobre a economia. Isso porque a paralisação suspendeu a divulgação da maioria das estatísticas econômicas oficiais que o Fed utiliza para definir as taxas de juros e direcionar a economia.

Os membros do banco central concordaram no mês passado em começar a cortar as taxas de juros pela primeira vez desde dezembro, alegando que os dados até agosto mostraram um mercado de trabalho em declínio. No entanto, se a falta de dados persistir por muito mais tempo, os membros do banco central podem recorrer à mesma estratégia que frustrou Trump no início deste ano: manter as taxas inalteradas até que haja maior clareza.

“O Fed pode concluir que há muita incerteza devido à falta de dados governamentais e optar por um ritmo de cortes de juros mais lento do que o esperado”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, à CNN.

O relatório mensal de empregos de setembro ainda não foi divulgado. E embora os dados da inflação tenham sido publicados na sexta-feira, com dados abaixo do esperado pelo mercado, a Casa Branca alertou que a paralisação “provavelmente resultará na ausência do relatório de inflação de outubro”.

Vale lembrar, ainda, que o próprio shutdown tem seus efeitos na economia. Desde o começo de outubro, centenas de milhares de funcionários públicos federais estão em licença não remunerada e muitos serviços foram suspensos até que democratas e republicanos consigam chegar a um acordo sobre o orçamento para o ano fiscal. Com o prolongamento do shutdown para sua quarta semana, economistas alertam que o impacto no PIB pode ser duradouro. “Quanto mais tempo a paralisação continuar, mais nos preocupamos com esses efeitos mais permanentes na economia”, afirmou Andrew Hollenhorst, economista-chefe do Citi, ao Financial Times.

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