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Juros mais altos? Saiba o que o mercado espera do Copom hoje

Expectativa é de que o Copom acelere o ritmo de elevação da Selic, para 11,25%

Nesta semana, acontece a penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. Entre incertezas no exterior e no Brasil, é consenso no mercado a expectativa por uma aceleração do ritmo de alta na Selic, para 11,25%.

Segundo explica Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, houve uma piora no balanço de riscos desde a última reunião, o que justificaria a alta mais forte. Ele cita “em particular a deterioração da percepção do mercado sobre os riscos fiscais, o ambiente externo mais adverso e a consequente depreciação cambial, além da desancoragem adicional das expectativas de inflação”.

De setembro até hoje, o dólar se valorizou frente ao real – na semana passada, a moeda norte-americana alcançou o maior patamar em 4 anos. Além disso, mesmo com o início do ciclo de aperto monetário, as expectativas quanto à inflação aumentaram. O Boletim Focus dessa semana já aponta para um IPCA de 4,59% ao fim de 2024, ou seja, acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

E desde a última semana, o mercado aguarda ansioso pelo anúncio do pacote de corte de gastos do governo federal – o que aumentou a percepção de risco fiscal no País. No entanto, pondera Goldenstein, “caso ocorra a divulgação de um pacote fiscal robusto e crível (que gere uma redução consistente do prêmio de risco), isso abriria espaço para ciclo mais moderado de aperto monetário, assim como uma eventual evolução mais benigna do cenário externo”.

Por outro lado, houve surpresas positivas nos indicadores que medem a atividade econômica, com mais uma queda da taxa de desemprego, para 6,4% no trimestre encerrado em setembro. Apesar de ser uma boa notícia para a economia, o desemprego baixo tende a acelerar o consumo no País – o que pressiona a inflação para cima e dificulta o trabalho do BC em levar o índice de preços para a meta.

“A evolução da conjuntura desde a última reunião – com piora nos últimos IPCA e IGPs, resiliência da atividade econômica e mercado de trabalho aquecido – sugerem que a inflação pode ficar pressionada por mais tempo, sendo outro fator na direção de uma postura mais cautelosa por parte do BC”, completa Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Ele espera ainda que o Copom deixe uma mensagem dura sobre o combate à inflação, mas não deve deixar cravar qual será a próxima decisão de política monetária. “Neste momento de elevadas incertezas aqui e no exterior, o Copom deve deixar em aberto tanto a extensão, quanto o ritmo de alta de juros”, explica.

“A deterioração no quadro do balanço de riscos, desde a última reunião, manifestada na conjugação da resiliência na atividade econômica, sem indícios fortes de que estejam ocorrendo desaquecimento, no hiato do produto positivo e no mercado de trabalho aquecido, nas pressões na inflação corrente, com piora na composição das medidas qualitativas, na ampliação na desancoragem das expectativas inflacionárias e a significativa depreciação cambial, justificaria esse processo de intensificação no processo de aperto monetário”, avalia Everton Gonçalves, Diretor de Economia, Regulação e Produtos ABBC.

Há dúvidas, entretanto, sobre as próximas decisões. A ABBC projeta mais uma alta de 0,50 p.p. em dezembro, seguida por um ajuste de 0,25 p.p. em janeiro. “Na dependência da evolução dos dados, a Selic permaneceria neste patamar até o terceiro trimestre de 2025”, diz a entidade.

Já a Warren espera mais duas altas de 0,50 p.p., em dezembro e janeiro, e uma final de 25 bps em março. “Cabe destacar que, em janeiro de 2025, [Gabriel] Galípolo assume a presidência do BC, bem como três novos diretores, e, na busca por ganhar credibilidade, não seria adequado na primeira reunião do ano desacelerar o ritmo ou encerrar o ciclo de aperto monetário”, diz relatório divulgado pela Warren.

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