Ibovespa cai 1% e retorna aos 125 mil pontos com queda de gigantes; dólar desce a R$ 4,90
Ibovespa e dólar desceram com dados do mercado de trabalho americano e econômicos do Brasil no radar; pauta política também esteve no foco
O Ibovespa, o principal índice de ações da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, fechou em queda, depois de iniciar o pregão em alta. No início desta quarta (6), o Ibovespa bateu mais de 0,5% de valorização e voltou aos 127 mil pontos. Porém, já no início da tarde, o principal índice da bolsa passou para o campo negativo, puxado principalmente pelas gigantes da bolsa.
O mercado repercutiu a apresentação o superávit público, divulgado hoje pelo Banco Central.
Outra pauta importante em discussão é a votação da privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa de São Paulo. A Alesp encerrou na madrugada desta quarta-feira a discussão envolvendo o projeto de lei, que agora vai a votação ainda hoje.
No exterior, destaque para o mercado de trabalho dos EUA, que mostra sinal de arrefecimento e aumenta a percepção de um alívio na política de juros altos para contenção da inflação. Ainda há, na sexta, divulgação do payroll, principal relatório sobre o tema.
Com tudo isso no radar dos investidores, o Ibovespa desceu 1,01%, aos 125.622,65 pontos, perto da mínima do dia.
Dólar hoje
Simultaneamente, a moeda norte-americana apresentou queda em relação ao real. O dólar desceu 0,47%, cotado a R$ 4,90
Assim, o DXY, índice que mede o desempenho do dólar ante outras moedas importantes, descia 0,10%, a 104,15 pontos.
Ações em alta
As ações do grupo Springs, do empresário Josué Gomes, presidente da Fiesp, têm registrado fortes oscilações na bolsa. Desta vez, foi a vez da Coteminas registrou alta sensível na bolsa e ficou entre as maiores altas do dia. Outro destaque positivo do dia foi a Viver, construtora e incorporadora que atua principalmente no nicho de baixa renda.
Veja as cinco empresas com as maiores altas do dia.
- Viver (VIVR3) +14,13%
- Coteminas (CTNM4) +10,95%
- Renova (RNEW4) +7,83%
- JSL (JSLG3) +7,28%
- Tecnisa (TCSA3) +7,25%
Ações em baixa
Por outro lado, a Springs e a Santanense, que também pertencem a Josué Gomes, ficaram entre as maiores quedas do dia. Outra que ficou entre as piores ações do dia foi a construtora e incorporadora PDG.
Veja as cinco ações que tiveram as piores quedas do pregão.
- PDG (PDGR3) -17,27%
- Santanense (CTSA4) -11,30%
- Springs (SGPS3) -11,24%
- Irani (RANI3) -6,97%
- Boa Safra (SOJA3) -6,72%
Os rankings contemplam ações da bolsa todo com volume acima de R$ 1 milhão, pertencentes ou não ao Ibovespa e outros índices. As cotações foram apuradas depois do fechamento, às 18h07, mas podem ter atualizações.
Bolsas mundiais
As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único em dia de volatilidade , com certo impulso de dados mais fracos do emprego dos Estados Unidos e da desaceleração dos rendimentos dos Treasuries, mas com pressão do setor de energia.
O índice Dow Jones caiu 0,22%, aos 36.124,56 pontos, o S&P 500 recuou 0,06%, aos 4.567,18 pontos e o Nasdaq fechou em alta de 0,31%, aos 14.229,91 pontos.
As bolsas da Europa fecharam em alta em meio ao alívio nos juros de títulos públicos, após dados econômicos terem na região terem fornecido novos sinais que sugerem um Banco Central Europeu (BCE) em posição para cortar juros no ano que vem.
Em Londres, o índice FTSE 100 subiu 0,34%, aos 7.515,38 pontos. Em Paris, o índice CAC 40 ganhou 0,66%, aos 7.435,99 pontos. Entre outras praças, o FTSE MIB, de Milão, subiu 0,81%, aos 30.326,29 pontos. O PSI 20, de Lisboa, avançou 0,51%, aos 6.609,90 pontos, enquanto o Ibex 35, de Madri, ganhou 0,19%, a 10.258,10 pontos.
Gigantes caem e puxam Ibovespa para baixo
A queda da bolsa de valores hoje se deu principalmente pelo tombo das maiores empresas da bolsa, que, além do IBOV, compõem o Mid Large (MLCX), índice com as empresas de maior volume.
Entre as quedas, destaque para a Petrobras (PETR4), que desceu mais de 3% por conta da queda de 4% do petróleo.
Entre os bancos, as ações de maior peso, Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), pela ordem, também registraram queda, de até 2%, assim como a Vale (VALE3), que desceu mais de 0,6%.
Resultado do setor público impacta a bolsa de valores hoje
Ao mesmo tempo, os números referentes ao resultado fiscal do governo do mês de outubro afetam o desempenho da bolsa de valores hoje. Os dados foram apresentados nesta quarta pelo Banco Central. O setor público consolidado teve superávit de R$14,8 bilhões em outubro, abaixo da expectativa de R$17 bilhões.
Nesse sentido, o resultado foi inferior ao observado no mesmo período de 2022, quando houve superávit de R$ 27,1 bilhões.
Assim, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) fechou outubro em 60% do PIB, ficando estável frente ao mês anterior. Por outro lado, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) fechou em 74,7% do PIB, elevação de 0,3 p.p. frente ao mês anterior
Em síntese, “o país conseguiu obter um superávit primário mesmo em meio a um ano de gastos significativamente mais elevados, mas que foi demasiadamente tímida para suprimir em magnitude aceitável o avanço da dívida em função do pesado pagamento de juros nominais”, diz Matheus Pizzani, economista.
Exterior também impacta Ibovespa
Dados oficiais do mercado de trabalho nos EUA apontam para um esfriamento da economia. Com isso, o entendimento é que há espaço para encerrar o ciclo de corte dos juros. Nos EUA, ontem, o dado do Jolts mostrou uma criação de vagas bem aquém do esperado, com crescimento de pouco mais de 8,7 mil vagas em outubro.
O setor privado dos Estados Unidos gerou 103 mil vagas de trabalho em novembro, informou nesta quarta-feira, a ADP. Analistas ouvidos pela FactSet previam 120 mil.
No mesmo comunicado, a ADP diz que revisou em baixa a criação de postos de trabalho no mês de outubro, de 113 mil antes informados a 106 mil.
Nesse sentido, “a visão de fim do ciclo de alta também é corroborada por falas mais dovish das autoridades monetárias, tanto nos EUA como na Europa, mesmo entre os membros mais proeminentemente hawkish“, diz a Guide em relatório divulgado esta manhã.
Pagamento de JCP
O mercado repercute as notícias que dão conta de um consenso entre Fazenda e empresários em torno dos juros sobre capital próprio (JCP ). A expectativa é de que o texto restrinja o tipo de ativo a ser contabilizado como JCP e que seja incorporado à MP das subvenções de ICMS, podendo ser apreciado na próxima semana, segundo avaliação do Banco ABC.
Além disso, a instituição financeira destaca as notícias que dão conta de que a Fazenda aceitou retirar da proposta a limitação da dedução a 50% do lucro tributável.
O relator da MP, Luiz Fernando Faria (PSD-MG), disse a jornalistas na terça que deve incluir os ajustes em seu relatório.