Discurso de Powell traz otimismo para mercados de ações em todo o mundo
Fala do presidente do Fed aumentou a expectativa de um corte de juros em setembro
O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, trouxe otimismo aos mercados acionários em todo o mundo na manhã desta sexta-feira (22). A fala de Powell no simpósio de Jackson Hole era o evento mais esperado no calendário econômico desta semana. Na visão dos investidores, o discurso mostrou o presidente do Fed mais aberto a uma redução nas taxas de juros já na próxima reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), que acontece em setembro.
Segundo ele, a perspectiva de uma desaceleração mais acentuada no mercado de trabalho reduz as preocupações com um aumento da inflação decorrente da imposição de tarifas de importação.
“Com a política monetária em território restritivo, a mudança no balanço de riscos pode justificar o ajuste de nossa postura”, disse ele.
Pouco antes do discurso de Powell, o mercado precificava uma chance de pouco mais de 70% de a autoridade monetária reduzir as taxas básicas de juros em setembro. Logo após a fala, a probabilidade de corte superou os 90%, de acordo com o CME Fed Watch Tool.
O discurso também mexeu com os mercados de ações. Nos EUA, o índice de tecnologia Nasdaq opera em alta superior a 2%, e o S&P 500 avança 1,67%. Por aqui, o Ibovespa B3 acelerou a alta e chegou a bater a máxima do dia aos 137.503 pontos, valorização de 2,2%.
Confira os destaques do discurso de Powell
Powell citou “mudanças abrangentes” nas políticas fiscais, comerciais e de imigração. O resultado, segundo ele, é que “o equilíbrio de riscos parece estar mudando” entre as duas metas do Fed: pleno emprego e preços estáveis.
Na avaliação de Powell, apesar da resiliência do mercado de trabalho, os riscos de desaceleração estão aumentando. “O relatório de emprego de julho, divulgado no início deste mês, mostrou que o crescimento do emprego desacelerou para uma média de apenas 35.000 por mês nos últimos três meses, em comparação com 168.000 por mês durante 2024. Essa desaceleração é muito maior do que foi avaliada há apenas um mês”, disse.
Powell destacou também que a taxa de desemprego, embora tenha subido um pouco em julho, está em um nível historicamente baixo de 4,2% e tem se mantido amplamente estável ao longo do último ano. “De fato, o crescimento da força de trabalho desacelerou consideravelmente este ano”, avalia.
Já do lado da inflação, Powell afirmou que as tarifas de importação já começaram a elevar os preços em algumas categorias de bens. Segundo ele, os efeitos das tarifas sobre os preços ao consumidor agora estão “claramente visíveis”, e a questão que importa para a condução da política monetária é se esses aumentos de preços serão persistentes.
“Um cenário básico razoável é que os efeitos serão relativamente de curta duração – uma mudança pontual no nível de preços. Claro, ‘pontual’ não significa ‘tudo de uma vez’. Levará tempo para que os aumentos das tarifas sejam absorvidos nas cadeias de suprimento e nas redes de distribuição. Além disso, as taxas de tarifas continuam a evoluir, potencialmente prolongando o processo de ajuste”, disse. “No entanto, também é possível que a pressão sobre os preços devido às tarifas possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e esse é um risco a ser avaliado e gerenciado”.
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