Com recuo de Trump em tarifaço, Ibovespa B3 dispara 3% e dólar despenca 2,54%, a R$ 5,84
Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quarta-feira (9) e o que movimentou os ativos
A pausa nas tarifas retaliatórias pelos Estados Unidos provocou um forte movimento de recuperação do Ibovespa B3 nesta quarta-feira (9). O presidente americano, Donald Trump, determinou a alíquota mínima de 10% a todos os parceiros comerciais, com exceção da China, reduzindo o receio de recessão global.
O Ibovespa avançou 3,12%, aos 127.796 pontos, ainda afastado da máxima de 128.649 pontos, enquanto a mínima foi de 122.887 pontos.
Ibovespa hoje
Assim, o índice registrou uma alta generalizada nas ações, com destaque para os papéis de Vale e Petrobras, que conseguiram recuperar parte das perdas acumuladas desde o anúncio do tarifaço na semana passada.
O giro financeiro do índice foi de R$ 27,6 bilhões e de R$ 35 bilhões na B3 (até as 17h15).
Dólar hoje
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira em forte queda frente ao real, superior a 2,5%, em uma sessão marcada pela volatilidade bastante elevada e pelas mudanças no cenário global em termos das tarifas americanas.
Enquanto pela manhã o mau humor com a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China levava o dólar para o quarto pregão seguido de valorização frente ao real, na parte da tarde, houve uma reversão, com o anúncio de uma pausa de 90 dias sobre as tarifas recíprocas, com exceção da China.
Nesse movimento brusco, o dólar chegou a bater a mínima de R$ 5,8292 e a encostar na máxima de R$ 6,0961.
Terminadas as negociações, o dólar registrou queda de 2,54%, cotado a R$ 5,8452, enquanto o euro comercial exibiu depreciação forte de 2,72%, a R$ 6,3924.
Pela manhã o real apresentava o segundo pior desempenho, enquanto no fim da sessão, a moeda brasileira tinha uma das cinco melhores performances.
No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, apreciava 0,07%, aos 103,037 pontos.
O maior apetite ao risco fez com que investidores migrassem de divisas seguras (iene japonês e franco suíço) para outras moedas mais arriscadas, o que pode explicar a melhora do DXY.
Bolsas de Nova York
Em um dia marcado pela volatilidade nos mercados acionários e turbulência nos Treasuries, as bolsas de Nova York operaram no positivo ou próximas à estabilidade desde o início do pregão.
Após o anúncio de Donald Trump de que os Estados Unidos irão interromper por 90 dias a aplicação das tarifas recíprocas, com exceção à China, as bolsas de Nova York subiram mais de 7%, com o S&P 500 registrando sua maior valorização desde 2008.
No fechamento, o índice Dow Jones subia 7,87%, aos 40.608,45 pontos, enquanto o S&P 500 avançava 9,51%, aos 5.456,80 pontos. O Nasdaq teve a maior valorização do dia, de 12,16%, aos 17.124,97 pontos.
O setor de tecnologia (14,15%) registrava o melhor desempenho nas bolsas desde o início do pregão e disparou após o anúncio de Trump. Dentre os destaques, pode-se mencionar as ações da Tesla (8,59%) e das fabricantes de chips Arm (24,2%) e Nvidia (18,72%).
No setor financeiro (7,59%), os melhores desempenhos foram do J.P. Morgan (7,99%) e do Goldman Sachs (11,82%).
No entanto, na contramão da euforia do mercado, os analistas do Citi apontam que pausar as tarifas recíprocas, excluindo a China, não significa que a economia dos EUA tenha evitado uma desaceleração no crescimento e aumento da inflação, além de que a incerteza no comércio continuará.
“A tarifa base de 10%, as tarifas adicionais de 125% sobre a maioria dos produtos chineses e as tarifas específicas de setores aumentam a taxa efetiva média de tarifa dos EUA em cerca de 21 pontos percentuais em relação ao seu nível no início do ano”, dizem os economistas liderados por Andrew Hollenhorst.
O Citi também continua a esperar que o Federal Reserve corte as taxas de juros em maio ou junho.
Sobre a aplicação das tarifas, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou posteriormente que durante o período de 90 dias, todos os países estarão sujeitos a uma tarifa de 10%.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, acrescentou que as tarifas setoriais, como as de 25% sobre automóveis e aço, também serão de 10% durante esse período.
A volatilidade no início dos negócios, para além da retaliação tarifária da China frente aos Estados Unidos, foi causada por uma turbulência nos Treasuries.
Diante das tensões comerciais, houve uma corrida pela liquidez, na qual a diferença (spread) entre os rendimentos dos títulos públicos e os swaps de juro — o que, no Brasil, costuma ser chamado de “casado” — despencaram, em um movimento que provocou uma venda de Treasuries no mercado secundário como forma de voltar a aumentar o valor entre as duas taxas.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa fecharam em queda nesta quarta-feira, com a escalada nas tensões comerciais. Além disso, até o fechamento das bolsas europeias, a própria União Europeia (UE) havia decidido impor tarifas de 25% sobre produtos americanos, decisão que foi revertida após o recuo de Trump.
No fechamento, o índice Stoxx 600 teve queda de 3,51%, aos 469,84 pontos. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 2,92%, aos 7.679,48 pontos, e o DAX, de Frankfurt, cedeu 3%, aos 19.670,88 pontos. O CAC 40, de Paris, caiu 3,34%, aos 6.863,02 pontos.
Entre as ações, as farmacêuticas estiveram entre as maiores perdas, após o presidente Donald Trump dizer que estava planejando impor tarifas sobre medicamentos importados, que atualmente são isentos. A Novo Nordisk teve queda de 6,93%, a Roche recuou 5,68% e a Novartis cedeu 6,87%.
Na visão do Deutsche Bank, a direção do mercado agora deve depender amplamente de, se, quando e em que magnitude o governo americano pode seguir com a guerra comercial ou diminuir as tensões. Para os analistas, a incerteza em torno dessas questões ainda é muito alta.
“O presidente dos EUA vem há muito tempo destacando a importância de reduzir as ‘práticas comerciais injustas’. Isso deixa, provavelmente, apenas uma pequena chance de que as tarifas anunciadas permaneçam em vigor no longo prazo”,
Por outro lado, ainda é difícil dizer em que escala isso aconteceria, embora o cenário-base do banco seja de que a pressão sobre o governo dos EUA para fechar acordos rapidamente deve continuar a crescer. “A recente correção do mercado deve acrescentar mais pressão”, destacam.
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