Campos Neto, arrecadação e membros do Fed guiam mercados
Dados devem repercutir na bolsa em meio a expectativas pela votação final do arcabouço fiscal no plenário da Câmara até amanhã
Dados de arrecadação federal em julho e um evento do Santander com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dirigentes e economistas-chefes de grandes bancos devem repercutir nos mercados em meio a expectativas por uma nova reunião de líderes e a votação final do arcabouço fiscal no plenário da Câmara até amanhã.
O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, tem reunião na Fiesp. As atenções ficam ainda no Senado, onde o relatório da reforma tributária e o projeto do Carf serão analisados em comissões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam de fórum empresarial do BRICS, na África do Sul.
Pronunciamentos de três dirigentes do Federal Reserve, Thomas Barkin (Richmond), Austan Goolsbee (Chicago), além da diretora Michelle Bowman, vão guiar ainda as expectativas de política monetária nos EUA, antes do simpósio de Jackson Hole.
No exterior
Os sinais foram positivos nas bolsas asiáticas, com os índices chineses subindo em meio a expectativas por novas medidas de apoio à economia, após reagirem ontem em baixa à decisão do PBoC de cortar juros para um ano, pois era esperada uma postura mais agressiva do BC.
No Japão, o índice Nikkei beneficiou-se por ações de bancos em meio ao avanço nos bônus de longo prazo do governo, com o retorno do bônus de 10 anos do país atingindo máxima desde janeiro de 2014 em meio a expectativas pelo Simpósio de Jackson Hole, que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) realiza nesta semana nos EUA.
Diante dos sinais de resiliência da economia dos Estados Unidos, o mercado avalia que o Fed terá que manter uma política restritiva por um período prolongado. Conforme plataforma de monitoramento do CME Group, a curva precifica relaxamento apenas em maio do ano que vem.
A expectativa é de que Powell foque em temas amplos sobre economia, sinalize intenção de manter a taxa dos Fed Funds restritivas e poderá abordar a análise sobre os juros neutros (R*), segundo analistas americanos.
O Fed terá mais um mês de dados sobre mercado de trabalho e inflação para estudar antes da sua próxima reunião, nos dias 19 e 20 de setembro.
No Brasil
Os investidores ficam de olho em Campos Neto e na arrecadação do governo com impostos e contribuições federais, em meio a apostas no mercado de manutenção do ritmo de 0,50 ponto porcentual da Selic num contexto fiscal incerto, a desaceleração da economia da China e a chance de manutenção de juros restritivos nos EUA por mais tempo.
A mediana esperada pelo mercado é de arrecadação de R$ 204,784 bilhões em julho, após R$ 180,475 bilhões em junho.
Também será olhada uma reunião da Aneel para tratar da recomendação da área técnica de um corte de até 36,9% na bandeira tarifária de energia.
Sobre o arcabouço, a reunião desta segunda-feira, 21, entre a Câmara e o Ministério da Fazenda terminou sem acordo sobre a permissão, incluída no texto pelo Senado, para o governo prever despesas condicionadas no Orçamento de 2024. Mesmo assim, a expectativa de líderes partidários e do relator, Claudio Cajado (PP-BA), é que o projeto seja votado no plenário até quarta-feira, 23.
Numa ação inédita para a sisuda Receita Federal, o secretário do órgão, Robinson Barreirinhas, usou as redes sociais para defender a cobrança do IR de investimentos feitos por brasileiros em paraísos fiscais, em vídeo apagado posteriormente. A ação acabou gerando um novo mal-estar com deputados uma semana depois da crise deflagrada pela fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que apontou para um excesso de poder da Câmara.
Ontem, o dólar à vista subiu 0,22%, aos R$ 4,9787, acumulando valorização mensal de 5,27%, os juros futuros avançaram, enquanto o Ibovespa recuou aos 114.429,35 pontos (-0,85%), contabilizando baixa de 6,16% em agosto.
*Com informações da Agência Estado