Bolsa fecha em forte alta com IPCA abaixo do esperado; dólar volta aos R$ 5
IPCA-15 desacelerou para 0,51% em maio – após 0,57% em abril, abaixo da mediana de projeções coletadas pelo Investing.com de 0,64%
O Ibovespa passou todo o pregão em forte alta depois da divulgação do IPCA-15 de maio, com números abaixo do esperado e que surpreenderam positivamente o mercado. O índice foi impulsionado pelas ações mais sensíveis aos juros futuros, aquelas que são mais ligadas à economia real e mais endividadas.
O principal índice da bolsa brasileira fechou com ganhos de 1,15% (pós ajuste), aos 110.054 pontos, enquanto o dólar avançou 1,66%, a R$ 5,0355, este impactado pelo impasse diante do teto da dívida nos Estados Unidos, ainda sem uma solução.
Commodities
Petróleo cai 4%
O petróleo tipo Brent – referência de preços para Petrobras – fechou com queda de 2,62%, a US$ 76,19 o barril negociado na ICE Futures Europe, em Londres.
A commodity é pressionada pela sinalização negativa do vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, sobre a possibilidade de um novo corte de oferta da Opep+.
O vice-premiê russo e representante do país na Opep disse que não espera uma nova ação do cartel na reunião do próximo dia 04.
Apesar da Opep+ ter acabado de implementar um corte de oferta em maio, operadores tinham esperança de que outra medida similar fosse tomada diante da recente queda nos preços do petróleo.
Minério
O minério de ferro teve mais uma queda no mercado chinês nesta quinta-feira, refletindo o enfraquecimento da produção de aço no país, que pesa sobre o sentimento de compra.
A matéria prima da indústria siderúrgica segue sob pressão desde março, também influenciado pela fraqueza da retomada do setor imobiliário na China, bem como as exigências de corte de produção pelo governo.
Os analistas da Guosen Futures consideram esta uma tendência que persistirá no curto prazo, sendo improvável que as atividades de compra se recuperem tão cedo no mercado físico.
Na bolsa de Dalian, o contrato mais negociado caiu 1,3%, para 687 yuan (US$ 97,35) a tonelada.
IPCA-15
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, registrou uma alta de 0,51% em maio – abaixo do projetado pelo mercado (0,64%). Nos últimos 12 meses, o índice acumula 4,07%, abaixo dos 4,16% registrados em abril. E, no acumulado do ano, variação positiva de 3,12%.
No mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisas registraram alta. Dois grupos tiveram maior influência sobre o índice: Alimentação e bebidas (0,94%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,49%) – ambos contribuíram em 0,20 p.p.
Dentro do primeiro grupo, a alta foi puxada pela alimentação no domicílio (1,02%), enquanto no segundo, chamamos a atenção para alta nos produtos farmacêuticos (2,68%) após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março. Do lado negativo, passagens áreas contribuiu para puxar o índice de preços para baixo.
Apesar de a inflação de boa parte desses grupos ainda estarem acima do desejado pelo Banco Central, os números de maio mostram um arrefecimento importante.
“Esses dados podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central, mas ainda é cedo para afirmar que essa será uma nova tendência. Apesar de ter vindo melhor do que o esperado, acreditamos que a autoridade monetária deve manter a taxa de juros inalterada na próxima reunião do Copom, em junho”, afirmou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.
“Mas, abre-se uma janela para o BC começar a discutir possíveis cortes em breve. A nossa expectativa é de cortes apenas no terceiro trimestre”, completou.
Para João Savignon, head de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital, vale destacar que o quadro geral para a inflação melhorou no último mês e podemos ter novas surpresas positivas com a inflação nos próximos meses.
“No entanto, lembramos que estamos naquela fase difícil do processo de desinflação, quando os principais choques se dissipam e a convergência das principais medidas de núcleo é um processo gradual”, completou.
Confiança do consumidor
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,4 ponto em maio, para 88,2 pontos, o maior nível desde outubro de 2022, quando anotou 88,6 pontos, segundo o IBRE-FGV.
Em médias móveis trimestrais, o índice sobe pelo segundo mês consecutivo, agora em 1,2 ponto, para 87,3 pontos.
“O resultado pode estar associado à sensação de alívio da inflação no curto prazo, resiliência do mercado de trabalho e aumento do salário mínimo. Em paralelo porém, o cenário de alto endividamento das famílias, crédito caro e incertezas econômicas ajudam a manter o indicador em patamar baixo e sensível a flutuações constantes, tornando difícil uma sinalização mais clara de uma recuperação sustentada da confiança”, afirma Anna Carolina Gouveia, economista do FGV-Ibre.
Arcabouço segue para o Senado
Com a rejeição de todas as sugestões de mudança feitas pelo PL, a Câmara dos Deputados concluiu nesta quarta-feira o projeto do novo arcabouço fiscal.
O projeto segue para apreciação do Senado Federal, onde há o compromisso do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com uma tramitação célere. O texto-base já havia sido aprovado na terça-feira (23).
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou que o senador Omar Aziz (PSD-AM) será o relator da proposta no Senado.
Randolfe disse que a intenção do governo é agilizar a tramitação no Senado. “Esperamos aprovar até o dia 15 de junho”, afirmou.
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