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Jackson Hole: o que é o simpósio que mexe com os mercados e seus investimentos nesta semana

Encontro anual reúne banqueiros centrais, economistas e líderes globais para debater os rumos da economia

O Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole, organizado pelo Federal Reserve Bank de Kansas City, é um dos encontros mais tradicionais e influentes do mundo no campo da política monetária. Em 2025, o simpósio acontece entre os dias 21 e 23 de agosto.

Os discursos podem redirecionar as expectativas dos investidores quanto às taxas de juros nos Estados Unidos – o que faz preço tanto no mercado de renda fixa quanto no de renda variável no mundo todo. Até as cotações das criptomoedas são afetadas pela taxa de juros americana.

Entenda por que você deveria conhecer o Simpósio de Jackson Hole, quem participa do evento e como ele pode mexer com seus investimentos nos próximos dias.

O que é o Simpósio de Jackson Hole

Criado em 1978 e realizado em Jackson Hole desde 1982, o evento reúne, a cada ano, cerca de 120 participantes selecionados, entre banqueiros centrais, representantes do Federal Reserve, acadêmicos, jornalistas, líderes do setor financeiro e autoridades governamentais.

A relevância do simpósio está no impacto de suas discussões nos rumos da economia global. Ao longo de mais de quatro décadas, o encontro serviu como palco para debates sobre temas cruciais como inflação, mercados de trabalho e comércio internacional.

O evento prevê apresentações de artigos acadêmicos, comentários de especialistas e discussões abertas entre os participantes. Embora restrito em número, o evento desperta grande atenção da mídia e dos mercados, já que sinalizações feitas ali podem influenciar taxas de juros, expectativas de inflação e decisões de investimento no mundo todo.

Em 2025, encontro deve focar no mercado de trabalho

A edição de 2025 do Simpósio de Jackson Hole será realizada entre os dias 21 e 23 de agosto. O tema escolhido é “Labor Markets in Transition: Demographics, Productivity, and Macroeconomic Policy” (em tradução livre, “Mercados de trabalho em transição: demografia, produtividade e política macroeconômica”).

O assunto reflete uma das principais preocupações atuais dos formuladores de política econômica: como as mudanças demográficas e os avanços tecnológicos afetam a produtividade e a dinâmica do emprego. Questões como envelhecimento populacional, automação e novos padrões de trabalho devem orientar os debates.

Assim como em edições anteriores, o simpósio de Jackson Hole tende a ser acompanhado de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve e de outros bancos centrais. Declarações feitas durante o evento podem mexer com o câmbio, os juros e os preços de ativos financeiros, tornando os dias do encontro um período de atenção redobrada para quem investe.

Por que o mercado se importa com Jackson Hole?

O mercado normalmente se importa com Jackson Hole por dois motivos principais:

  • Ocorre durante o período mais longo entre reuniões do grupo de diretores do Fed, o Fomc
  • Acontece em um momento em que o mercado está geralmente tranquilo devido às férias de verão/outros eventos importantes limitados

Neste ano, há uma ansiedade maior dos investidores sobre a reunião, em busca de qualquer sinal sobre quando o juro nos EUA começará a cair.

Como as discussões podem afetar seus investimentos?

Os debates e os discursos podem mudar o que o mercado espera sobre a trajetória da taxa de juros nos EUA. Uma das participações mais esperadas é do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que acontece na sexta-feira, 22 de agosto, às 11h (horário de Brasília).

Atualmente, a taxa de juros nos EUA está em 4,25% a 4,50%, nível estável desde dezembro. Nesta terça-feira (19/08), o mercado precifica uma chance perto de 85% de o Fed reduzir o nível de juros em 25 pontos-base na próxima reunião, que acontece em setembro. Essa probabilidade já chegou a perto de 100%, e se alterna a cada novo dado econômico.

Mudanças nas taxas de juros do dólar ou até mesmo uma modificação das expectativas quanto a elas têm efeitos importantes em todos os mercados – de renda fixa, variável, câmbio, commodities e até criptomoedas.

Conforme explica Julio Ortiz, sócio-fundador da CX3, os movimentos e as expectativas de juros afetam diretamente o fluxo de capital no mundo. “O mercado americano suga o dinheiro do resto do mundo ou alaga o mercado global com dinheiro. Quando a taxa de juros lá está alta, atrai dinheiro do mundo inteiro, e falta dinheiro em outros países”, diz. Da mesma forma, quando as taxas caem por lá, o fluxo é inverso. E essa entrada e saída de capital tende a mexer com os preços dos ativos em todos os países.

Dessa forma, se o mercado entender que o Fed irá de fato iniciar seu ciclo de afrouxamento monetário, o resultado pode ser um maior otimismo para ativos de risco. Com a renda fixa americana menos atrativa, o capital pode ser direcionado a países emergentes, ou aos mercados de ações, impulsionando um movimento de alta nos principais índices acionários do mundo, como S&P 500, Nasdaq ou o Ibovespa B3. Uma taxa de juros mais baixa por lá também tende a enfraquecer o dólar – que já acumula queda de 10% neste ano contra as principais moedas.

Por outro lado, um entendimento de que o corte será adiado novamente pode levar investidores de volta ao porto seguro da renda fixa – tirando dinheiros de ativos de maior risco.

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