Finanças do casal: como falar de dinheiro no relacionamento
Conheça dicas práticas para planejar as despesas da família
Se há um tema sobre o qual um casal não pode deixar de falar é dinheiro. A responsabilidade de manter uma casa, pagar as contas e pensar no futuro é grande e deve ser compartilhada, dividida entre os dois.
A tarefa fica ainda mais complexa quando se tem filhos e outros compromissos e despesas chegam.
As finanças do casal são assunto tão sério que, muitas vezes, estão até mesmo por trás de muitos rompimentos.
Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57% dos divórcios da última década no Brasil foram motivados por problemas financeiros. Mas, afinal, como falar sobre algo tão importante e sensível sem transformar a conversa necessariamente numa desagradável D.R?
O Bora Investir selecionou algumas dicas que especialistas em finanças e planejamento financeiro dão para casais que pretendem começar essa caminhada juntos.
Conversar sobre as finanças
Pode parecer um conselho óbvio. E é mesmo. Falar sobre as finanças do casal é o primeiro passo. Até porque muitos sequer fazem isso.
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção de Crédito (SPC) e o Banco Central, revelou que 66% dos casais dizem não conversar sobre dinheiro. Outros 21% só tocam no assunto quando a situação das finanças não está boa.
Especialistas recomendam que o ideal é que o casal mantenha esse tipo de diálogo, da forma mais franca possível, desde o início do relacionamento.
Caso isso não tenha acontecido ainda, sempre é tempo para começar. Momentos que envolvem planejamento e decisões, como, por exemplo, a possibilidade de se casar, morar juntos, ter filhos ou fazer uma viagem, são algumas situações oportunas para incluir o hábito de vez na rotina.
Conhecer a renda do casal e organizar um orçamento
Saber quanto entra de dinheiro na casa durante o mês é o ponto fundamental para definir o valor máximo de despesas que a família poderá ter sem se endividar.
Transparência é a palavra aqui. Só sabendo o quanto ganha e pode gastar junto, o casal poderá planejar o futuro e pensar em investir ou guardar dinheiro para a aposentadoria.
Acertar a divisão das despesas
Há várias formas de definir como as despesas do casal devem ser divididas. Não há uma receita única e infalível.
Ambos trabalham e têm outro tipo de renda? Se sim, ganham salários parecidos ou muito diferentes? São perguntas importantes para decidir que solução adotar.
Se os dois trabalham e têm ganhos parecidos, especialistas sugerem um caminho simples: a divisão meio a meio da conta.
E se os salários forem muito diferentes, com um ganhando muito mais que o outro? Nesse caso, o mais justo parece ser uma divisão proporcional das despesas. Quem ganha mais, paga mais.
De qualquer forma, é importante bater na tecla de que essas são apenas algumas possibilidades. O importante mesmo é que o casal converse e defina junto o modelo que achar mais adequado.
O dinheiro de cada um
Para preservar a individualidade e evitar que cada um dos parceiros precise prestar contas de todos os gastos que faz ao outro, a solução pode ser combinar uma espécie de “mesada”.
Na prática, o jeito mais simples de fazer isso seria estipulando uma quantia fixa mensal que cada um pode gastar com aquilo que quiser.
Não esconder despesas do parceiro
Um dos objetivos de separar uma “mesada” para cada parceiro é evitar que um esconda gastos e compras do outro, sabotando o planejamento financeiro da dupla.
Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mostrou que três em cada dez entrevistados admitiram já ter escondido compras do parceiro.
Cerca de 30% dos gastos omitidos foram feitos com aquisição de roupas, calçados e outros acessórios.
Outros 27% foram usados para comprar maquiagens, perfumes e cosméticos.
A justificativa de quase metade dos entrevistados para esconder as despesas – queriam evitar brigas e conflitos -, deixa bem evidente como o tema dinheiro ainda é tabu para muitos casais.
Conta conjunta ou individual?
Alguns casais preferem colocar todo dinheiro que ganham numa única conta bancária. Nesse caso, o recomendável é que, pela ordem, as despesas sejam pagas, algum dinheiro seja separado, quando possível, para investimentos ou a formação de uma reserva de emergência, e o restante seja dividido igualmente para que cada um gaste com suas despesas pessoais.
Outros casais preferem manter contas individuais e contribuir com o pagamento das faturas da casa utilizando o modelo de divisão de despesas escolhido pela dupla.
Formar uma reserva de segurança
Poucas sensações são tão desagradáveis como a de não ter algum dinheiro guardado para emergências quando elas acontecem.
Imprevistos, como um problema de saúde, uma demissão inesperada ou até uma simples máquina de lavar que quebrou no meio do mês, ficam menos amargos quando o casal tem algum recurso poupado.
É preciso ter disciplina para guardar dinheiro, seja uma pequena quantidade mensal ou até mesmo uma parte do 13º salário.
Ter metas conjuntas
Se o casal já conversa sobre finanças no dia a dia, o objetivo de guardar dinheiro para realizar sonhos no futuro pode se tornar um caminho natural.
A compra de um imóvel, a troca do carro, o pagamento da faculdade do filho ou fazer uma pós-graduação são alguns exemplos de metas que podem ser construídas a dois.
Especialistas recomendam esse tipo de planejamento, pois é uma forma de fortalecer vínculos e de ser capaz de pensar como time e não individualmente.
Incluir os filhos no papo
Se o casal tiver filhos, incluir as crianças nas conversas sobre dinheiro pode ser muito positivo. Utilizar pequenos exemplos e situações cotidianas para introduzir os pequenos no tema certamente servirá de porta de entrada para a Educação Financeira, algo que seus filhos usarão para a vida toda.
Para outras orientações sobre finanças pessoais, confira os conteúdos da B3 Educação!