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Fed reduz juros, mas fala de Powell coloca dúvida sobre continuidade de cortes

Taxa de juros no país foi reduzida em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 3,75% e 4,00% ao ano

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduziu a taxa de juros no país em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 3,75% e 4,00% ao ano, em decisão amplamente esperada pelo mercado. Minutos antes da decisão, investidores precificavam 97,8% de chance de uma redução dessa magnitude. A decisão do Fed não foi unânime. Assim como na reunião anterior, Stephen I. Miran votou por um corte maior, de 0,50 ponto porcentual. Jeffrey R. Schmid votou pela manutenção dos juros no patamar anterior.

“Os indicadores disponíveis sugerem que a atividade econômica tem se expandido em um ritmo moderado. Os ganhos de emprego desaceleraram este ano, e a taxa de desemprego aumentou ligeiramente, mas permaneceu baixa até agosto; indicadores mais recentes são consistentes com esses desenvolvimentos. A inflação aumentou desde o início do ano e permanece um pouco elevada”, disse o comitê, em comunicado.

Fala de Powell faz bolsas de NY mudarem direção

O mercado não registrou fortes reações depois da divulgação do comunicado do Federal Reserve, mas a fala de Jerome Powell alterou as percepções quanto à decisão do comitê em dezembro, o que fez as bolsas de Nova York mudarem de direção. Durante a fala de Powell, os índices Dow Jones e S&P 500 passaram a cair. O Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, manteve alta, mas em ritmo menor.

No Brasil, o Ibovespa B3 reduziu os ganhos e, perto das 16h, subia 0,89%. Já o dólar inverteu o movimento e passou a subir em relação ao real, alcançando a máxima do dia, cotado aos R$ 5,3671.

Antes da coletiva de Powell, o mercado precificava 85,4% de chance de mais um corte de 0,25 p.p. Durante a fala do presidente do Fed, as chances de corte caíram para 65%.

Repercussão

A decisão não surpreendeu o mercado. “O que ficou claro nesta decisão foi o reforço do foco do Fed no mercado de trabalho, mais do que na inflação”, aponta Marcos Moreira, sócio da Garten Capital. “Além disso, a postura de que ainda aguardam efeitos das medidas tarifárias reforça a visão de maior cautela e dependência de dados em relação as próximas decisões, ou seja, a porta para corte de juros em dezembro não está totalmente aberta”, completa.

“A decisão ocorre em um contexto de paralisação do governo norte-americano, que suspendeu a divulgação de diversos indicadores oficiais, como o Payroll, dificultando uma leitura completa do cenário econômico — com exceção dos dados de inflação de setembro, publicados de forma excepcional. Apesar dessa limitação, o Federal Reserve tem recorrido a fontes privadas e levantamentos regionais, inclusive de seus próprios distritos, para acompanhar o desempenho da economia”, comentou Gustavo Sung, economista-chefe Suno Research.

Ariane Benedito, do PicPay, complementa que além da redução da taxa de juros, o Comitê decidiu encerrar o processo de contração de seu balanço a partir de 1º de dezembro, interrompendo a redução de suas posições em títulos do Tesouro e em papéis hipotecários. “A medida marca o fim do ciclo de enxugamento de liquidez iniciado em 2022, e é vista como um sinal de flexibilização adicional, em linha com a percepção de que o sistema financeiro deve operar em condições monetárias menos restritivas”, diz Ariane.

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