Mercado

Copom anuncia hoje decisão sobre juros, mas mercado já prevê corte na Selic só em março

Selic está estacionada desde junho no patamar de 15%; entenda por que o mercado deixou de apostar em corte em janeiro

Com ISTOÉ Dinheiro

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira, 10, sua decisão sobre a taxa básica de juros. A manutenção da Selic em 15% ao ano é consenso há semanas entre os analistas e, nos últimos dias, os economistas do mercado financeiro deixaram de apostar na possibilidade do início do ciclo de corte em janeiro, a despeito da melhora das expectativas de inflação.

Dados do boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC com coleta de informações de mais de 100 instituições financeiras mostrou que o mercado passou a apostar que o corte na Selic só virá na segunda reunião do ano que vem do Copom. Ou seja, em março, quando a taxa seria reduzida para 14,5% ao ano.

Pesquisa Projeções Broadcast também indica que 17 instituições esperam cortes só a partir de março. Outras 14 casas projetam cortes já em janeiro, e três a partir de abril.

A Selic está estacionada desde junho no patamar de 15%. Até o início da última semana, prevalecia no mercado a visão de que o rumo das próximas decisões do Copom estaria atrelada ao trecho dos últimos comunicados que aborda a manutenção dos juros em 15% por “período bastante prolongado”. Contudo, a leitura perdeu força depois que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, esclareceu que a expressão não é “zerada” a cada nova reunião, indicando que uma modificação do recado não seria necessária para o início de um ciclo de afrouxamento.

Na ocasião, Galípolo também afirmou que o Comitê não tem, no momento, uma sinalização sobre qual será seu próximo passo, justamente, porque ainda está na etapa de seguir analisando dados. A meta de inflação do Banco Central é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Desde a última reunião do Copom, a mediana do Focus para a inflação de 2025 passou de 4,55% para abaixo do teto da meta de inflação – de 4,50% – pela primeira vez desde dezembro de 2024. No relatório publicado nesta segunda-feira, diminuiu pela 4ª vez consecutiva, para 4,40%. Já a mediana para 2026 caiu de 4,20% para 4,16% no intervalo.

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) também anuncia nesta quarta a sua decisão de juros, e por lá a expectativa é de corte em 25 pontos-base (pb).

O que dizem os analistas do mercado sobre a Selic

C6 Bank projeta cortes a partir de março, com Selic terminando 2026 em 13%:

“Apesar dessa melhora, o Comitê deve justificar a manutenção da taxa de juros diante do cenário marcado por desancoragem das expectativas de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária ainda contracionista. Acreditamos que o Comitê pode sinalizar uma melhora no cenário prospectivo para a inflação, reconhecendo os avanços descritos acima, mas ainda preservando um tom de cautela”.

Banco Daycoval prevê manutenção da taxa de 15% até março

“Entendemos que o BC pode deixar mais claro que o cenário base não conta com alta de juros e, portanto, a declaração explícita que pode retomar o ciclo de alta deve ser retirada. Por outro lado, o comitê deve manter a ideia de necessidade de juros altos por período bastante prolongado através da manutenção do termo ‘bastante’. Esta ação, inclusive, deve servir para evitar que os agentes econômicos interpretem que o ciclo de cortes se iniciará em janeiro”.

4intelligence espera início do ciclo de flexibilização em março:

“O Copom poderá sinalizar que começará a discutir o timing e a velocidade de uma flexibilização da política monetária. Mas alertará que as condições para tal flexibilização ainda não estão satisfeitas… o comunicado provavelmente não explicitará, mas deixará implícito, que o ciclo de corte da Selic só será iniciado quando as condições para a flexibilização monetária estiverem plenamente satisfeitas. Isso requer, por exemplo, que a projeção do próprio Banco Central para o horizonte relevante esteja apontando inflação ‘ao redor da meta’. Vale lembrar que, em momentos pregressos, o Banco Central considerou uma taxa de inflação em 3,2% como sendo ao redor da meta”.

Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, projeta primeiro corte em março:

“A curva de juros já vinha ajustando preços nas últimas semanas, e isso influenciou diretamente a atratividade da renda fixa e das operações estruturadas. Dentro desse movimento, o Copom deve apenas confirmar a Selic em 15%. A chave está nas entrelinhas: se a autoridade monetária reconhecer o avanço da desinflação, abre espaço para cortes em março. Para investidores, esse é um ponto de inflexão. Prefixados, crédito privado e estruturas alternativas já reagem à expectativa. O importante é ler a mensagem do BC com disciplina e calibrar a tomada de risco para um ciclo de cortes lento, porém contínuo”, Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital.

Warren Investimentos prevê corte de 0,25 ponto em janeiro e Selic encerando 2026 em 12,25%.

“Projetamos que o Comitê avalie essa evolução como compatível com o cenário esperado, reforçando a necessidade de manutenção da taxa Selic na 275ª reunião. Sobre algum indicativo a respeito da condução futura da política monetária, não esperamos qualquer mensagem explícita sobre as próximas decisões, ao modelo adotado nos últimos comunicados. Mas ao reconhecer a evolução positiva do cenário a partir da moderação da atividade e inflação e ressaltar o seu modo dependente de dados, o BC deve pavimentar o caminho para uma possível flexibilização já na reunião de janeiro 2026, dando início a um ciclo de cortes bastante gradual ao longo do ano”.

*Matéria originalmente publicada em IstoÉ Dinheiro, portal parceiro de Bora Investir

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