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Indicador mostra setor industrial ainda em retração no Brasil e nos EUA

Puxado por menor demanda e baixa produção, PMI industrial brasileiro ficou em 46,6 pontos em junho. Nos Estados Unidos, índice registrou o pior mês do ano

Complexo de indústrias. Foto: Adobe Stock
Dado foi impactado pela queda na demanda por bens. Com a redução da procura, houve um menor volume produzido. Foto: Adobe Stock

A indústria brasileira registrou mais um mês de retração em suas atividades, impactada pela queda na demanda por bens. Com a redução da procura, houve um menor volume produzido, menos compra de insumos e mais corte de funcionários.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do país recuou de 47,1 em maio para 46,6 em junho, o que indica uma nova retração da atividade. Essa é a oitava queda consecutiva, segundo a S&P Global. O patamar de 50 marca o limite entre expansão e retração.

A diretora associada de economia da S&P Global, Pollyanna de Lima, explica que o setor encontra condições difíceis para operar.

“Os dados obrigaram os fabricantes brasileiros a recalibrarem suas estratégias e operações. Essa abordagem cautelosa refletiu a necessidade de alinhar a oferta de produtos com a demanda, gerenciando custos e otimizando recursos”.

Para tentar melhorar a competitividade diante da menor demanda, as companhias aproveitaram a queda no custo das matérias-primas para reduzir os preços de vendas ao menor patamar desde junho de 2019.

Segundo a S&P Global, os valores dos insumos tiveram a desaceleração mais acentuada em 14 anos por conta de preços mais baixos das commodities, além da valorização do real e dos riscos de recessão na Europa.

“A queda dos custos permitiu que as empresas tentassem estimular a demanda através de cortes nos preços de venda sem suprimir as margens”, explica.

Mesmo com o cenário ruim, que causou demissões no setor, a indústria segue confiante de que deve crescer neste ano. “O otimismo foi baseado em grande parte nas expectativas de que as taxas de juros caiam e a demanda se recupere”, conclui Pollyanna.

Indústria dos EUA segue em retração

Nos Estados Unidos, o setor industrial segue em baixa, com queda na produção e desaceleração de novos pedidos. O PMI passou de 48,4 em maio para 46,3 em junho, em linha com o previsto pelo mercado.

Esse foi o declínio mais acentuado na operação da indústria no ano, visto que “o desempenho da manufatura piorou em sete dos últimos oito meses”, diz o relatório da S&P Global.

Para Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, a piora na saúde do setor nos Estados Unidos aumenta as preocupações com uma possível recessão na segunda metade do ano.

“As empresas relatam que os clientes se tornaram cada vez mais reticentes em gastar em meio ao aumento do custo de vida, taxas de juros mais altas, preocupações crescentes com as perspectivas econômicas e uma mudança nos gastos com serviços”.

Desaceleração industrial na zona do Euro

Na zona do Euro, o índice de gerente de compras industrial recuou de 44,8 em maio para 43,4 em junho, segundo a S&P Global. É o pior resultado desde maio de 2020 e mostra uma deterioração do setor produtivo.

Além de vir pior que a expectativa do mercado, que aguardava 43,6 pontos, o indicador segue em território contracionista (abaixo de 50) pelo 12º mês consecutivo.

Para a economista do Hamburg Commercial Bank (que também é responsável pelo relatório), Cyrus de la Rubia, o resultado reflete o aperto monetário praticado pelo Banco Central Europeu (BCE) no setor industrial.

“As empresas reduziram seu número de funcionários pela primeira vez desde janeiro de 2021, e a atividade de compras caiu em uma das piores taxas já registradas. A desaceleração é visível geograficamente em todos os setores, já que os quatro maiores países da zona do euro permaneceram em contração em junho”.

Indústria chinesa permanece em expansão

A indústria da segunda maior economia do mundo teve um leve recuo em junho, mas permanece em território de expansão, reflexo de um setor manufatureiro resiliente

O PMI industrial da China ficou em 50,5 no mês passado, abaixo dos 50,9 de maio. Os dados também são da S&P Global, em parceria com o grupo de mídia chinês Caixin.

Para o economista do Caixin Insight Group, Wang Zhe, apesar de ainda estar em nível de expansão, a indústria chinesa está em alerta diante da queda na demanda, que tem colocado pressão sobre os preços.

“Uma série de dados econômicos recentes sugere que a recuperação da China ainda não encontrou uma base estável, já que questões importantes, incluindo a falta de motores de crescimento interno, demanda fraca e perspectivas obscuras permanecem”, disse.

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