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IGP-M, inflação do aluguel, desacelera em janeiro; confiança do comércio e serviços cai

Pressão menor dos preços ao produtor fez o índice perder ritmo em janeiro. O pessimismo para a economia brasileira derrubou os índices de confiança medidos pela FGV

Pessoa assinando contrato de compra com um miniatura de casa sobre os papéis
O IGP-M é chamado de ‘inflação do aluguel’ porque serve de parâmetro para o reajuste do contrato de locação de imóveis. Foto: Adobe Stock

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) começou o ano em alta com avanço de 0,21% em janeiro, após subir 0,45% em dezembro. É a segunda alta consecutiva, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado de alta de 0,29%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 3,79%.

O índice ao produtor segue registrando arrefecimento das pressões inflacionárias, como explica o Coordenador dos Índices de Preços, André Braz.

“O preço das matérias-primas brutas desacelerou de 2,09% para 1,55% e, entre os bens intermediários, cuja taxa passou de -0,30% para -1,06%, a queda foi intensificada diante do comportamento de combustíveis e lubrificantes para a produção, cujos preços recuaram ainda mais passando de -2,26% para -5,05%. Na contramão da inflação ao produtor segue a do consumidor, que passou de 0,44% para 0,61% em dezembro, por força do reajuste das mensalidades de escolas e cursos, cujos preços subiram em média 4,55%”, afirmou.

IGP-M (variação mensal)

Gráfico IGP-M (variação mensal) mostra queda
Fonte: FGV Ibre

O IGP-M é chamado de ‘inflação do aluguel’ porque serve de parâmetro para o reajuste do contrato de locação de imóveis. O índice é calculado a partir dos custos de matérias-primas, insumos da construção civil e preços no atacado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Desempenhos do índice

Com peso de 60%, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), subiu 0,10% em janeiro, de uma alta de 0,47% no mês anterior. As principais contribuições para esse resultado foram:

  • Combustíveis e lubrificantes: -2,26% para -5,05%;
  • Minério de ferro: 16,32% para 9,26%;
  • Cana-de-açúcar: 0,28% para -0,60%;
  • Bovinos: 1,55% para 0,65%;
  • Alimentos in natura: -0,29% para 2,64%;
  • Leite in natura: -4,75% para 0,22%;
  • Soja em grão: -1,52% para -0,92%;
  • Milho em grão: -0,69% para 0,40%.

Com peso de 30%, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), subiu 0,61% em janeiro, após alta de 0,44% em dezembro. Os principais destaques:

  • Cursos formais: 0% para 4,55%;
  • IPVA: 0% para 1,06%;
  • Artigos de higiene e cuidado pessoal: -0,25% para 0,32%;
  • Combo de telefonia, internet e TV por assinatura: 0,69% para 1,38%.

Pelo lado das quedas, as principais influências vieram das hortaliças e legumes (9,75% para 2,10%), tarifa de eletricidade residencial (1,27% para -0,94%) e roupas (1,01% para 0,24%).

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% – acelerou 0,32% no período, ante 0,27% em dezembro. As contribuições para o resultado vieram com materiais e equipamentos (0,37% para -0,26%), serviços (0,43% para 0,53%) e mão de obra (0,16% para 0,77%).

Queda nos índices de confiança

A confiança do comércio caiu 4,4 pontos em janeiro, para 82,8, o menor patamar desde março de 2021 (72,5 pontos). O índice foi divulgado nesta segunda-feira, 30/01, pelo FGV Ibre. Foram quatro meses de queda consecutiva, o que acumula perdas de 19 pontos.

O economista do FGV IBRE, Rodolpho Tobler, afirma que o resultado reflete a piora das avaliações sobre o atual momento do setor – padrão que já se observava no final de 2022 – o que sugere uma redução da demanda e consequente desaceleração do setor.

“As expectativas para esse novo ano não são animadoras, dado que o momento de juros e inflação ainda em patamar alto, e consumidores com poder de compra reprimido não permitem vislumbrar uma recuperação no curto prazo”.

No mês, 5 dos 6 principais segmentos do setor registraram queda. O Índice de Situação Atual recuou 8,8 pontos para 79,9 pontos, menor patamar desde fevereiro de 2022 (78,1 pontos). Já o Índice de Expectativas teve ligeira melhora pelo segundo mês consecutivo, com variação de 0,4 ponto, para 86,5 pontos.

Importante lembrar que apesar das quedas, o índice está acima de 50 pontos – ainda indicando confiança dos empresários. Valores abaixo de 50 indicam piora nas condições e expectativa mais pessimista. O índice varia de 0 a 100.

No setor de serviços, a confiança caiu 2,7 pontos no primeiro mês do ano, para 89,5 pontos – menor nível desde fevereiro de 2022 (89,2 pontos). É também o quarto mês consecutivo de queda.

“A confiança de serviços inicia 2023 mantendo tendência de desaceleração iniciada em outubro de 2022. A queda no mês foi influenciada principalmente pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses, mas também por uma menor satisfação com a situação atual gerada pela perda de fôlego da demanda”, explica Rodolpho Tobler.

Para o economista do FGV Ibre, o cenário para os próximos meses não parece ser facilmente revertido diante das questões macroeconômicas – já citadas por ele acima – que indicam que essa desaceleração deve se manter por algum tempo.

“A cautela dos empresários é percebida em suas projeções para o curto prazo com queda na demanda prevista, contratações e na tendência dos negócios para os próximos seis meses”, conclui.

A Situação Atual cedeu para 93,6 pontos – menor nível desde março de 2022. Já o Índice de Expectativas atingiu 85,5 pontos – patamar inferior ao de março de 2021. Na semana passada, a indústria também registrou queda no índice de confiança calculado pela FGV, e ficou em 93,1 pontos.

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