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Gasolina pressiona inflação que avança 0,71% em março

Em 12 meses, IPCA desacelerou para 4,65% - um pouco abaixo do teto da meta de 4,75%. Segundo o IBGE, é o menor resultado para o período de um ano desde janeiro de 2021

Bomba abastece carro em posto. de combustível
Combustíveis têm bastante peso na inflação. Foto: José Cruz/Agência Brasil

A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,71% em março, após avançar 0,84% no mês anterior. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 11/04, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a menor taxa para o mês desde 2020. Em março do ano passado, a alta foi maior de 1,62%.

IPCA – VARIAÇÃO MENSAL

Gráfico IPCA – VARIAÇÃO MENSAL
Fonte: IBGE

Em 12 meses, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65%, ante 5,60% em fevereiro. É o menor valor para o período de um ano desde janeiro de 2021 (4,56%). Apesar da desaceleração, o resultado segue bem acima da meta (3,25%) definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No entanto, abaixo do teto da meta que é de 4,75%. Nos três primeiros meses de 2023, os preços acumulam alta de 2,09%

IPCA – VARIAÇÃO 12 MESES

Gráfico IPCA – VARIAÇÃO 12 MESES
Fonte: IBGE

Gasolina é puxada pela reoneração dos combustíveis

A gasolina foi a vilã da inflação em março e teve o maior impacto individual de 0,39 ponto percentual no índice. O combustível avançou 8,33%, acima das expectativas do mercado que eram de alta na casa dos 0,77%. Com o resultado, os Transportes avançaram 2,11% e tiveram a maior influência para a alta do IPCA no mês passado. O Etanol também subiu (3,20%) e ajudou na alta do grupo. 

O analista da pesquisa do IBGE, André Almeida, explica que o impacto dos combustíveis veio da retomada da cobrança de tributos que haviam sido limitados em junho de 2022 pelo governo anterior. O alta nos preços foi de R$ 0,47 por litro de gasolina e R$ 0,02 por litro de etanol.

“Os resultados da gasolina e do etanol foram influenciados principalmente pelo retorno da cobrança de impostos federais no início do mês, estabelecido pela Medida Provisória 1157/2023. Havia, portanto, a previsão do retorno da cobrança de PIS/COFINS sobre esses combustíveis a partir de 1º de março”.

Pelo lado das quedas, houve redução nos preços de gás veicular (-2,61%) e óleo diesel (-3,71%). Importante lembrar que ao contrário dos demais combustíveis, a desoneração de impostos federais no diesel está em vigor até o fim do ano. Pelo segundo mês seguido as passagens aéreas registraram queda nos preços, menos 5,32% em março.

A estrategista de inflação da Warren Rena, Andrea Ângelo, afirma que diante do resultado da inflação em março, a pressão nos preços da gasolina e de medicamentos deve persistir no próximo mês. A economista também vê outros impactos para os próximos meses.

“Para frente, por ora continuamos vendo pressão no IPCA de abril (projeção de 0,63%). Em maio (projeção de 0,54%) efeito do reajuste de loterias estimado em alta de 19%, além de GLP e diesel. Para junho (projeção 0,60%) com gasolina mais alta R$ 1,22 por litro”.

Saúde e habitação mais caras

Os destaques de alta da inflação em março também passam pelos grupos de Saúde e cuidados pessoais (0,82%), e Habitação (0,57%). Apesar do resultado positivo, houve uma perda de ritmo das altas em relação a fevereiro.

O avanço dos preços no primeiro grupo foram puxados pelos reajustes nos planos de saúde (1,20%), que segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023. Os itens de higiene pessoal subiram 0,72% e os artigos de maquiagem avançaram 4,80%.

No grupo Habitação, mais uma vez o destaque foi a energia elétrica residencial, com alta de 2,23% no mês. O aumento foi registrado apesar da bandeira verde estar acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde abril do ano passado. Nessa bandeira, não há acréscimo de custos às tarifas dos consumidores.

Inflação dos serviços

Uma das principais preocupações dos analistas de inflação, tem sido as constantes altas nos preços dos serviços. A boa notícia, é que o IPCA de março mostrou uma alta menor nesse índice que subiu 0,25%. É uma forte desaceleração na comparação com fevereiro, quando subiu 1,41%. Mesmo assim, a variação em 12 meses está em 7,63% – bem acima para a inflação no acumulado do ano (4,65%). 

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, afirma que apesar da perda de ritmo, os preços dos serviços continuam em níveis elevados e seguem no radar do Banco Central. Segundo o analista, caso os dados continuem essa tendência até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central poderá começar a discutir um afrouxamento da política monetária.

“Quando olhamos a média dos núcleos, eles também arrefeceram na passagem de fevereiro para março. Além disso, o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preços no mês, caiu de 65,2% para 59,9%”

O economista pondera, no entanto, que o BC analisa o cenário internacional, as expectativas de inflação, o mercado de crédito e a atividade econômica para tomar qualquer decisão.

“A decisão sobre os juros será feita reunião a reunião, a fim de não se tomar qualquer decisão precipitada. A autoridade monetária só dará início ao processo de cortes na taxa de juros quando tiver certeza de que a inflação está em trajetória estável e em direção à meta, as expectativas ancoradas e sem grandes choques que o façam mudar a rota no meio do caminho. Nossa expectativa é de que o primeiro corte seja em agosto deste ano”, conclui Gustavo Sung.

Outros grupos

No total, oito dos nove grupos de preços pesquisados pelo IBGE registraram alta. A única queda foi o grupo Artigos de residência – com baixa de 0,27%. Os itens que mais pesaram na queda foram tv, som e informática (-1,77%), TV (-2,15%) e computador pessoal (-1,08%). “As promoções realizadas durante a semana do consumidor, ocorrida em março, podem ter influenciado”, explica André Almeida do IBGE.

Os preços do grupo Alimentação e bebidas ficaram praticamente estáveis no mês passado (0,05%). O resultado foi puxado pela queda da alimentação no domicílio (-0,14%) e de produtos como batata-inglesa (-12,80%) e óleo de soja (-4,01%).

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