Inflação dos EUA sobe 0,2% em julho, dentro do esperado, e soma 2,7% em 12 meses
O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, porém, variou 0,3%
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,2% em julho ante junho, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho. O indicador considerado a inflação do país norte-americano veio em linha com o esperado pelo mercado.
Na comparação anual, o CPI subiu 2,7% em julho, repetindo a variação do mês anterior e se mantendo estável. O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, porém, variou 0,3%, acima dos 0,2% de junho. Com isso, o total passou de 2,91% para 3,05% na comparação anual.
Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, os dados vieram dentro do esperado, mas com alguns sinais importantes. “A inflação de bens duráveis voltou a subir, com altas de 0,4% na variação mensal e 1,2% na anual, refletindo as novas tarifas comerciais. O índice de moradia subiu 0,2% e foi o principal responsável pela elevação geral no mês. Os preços dos aluguéis, medidos pelo OER, aumentaram 0,3% e registram uma queda marginal no acumulado dos últimos 12 meses”.
O economista ainda afirma que outros dados que chamaram a atenção foram as médias móveis de três meses, ajustadas sazonalmente e anualizadas, que voltaram a acelerar no núcleo de inflação. “O ‘supercore’, indicador importante para o banco central norte-americano, registrou alta mensal de 0,48% e passou de 3,02% para 3,21% no acumulado em 12 meses”.
Impactos das tarifas na inflação dos EUA
Segundo Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o mercado acompanha atentamente os dados de inflação americana, para entender como as tarifas impostas a produtos importados têm influenciado os preços.
“Até o momento, os sinais de impacto são moderados, com uma variação de 0,7% em móveis e utensílios domésticos, que são produtos em grande parte importados. Entretanto, outros bens, como carros novos, que teriam forte impacto das tarifas, tiveram o preço constante em julho”, ressalta ela.
Vale ressaltar que as tarifas integrais impostas por Trump só começaram a valer a partir de agosto. Desde abril a tarifa praticada para diversos países foi a universal de 10%. Além disso, de acordo com a analista, o aumento nos estoques também pode ter postergado o repasse nos preços.
Dado pode influenciar decisão de juros
Esse aumento no custo dos bens importados deve pressionar a inflação norte-americana nos próximos meses. Somado a isso, o fim dos estoques isentos dessas tarifas e o desequilíbrio entre oferta e demanda pelos produtos produzidos internamente também tende a impulsionar os preços.
Dessa forma, Sung destaca que a autoridade monetária dos EUA, o Fed, permanece diante de um desafio: agir cedo para evitar um desaquecimento da economia após dados mais fracos do mercado de trabalho ou aguardar para avaliar melhor o impacto da nova política comercial e até que ponto a inflação pode se afastar da meta de 2,0%. Powell enfatizou que as próximas decisões dependerão da evolução dos dados.
“Se o enfraquecimento do mercado de trabalho continuar e os sinais de desaceleração da atividade forem mais intensos, a balança pode pender para um início de afrouxamento monetário antes do previsto e com uma maior magnitude, mesmo com um quadro inflacionário ainda pressionado pelas tarifas”, aponta o economista-chefe da Suno Research.
Para ele, o mercado já incorporou esse risco, ajustando as projeções para uma postura menos restritiva em 2025. “Essa perspectiva elevou o apetite ao risco dos investidores e ajudou a impulsionar o desempenho da bolsa brasileira nos últimos dias”, afirma.
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