Mercado

Após intervenção recorde do BC, dólar cai 2,3% e fecha a R$ 6,12; Ibovespa sobe 0,34% e retoma 121 mil pontos

Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quinta-feira (19) e o que movimentou os ativos

Uma confluência de fatores ajudou a estancar parte da sangria e ofereceu suporte para o Ibovespa apresentar um respiro na sessão desta quinta-feira.

Depois de fechar na maior queda diária em mais de dois anos ontem, o principal índice da bolsa brasileira reverteu uma pequena parte das perdas e fechou em alta de 0,34%, aos 121.188 pontos, oscilando entre os 120.768 pontos e os 121.770 pontos.

Ibovespa hoje

A atuação do Banco Central com uma intervenção de US$ 8 bilhões no mercado à vista de câmbio, somada ao leilão extraordinário do Tesouro Nacional, e à aprovação do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote fiscal na Câmara em dois turnos, desencadeou uma redução mais forte dos prêmios de riscos na sessão.

Embora o texto ainda possa sofrer novas desidratações ao ser enviado ao Senado, os temores de que os projetos pudessem ficar travados no Congresso perdem força.

Depois de terminar como a maior queda da sessão anterior, as ações da novata Automob passaram por correção e fecharam na liderança entre as maiores altas, com um avanço de 34,29%.

Por outro lado, ações de empresas de commodities foram penalizadas com o recuo nos preços do minério de ferro e a desvalorização do dólar frente ao real, caso da CSN (-2,53%), Vale (-1,90%) e CSN Mineração (-1,87%).

Em dia de vencimento de opções sobre ações, o volume financeiro no índice foi de R$ 19,8 bilhões e de R$ 27,5 bilhões na B3.

Dólar hoje

Depois de registrar a maior alta em mais dois anos, dólar teve nesta quinta-feira a maior queda em mais de dois anos.

A moeda à vista despencou ao desvalorizar 2,32% em relação ao real, após o Banco Central injetar US$ 8 bilhões no mercado à vista, dos quais US$ 5 bilhões em um único certame, a maior intervenção da série do BC, que se iniciou em 1999, quando o câmbio flutuante foi adotado no país.

No pregão, o atual e o futuro presidente do BC, Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, respectivamente, participaram de entrevista coletiva sobre o relatório de inflação.

Durante o evento, Campos Neto e Galípolo reafirmaram que a intervenção no mercado hoje e nos dias anteriores ocorreu apenas para desfazer disfuncionalidades causadas pela escassez da moeda no fim do ano, e não pela defesa de níveis.

As declarações também sobre o comprometimento do BC com o controle da inflação podem ter ajudado a aliviar a percepção de risco.

O encaminhamento do pacote fiscal no Congresso também ajudou a aliviar os temores em relação ao tema. Houve uma leve melhora nos outros ativos locais (bolsa e juros futuros), outros fatores que podem refletir o alívio da percepção de risco.

Terminadas as negociações, o dólar à vista caiu 2,32%, cotado a R$ 6,1216, depois de ter tocado a mínima de R$ 6,1045 e atingido a máxima de R$ 6,30.

Já o euro comercial exibiu desvalorização de 2,49%, cotado a R$ 6,3426.

Com essa apreciação do real, a moeda brasileira registrou o melhor desempenho do dia, da lista das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.

Bolsas de Nova York

Após passar a maior parte do dia em alta, tentanto recuperar parte das perdas da última sessão, as Bolsas em Nova York fecharam em leve queda, perto da estabilidade.

Dados divulgados nesta quinta mostraram que a economia americana segue forte, apesar dos esforços do Federal Reserve (Fed).

O PIB dos Estados Unidos cresceu 3,1% no terceiro trimestre, acima do esperado pelo mercado, e os pedidos de seguro-desemprego recuaram na semana passada.

Além disso, as vendas de casas usadas subiu 4,8% em novembro, constituindo o maior avanço desde março deste ano.

Após o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, dizer ontem que os seus próximos passos dependeriam do avanço da inflação, amanhã os operadores estarão atentos à divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) de novembro, a métrica preferida do Fed.

O setor imobiliário apresentou o pior desempenho (-1,69%), seguido pelo de materiais (-1,07%) e energia (-0,99%).

Na outra ponta, o setor financeiro (+0,40%) e serviços públicos (+0,48%) estiveram entre as poucas altas.

No encerramento, o Dow Jones fechou em leve queda de 0,03%, aos 13.324,91 pontos, o S&P 500 recuou 0,09%, aos 5.867,08 pontos e o Nasdaq caiu 0,10%, aos 19.372,768 pontos.

Bolsas da Europa

Os principais índices de ações da Europa encerraram o dia em queda, seguindo a tendência de forte desvalorização em Wall Street na última sessão, apesar das bolsas de Nova York mostrarem uma leve recuperação hoje.

Ontem, o Federal Reserve (Fed) sinalizou que haverá menos espaço para cortes na taxa de juros no ano que vem, pesando sobre os ativos.

O índice Stoxx 600 fechou em queda de 1,51%, aos 506,66 pontos.

O DAX, de Frankfurt, caiu 1,35%, aos 19.969,86 pontos, e o FTSE, da Bolsa de Londres, recuou 1,14%, aos 8.105,32 pontos.

Já o CAC 40, de Paris, oscilou 1,22% para baixo, aos 7.294,37 pontos.

Além disso, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou nesta quinta sua decisão de manter a taxa de juros britânica inalterada em 4,75%, representando uma pausa no ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto.

A votação do não foi unânime, com três diretores votando a favor de uma redução na taxa de juros.

Na visão da Capital Economics, o BoE apresentou um tom mais dovish, sugerindo que as taxas de juros serão cortadas mais rapidamente e de forma mais agressiva na Inglaterra do que o previamente esperado.

“A fraqueza da atividade parece estar pesando cada vez mais na mente dos membros do Comitê de Política Monetária (MPC)”, escreve a economista-chefe do Reino Unido, Ruth Gregory, em nota. Ela projeta uma taxa terminal de 3,50%.

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