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Inflação sobe 0,26% em setembro, puxada pela gasolina

O combustível é o subitem que mais impactou no IPCA em 2023, com alta acumulada de 16,18%. Em 12 meses, inflação escalou para 5,19%, acima do teto da meta de 4,75%

Bomba abastece carro em posto. de combustível
Combustíveis têm bastante peso na inflação. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial brasileira, subiu 0,26% em setembro, divulgou nesta quarta-feira, 11/10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice voltou a acelerar na comparação com o mês anterior, quando a inflação ficou em 0,23%, mas ficou abaixo da expectativa do mercado. Os analistas esperavam uma alta de 0,33%.

Em setembro do ano passado, o IPCA teve deflação de 0,36%, por conta da desoneração dos combustíveis. No ano, o indicador acumula alta de 3,5%.

Em 12 meses, a inflação está em 5,19% – acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central que é de 4,75%. Vale lembrar que a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%.

A chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, explica que essa elevação da inflação em 12 meses já era esperada pelo mercado e pelo BC, já que no mesmo período do ano passado o país “ainda estava sob efeito da redução de impostos dos combustíveis”.

Para a economista, do ponto de vista do investidor e do dia a dia dos brasileiros, o resultado de setembro é positivo, pois mostra um processo de desinflação em andamento. Rachael de Sá explica que existem duas fases da perda de força da inflação.

“A primeira relacionada a correção de desequilíbrios – após a pandemia – e o início da guerra na Ucrânia, que afetou a produção de commodities energéticas e grãos. E a segunda, a inflação de serviços – que uma vez disseminada é difícil de controlar – mas que vem melhorando”.

IPCA 2023

Fonte: IBGE

Gasolina tem maior impacto na alta da inflação

A gasolina teve o maior impacto na inflação de setembro, com alta de 2,80%. O gerente do IPCA, André Almeida, explica que esse avanço deu uma contribuição de 0,14 ponto percentual no índice geral.

“A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro”.

O combustível é o subitem do IPCA que mais subiu neste ano, com alta acumulada de 16,18%. Essa pressão no preço contribuiu para uma alta de 1,40% no grupo Transportes.

Dentro dessa atividade, também se destaca o valor do diesel, que registrou avanço de 10,11% no mês. Já o gás veicular subiu 0,66%, enquanto o etanol registrou queda de 0,62%. Os combustíveis, como um todo, ficaram 2,7% mais caros.

Além da gasolina, outra alta importante no grupo veio das passagens aéreas, que subiram 13,47% em setembro. Isso após uma queda de 11,69% no mês anterior.

No total, seis dos nove grupos que compõem o IPCA tiveram alta no mês.

Alimentos e bebidas tem deflação

Em setembro, o grupo que teve o maior peso na inflação (21,1%) foi o de Alimentação e Bebidas – que registrou deflação de 0,71% no mês. Essa foi a quarta queda seguida nos preços do grupo, que acumula redução de 2,65% no período.

O gerente da pesquisa explica que os preços dos alimentos para consumo em casa foram os que mais desaceleraram.

“De modo geral, temos um ano com safra grande, que tem contribuído para maior disponibilidade de alimentos no mercado. Essa maior oferta reduziu os preços de subitens importantes, como carnes e leite”, explicou André Almeida.

Os preços da alimentação no domicílio caíram 1,02%, com destaque para batata-inglesa (-10,41%), cebola (-8,08%), ovo de galinha (-4,96%), leite longa vida (-4,06%) e carnes (-2,10%). Na contramão ficaram o arroz (3,20%) e o tomate (2,89%).

Na alimentação fora de casa, os preços ficaram 0,12% mais caros. Isso é uma perda de ritmo ante o resultado de agosto (0,22%). Houve altas em refeição (0,13%) e lanche (0,09%).

Difusão foi menor em setembro

A inflação se espalhou por menos itens que compõem a cesta do IPCA em setembro.

O chamado Índice de Difusão – que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços – desacelerou para 42,7% no mês passado, ante 53,1% em agosto. Esse é o menor valor desde 2017.

Núcleos de inflação também perdem força

Os núcleos da inflação brasileira, medida que capta a tendência dos preços e exclui choques temporários, também perderam força em setembro.

No acumulado de 12 meses, a média dos cinco núcleos recuou para 5,01%, ante 5,22%, segundo cálculos da MCM Consultores. Apesar do resultado, o valor segue bem acima da meta (3,25%) e do teto da meta (4,75%) perseguidas pelo BC.

Vale lembrar que o resultado desse indicador é um dos principais dados que o Comitê de Política Monetária fica de olho na hora de conduzir a taxa básica de juros brasileira.

Outro importante item que o Copom leva em conta é a inflação de serviços, que registrou uma leve aceleração no mês passado. A alta em setembro foi de 0,5%, contra 0,08% em agosto.

Em 12 meses, a inflação dos serviços acumula alta de 5,54% com principal impacto vindo das passagens aéreas.  

Veja, abaixo, as variações da inflação de cada grupo em setembro:

  • Alimentação e bebidas: -0,71%;
  • Habitação: 0,47%;
  • Artigos de residência: -0,58%;
  • Vestuário: 0,38%;
  • Transportes: 1,40%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,04%;
  • Despesas pessoais: 0,45%;
  • Educação: 0,05%;
  • Comunicação: -0,11%.

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